quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Amazônia, Biotecnologia e Relações Internacionais


Diogo Otavio Pereira e Silva
Acadêmico do 8º semestre


Os reflexos que a evolução científica e tecnológica exerce nas relações internacionais estão cada vez mais evidentes. Observa-se que os países na vanguarda dos avanços nestes campos possuem grande poder em influenciar os demais através de uma relação, na maioria das vezes, de dependência. No entanto, tão importante para um país quanto produzir ciência e tecnologia é a disponibilidade de recursos naturais para este fim.

A Amazônia detém de 15% a 20% 
de toda a biodiversidade do planeta.
Nesse contexto, a Amazônia se apresenta como o maior potencial natural do mundo contemporâneo dada a sua grande biodiversidade. Segundo documentos do Exército brasileiro, a biodiversidade da região vale mais de US$ 34 trilhões (R$ 70 trilhões) e compõe o maior banco genético do planeta. Desse modo, o potencial de inserção da região amazônica na lógica da evolução científica e tecnológica ocorre através da biotecnologia.

A biotecnologia é a tecnologia baseada na biologia, e segundo a Convenção sobre Diversidade Biológica das Nações Unidas, é o uso do conhecimento sobre os processos biológicos e sobre as propriedades dos seres vivos com o intuito de resolver problemas e criar produtos de utilidade. Assim, são vários os setores influenciados diretamente pela biotecnologia, tais como: o agrícola, o alimentar, o energético, o farmacêutico e o químico.

A bioindústria global movimenta até 
US$ 780 bilhões anuais.
Estes setores possuem indústrias que movimentam entre US$ 470 bilhões e US$ 780 bilhões por ano. Logo, estes índices justificam por eles mesmos o investimento na biotecnologia no Brasil e, em especial, na região amazônica. Segundo Rifkin (1999), a grande indústria do século XXI será a da biotecnologia. Portanto, deixar a Amazônia a margem deste processo certamente acarretaria altos custos ao desenvolvimento do Brasil.

            Neste sentido, foi desenvolvido o Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA), localizado em Manaus. O intuito é desenvolver tecnologias para negócios da bioindústria do país, além de contribuir para o desenvolvimento regional a partir da exploração sustentável da região. Em Belém, também está sediado o Laboratório de Biotecnologia de Plantas da Embrapa, fruto de um convênio com a Agência de Cooperação Internacional do Japão – JICA, cujo enfoque é as pesquisas com as plantas da Amazônia.

Essas iniciativas na Amazônia visam, além de produzir conhecimento, integrar a região na dinâmica da bioindústria global. Afinal, o potencial da biodiversidade amazônica já é reconhecido internacionalmente e aumenta o interesse de empresas estrangeiras na região que, na ausência de empreendimentos nacionais, poderão usufruir dos ganhos proporcionados pela floresta, desenvolver conhecimento em seus países e aumentar a dependência para com nações que ignoram investimentos em ciência e tecnologia.

Referências bibliográficas:

RIFKIN, J. O século da biotecnologia. São Paulo: Makron Books, 1999.

COSTA BARBOSA, Francisco Benedito da.  A biotecnologia e a conservação da biodiversidade amazônica, sua inserção na política ambiental. Cadernos de Ciência & Tecnologia, Brasília, v.18, n.2, p.69-94, maio/ago. 2001.

NAÇÕES UNIDAS. Convenção sobre Diversidade Biológica (artigo 2). 1992.