quinta-feira, 31 de julho de 2014

Globalizando: Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

O PNUMA é uma agência para o ambiente do sistema das Nações Unidas criado em 15 de dezembro de 1972, com o objetivo de coordenar as ações internacionais de proteção ao meio ambiente e de promoção do desenvolvimento sustentável. Para isso, trabalha com grande número de parceiros, incluindo outras entidades das ONU, organizações internacionais, organizações ligadas aos governos nacionais e organizações não governamentais. 


quarta-feira, 30 de julho de 2014

Dia Internacional da Amizade: a dignidade humana como um caminho para o cultivo de relações que construam a paz

Christiane Ramos
Acadêmica do 4° semestre de Relações Internacionais da UNAMA

           

É imprecisa ainda a origem etimológica da palavra amizade. Mas, estima-se que, no Ocidente, ela originou do latim amicus – amigo –, que por sua vez, é derivada da palavra grega amore – amor –. Segundo o dicionário Aurélio, esta palavra significa “sentimento fiel de afeição, estima ou ternura entre pessoas que em geral não são parentes” (AURÉLIO, p. 39, 2001). Deste modo, interpreta-se a amizade como um sentimento de companheirismo, que não necessariamente provem de laços familiares ou de sangue, mas pela simples solidariedade e vínculo humano. O presente texto tem como objetivo tratar como esta data se tornou uma comemoração mundial e a importância dela para um bom entendimento no cenário internacional.

           Segundo BRACHO (2013),                         
“El mundo em que vivimos es um mundo ‘enfermo’, hay amenazas de guerras termonucleares y si esto sobreviene el mundo se acabará. Es notable, el Paraguay está ofreciendo hace 50 años desde allá del Chaco, una receta para hacer algo por este mundo (esto refiriéndose a la causa de fomentar la amistad). No podemos hacer nada por falta de entendimento, no logramos que este Gobierno realmente se interese em hacer triunfar tan buena causa”.
Ramón Artemio Bracho é um médico paraguaio responsável pela primeira iniciativa de instituir um dia especial dedicado à amizade. Chamado de Cruzada Internacional da Amizade, o movimento criado por ele ocorrido em 1958 teve origem em uma vontade do médico em celebrar a amizade entre seus amigos. De modo geral, a “Cruzada” tinha também a intenção de valorizar a amizade entre os Homens, de modo a reatar ou fomentar a cultura da paz, que fora perdida durante o período entre e após as Duas Grandes Guerras.
 Outra série de atividades em prol da comemoração à amizade surgiu na Argentina, com o também médico (cirurgião dentista), professor e músico Enrique Ernesto Febbraro. Com o intuito de uma comemoração mundial em torno da amizade, ele enviou cerca de quatro mil cartas à pessoas de vários países, em homenagem à chegada do homem à Lua (1969). Deste modo, a ideia principal era que se o Homem pôde chegar à Lua, não havia obstáculos terrenos que impossibilitassem a confraternização entre as pessoas do mundo inteiro. Contudo, a instituição da data comemorativa somente foi oficializada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2011. A ONU reconheceu ser pertinente cultivar a pacificidade e aceitação entre os povos para que os Direitos Humanos e civis sejam respeitados e valorizados.
Em contexto internacional não há uma consonância em relação às datas. Muitos países adotam o dia 18 de abril, ou 20 de julho. Outros utilizam a data oficial da ONU – 30 de julho. Há contudo, um aspecto notável que pode ser levado em consideração. Nenhuma das pessoas que lutaram por uma data comemorativa em defesa da amizade estavam ligadas aos Estados. A iniciativa partiu da comunidade civil internacional, ultrapassando as fronteiras abstratas dos países para chegar a um objetivo comum, a paz. No Dia Internacional da Amizade, não se celebra somente os vínculos pessoais mais íntimos, mas se toma a humanidade como um todo. Não desconsidera as diferenças culturais e étnicas entre os povos, mas as valoriza.
Segundo SILVA (2005), “as ideologias dominantes proliferam-se de tal maneira que passam a qualidade de senso comum”. Ou seja, a inimizade e conflitos não são inerentes à vida humana, nem à forma de governo de um Estado. Muitos menos se pode julgar que o sistema internacional seja estruturalmente ou naturalmente anárquico e o conflitos tanto entre seres humanos, quanto entre Estados seja algo natural. A ideologia contribui apenas para manter este pensamento hegemônico. Infelizmente, há quem ainda acredite que culturas diferentes sejam motivos para conflitos, claro, este pensamento está incrustado na sociedade atual. Só há diferenças quando se acredita nelas. Só há motivos para conflitos quando se aceita o discurso da exclusão.


Os homens constroem a cada dia a sua realidade. É importante perceber que cada ser humano possui um grande papel social de cultivo à amizade e entendimento mútuo. A sua própria dignidade depende disto. Assim, espera-se que cada um haja de modo a defender não somente seus interesses pessoais. Mas que trate de manter, em conjunto, a dignidade humana. A realidade é que não há sentimento de amizade sem que os Homens levem uma vida digna. O Estado, as instituições, as teorias, as filosofias não tem razão de existir se não para garantir a dignidade humana. Qualquer objetivo diferente deste é impertinente e indiferente. Por isso, a universalidade é importante. Universalidade não no sentido de uniformização. Mas, a aceitação de todos, independentemente das diferenças. Esta é a verdadeira universalidade.
Para SILVA (2005), Linklater acredita que “a universalidade passa a ter uma forma de responsabilidade de engajamento com outros indivíduos (independente de suas características raciais ou nacionais) em um diálogo aberto sobre assuntos que comprometem seu bem-estar”. Por isso, se o Homem vive em sociedade, ele não é responsável somente por si e por seus entes de sangue, mas também por todos os membros que constituem a comunidade. Assim, qualquer barreira que se ponha entre os Homens, que dificulte o entendimento e inclusão de todos nas discussões internacionais devem ser contestadas. Para a Teoria Crítica, a exclusão não é exatamente inevitável, mas a ação dialógica, que inclui a todos, é a forma mais ética para se chegar a um consenso sobre o que deve ser motivo de exclusão, ou não.
           

          
            Os realistas desconsideram a importância da ação ética no Sistema Internacional (SI), pois, segundo eles, o SI é um sistema de autoajuda, e quem delega sua segurança a segundos ou terceiros, é sinalizado como um incompetente político. Sendo assim, neste mundo conflituoso da tradição realista não há espaço para a cultura da paz, celebração das diferenças, e muito menos para a garantia de uma vida humana digna. Por isso, cabe à comunidade civil internacional transpassar as fronteiras que a prendem aos espaços virtualmente delimitados dos Estados e contribuírem para o desenvolvimento conjunto de todos os povos. Somente tendo conhecimento de sua real importância no cenário internacional, a humanidade caminhará para uma sociedade mais igualitária e amigável.
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                  Referências:
ASSOCIAÇÃO DE JOVENS ONU BRASIL. Dia Internacional da Amizade. <http:ajonu.org/2012/10/17/dia-internacional-da-amizade/>. Acesso em 26/07/2014. Visualizado às 10:14.
COMUNICACIÓN EN PARAGUAY. Conociendo el ideólogo de la semana mundial de la amistad. <http://comunicacionenparaguay.wordpress.com/2009/07/15/conociendo-al-ideologo-de-la-semana-mundial-de-la-amistad. Acesso em 25/07/2014. Visualizado às 13:39.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Aurélio. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
SILVA, Marco Antonio de Menezes. Teoria Crítica em Relações Internacionais. Contexto Internacional. Rio de Janeiro, vol. 27, n° 2, julho/dezembro 2005, pp. 249-289.                                                                                                                                                                    

Globalizando: Dia Internacional da Amizade

O Dia do Amigo é comemorado em várias datas no Brasil, mas é oficialmente comemorado em 20 de julho. É uma data para celebrar a amizade, e é quando as pessoas trocam presentes, se abraçam e declaram sua amizade umas as outras. A data foi criada pelo argentino Enrique Ernesto Febbraro, que com a chegada do homem à lua, enviou cerca de quatro mil cartas para diversos países e idiomas, pois ele considerava a chegada do homem a lua significava que se os homens se unissem, não haveria objetivos impossíveis. 


terça-feira, 29 de julho de 2014

Programa Globalizando

Nesta semana o Programa Globalizando tem como tema "O trabalho doméstico e a Organização Internacional do Trabalho (OIT)". Com a presença da Profº João Pinheiro da Silva Azulay, mestre em Direito Internacional pela Universidad Autonoma de Asuncion, possui licenciatura plena em Geografia pela Universidade Estadual do Maranhão e graduação em Direito  pela Universidade Federal do Pará. Atualmente, é professor da Universidade da Amazônia (Unama) dos cursos de Relações Internacionais e Direito.  

Confira! 

Pensamentos Internacionalistas: O Contrato Social e as Relações entre os Estados

Jean Jacques Rousseau (1712 – 1778) importante filósofo moderno, foi um dos teóricos inspiradores que levou à Revolução Francesa e ao socialismo. Sua maior obra foi “O Contrato Social”, no qual critica a organização social de seu tempo. Possui também textos com reflexões sobre a relações entre os Estados, principalmente sobre a guerra. Dentre eles esboçou também o projeto de constituição para a Polônia. O texto mais conhecido contém seus comentários sobre o projeto de paz perpétua de Abbé de Saint-Pierre.


 “Somente a vontade geral tem possibilidade de dirigir as forças do Estado, segundo o fim de sua instituição, isto é, o bem comum; pois, se a oposição dos interesses particulares tomou necessário o estabelecimento das sociedades, foi a conciliação desses mesmos interesses que a tornou possível”.

ROUSSEAU, Jean Jacques. Do Contrato Social.


Globalizando: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

O PNUD é o órgão da Organização das Nações Unidas conhecido por elaborar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) que tem por mandato promover o desenvolvimento e eliminar a pobreza no mundo. Entre outras atividades, o PNUD produz relatórios e estudos sobre o desenvolvimento humano sustentável e as condições de vida das populações, bem como executa projetos que contribuam para melhorar essas condições de vida, nos 166 países onde possui representação. 


segunda-feira, 28 de julho de 2014

Globalizando: Dia mundial de Combate à Hepatite

O Dia Mundial de Combate à Hepatite é celebrado todos os anos em 28 de julho para informar e sensibilizar a comunidade global sobre a hepatite B e a hepatite C, encorajando prevenção, diagnóstico e tratamento. A data tem sido liderada pela Aliança Mundial das Hepatites desde 2008 e em maio de 2010 a Organização Mundial da Saúde endossou oficialmente a data, que se tornou um de apenas 4 dias relacionados com doenças específicas e que tem um mandato da organização, juntamente com malária, tuberculose e HIV/AIDS. 


A Importância da FAO: Do combate à fome à reestruturação da agricultura familiar

Alessandra Viviane Vasconcelos
Acadêmica do 7° semestre de Relações Internacionais da UNAMA

      O debate sobre a fome nas Relações Internacionais origina com a atuação das Organizações das Nações Unidas (ONU) e de suas principais organizações humanitárias para denunciar a problemática que perpassa as fronteiras territoriais dos países, sendo a responsabilidades de toda a comunidade internacional se unir em pé de igualdade para juntos debaterem políticas e criarem acordos e impulsionar iniciativas estratégicas. É com esse objetivo que surge a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), em 16 de outubro de 1945, com visando liderar os esforços internacionais para irradicação da fome e da Insegurança Alimentar. 
Alberto Garuti, autor da obra “Fome no mundo: um problema sem solução?”, aborda as origens da fome, os conflitos seguidos de seca e ascensão dos preços dos alimentos, ou seja, situações que contrariam a teoria de Thomas Robert Malthus, um pastor anglicano e professor que sustentava um raciocínio que afirmava que a força da população era muito maior que a força da terra para prover a subsistência do homem. No entanto, o problema não está na escassez, e sim em como se dá produção e distribuição alimentos.
Segundo dados da ONU, em seu relatório de 2012, cerca de 870 milhões de pessoas passam fome no mundo, ou seja, aproximadamente uma em cada oito pessoas não possui o que comer. Em contrapartida, a produção de alimentos só tem aumentado. O grande entrave a essa questão internacional está em como se dá a distribuição de alimentos. Ela se concentrando nas mãos de grandes produtores agrícolas. É nesse contexto que se dá o compromisso da FAO no combate à fome e a pobreza, promovendo o desenvolvimento agrícola, a nutrição e a busca da segurança alimentar.


A fome no mundo não é consequência da escassez de alimentos. Teoricamente, o que é produzido hoje seria suficiente para alimentar todos os habitantes do planeta. Sendo assim, por que tantas pessoas passam fome? A resposta vem da Oxfam, uma organização não governamental de origem inglesa que atua em 90 países, inclusive o Brasil - onde está presente há cerca de 50 anos -, e que tem como uma de suas bandeiras o combate à fome e a adoção de políticas públicas que propiciem o aumento da produção de alimentos. Há seis meses, a Oxfam lançou a campanha Cresça (Grow, na língua inglesa). A entidade defende a ideia de que o problema da fome decorre de fatores como a dificuldade no acesso aos alimentos por causa da especulação com os preços e o pouco apoio dado aos pequenos agricultores. Muriel Saragosa, coordenadora de campanhas da Oxfam no Brasil, considera positiva a experiência brasileira de combate à fome e recomenda que seja copiada por outros países. Mas entende que o país poderia avançar ainda mais se o governo reforçasse os programas de apoio à agricultura familiar.
O entrave que se dá hoje no Brasil é histórico e ainda sem solução. A transferência de renda do governo federal, como o Bolsa Família, tenta amenizar essa questão, mas não vai diretamente na base do problema, que está na questão agrária. De acordo com Ciro Eduardo Corrêa, engenheiro agrônomo da Confederação das Cooperativas de Reforma Agrária do Brasil (Concrab) do MST a primeira pergunta que todos fazemos quando se fala em produção de alimentos no Brasil, é: como pode haver fome num país que é uma potência agrícola?

Em primeiro lugar é necessário entender que os problemas estão ligados a duas questões que se complementam e se inter-relacionam: a questão agrária, que diz respeito ao acesso, posse e uso da terra, e a questão agrícola, que envolve as políticas, as técnicas e diversos outros fatores que influenciam na produção propriamente dita. Por causa da estrutura agrária e das políticas agrícolas praticadas, a produção brasileira está muito aquém da produção de outros países com condições naturais semelhantes. O representante da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) no Brasil, Alan Bojanic, afirmou que o Brasil deve continuar entre os principais líderes na produção global alimentos, no entanto está longe de resolver seus conflitos internos.
A situação do pequeno agricultor no Brasil é um dos entraves para o seu próprio crescimento. O fato de não haver uma verdadeira reforma agrária eficaz e o resultado disso tem sido a expulsão da população das áreas rurais, a proletarização dos pequenos produtores, o desemprego crescente e uma permanente tensão no campo, onde a luta pela terra tornou-se o principal movimento social nos anos 1990. Hoje temos inúmeros programas do governo federal que beneficiam o agricultor, mas esbarra em suas implementações precárias e falta de técnicas necessárias. Essa é a linha de ação da FAO junto aos países. A instituição apoia os países em desenvolvimento com a formulação e execução de políticas e projetos de assistência técnica em apoio de programas nas áreas agrícola, alimentar, de desenvolvimento rural, florestal e pesqueira para a cooperação. Dentre os projetos estão FOME ZERO, PRONAF, MAPA.


 A distância entre o discurso e as ações governamentais são inversamente proporcionais à problemática da fome no Brasil, principalmente no campo, onde o trabalho se torna escasso. Tudo está a um passo de ser resolvido com as políticas certas, mas vivencia-se o sistema capitalista, onde rege a política econômica, e principalmente a corrupção e as influências no poder só tendem a perpetuar o entrave de natureza política econômica e social.
Diante dos problemas alimentares no mundo, o pequeno agricultor representa um caminho simples, viável e eficaz para o combate à fome. Por isso, o apoio à agricultura familiar e comunitária deve ser difundida. A FAO formula e incentiva projetos com estes objetivos, permitindo à comunidade internacional uma produção alternativa aos latifundiários que visam à exportação. O resultado disto é uma produção e distribuição de alimentos mais igualitária e justa.


 Referências:
http://www.webartigos.com/artigos/fome-no-mundo-um-problema-sem-solucao/87151/
K:\BLOG\A ONU e a alimentação   ONU Brasil.htm
K:\Revista Radis - número  08 - reportagens.htm
K:\Sistema de produção e distribuição concentrador gera fome, diz especialista  MST - Movimento dos Trabalhadores Sem Terra.htm

CARIONE,MARÍLIA PHILPPI.A fome no contexto internacional: a atuação da ONU e Demais organizações Humanitárias para Atenuar o Problema.Tcc apresentado a disciplina de RI.UNIVALE.ITAJAÌ-2007.
BELIK, SILVATAKAGI, WATER, JOSÉ GRAZIANO E Maya. Politicas de Combate a fome no Brasil.Sao Paulo emperspectiva .2001.
ALENCAR, ALVARO GURGEL. Do conceito Estratégio Alimentar ao Plano de Ação da Fao para combater  a Fome.fevereiro. 2001
  

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Globalizando: Organização Internacional do Trabalho

A Organização Internacional do Trabalho é uma agência multilateral da Organização das Nações Unidas, especializada nas questões do trabalho, especialmente as normas internacionais do trabalho. É composta por 185 estados-membros, em representação tripartida de governos, organizações de empregadores e organizações de trabalhadores. A atuação da organização voltada para os trabalhos domésticos será debatida amanhã, no Programa Globalizando, sintonize na Rádio UNAMA FM 105.5 às 11h.


Mediação de conflitos Nas Relações Internacionais

Paulo Victor Silva Rodrigues
Acadêmico do 7º semestre de Relações Internacionais da UNAMA
           

Os conflitos existem nas mais diversas formas e lugares, protagonizados por diferentes atores. No Sistema Internacional os Estados são os principais, sendo capazes de alterar a balança de poder entre eles, como no caso das duas grandes guerras mundiais. Há também conflitos mais restritos, envolvendo Estados e atores não estatais e, saber como lidar com essas situações é necessário para que se consiga chegar a uma resolução ou ao menos amenizar os danos, evitando que os mesmos se propaguem. Por isso, A mediação de conflitos tem lugar de destaque dentro das Relações Internacionais. 
Considerando-se a Teoria dos Jogos de Dois Níveis, de Robert Putnam, pode-se afirmar que para se trilhar um caminho que leve à paz, ou pelo menos ao abrandamento de um conflito, é necessário se chegar a um tratado negociado igualmente com as duas partes envolvidas, com a intervenção de um negociador-chefe que tenha por objetivo buscar um entendimento que será atrativo para ambos.
Primeiramente, deve-se levar em conta que não é possível chegar a um acordo entre os dois lados se as negociações apenas acontecerem entre os representantes de governo, uma vez que dentro da lógica dos jogos de dois níveis, faz-se necessário uma interação entre a política doméstica com a internacional. Isto é, existem dois estágios no processo: o primeiro, conhecido como nível 1, onde ocorre a barganha entre os negociadores que leva a um acordo provisório; e o nível 2, onde se dão os debates no âmbito doméstico, levando-se em consideração os grupos e as coalizões internas que poderão dar apoio ou não à ratificação do acordo.
Além disso, deve-se identificar o nível em que está o conflito que se busca mediar. São 9 níveis de classificação e, o último deles é quando já chegou-se as vias de fato, ou seja, há confronto direto entre as partes, com a utilização de armas letais e consequente óbitos. Um exemplo disso é o conflito entre Israel e Palestina, o qual tem sua origem há mais de um século e tem se intensificado nos últimos dias, com bombardeios diários, direcionados principalmente à Faixa de Gaza. Portanto, sendo este conflito encaixado no nível mais elevado.
Entretanto, dentro dos Estudos de Segurança Internacional destaca-se que a mídia poderia dificultar a busca por uma resolução, uma vez que acabava divulgando imagens do inimigo que fazia com que conflitos que poderiam ser resolvidos se perpetuassem. Neste contexto, Deutsch sugeriu um “sistema de aviso antecipado” relacionado à comunicação massiva de conflitos interestatais, que detectaria quando a imagem do inimigo estivesse alcançando um nível perigoso. Defendendo, assim, uma cobertura de notícias mais equilibrada, com o objetivo de incentivar a mídia a apoiar formas não violentas de resolução de conflito.
Portanto, a mediação de conflito trata-se de um processo complexo e delicado que envolve várias etapas e esferas, buscando-se um consenso tanto no âmbito da política doméstica quanto na internacional, e de atores não estatais, os quais são capazes de influenciar positiva ou negativamente uma negociação, como no caso da mídia. Ademais, no atual cenário de interdependência complexa que o Sistema Internacional se encontra, buscar a mediação de conflitos é importante por trazer benefícios, pois um cenário sem conflitos oferece menores riscos, atraindo – por exemplo – investimentos e gerando melhorias na economia dos países.

REFERENCIAS
BUZAN, Barry. A evolução dos estudos de segurança internacional.  São Paulo: Ed. Unesp,2012.

PUTNAM, Robert D. Diplomacia e Politica Domestica: a logica dos jogos de dois níveis. Revista de sociologia e politica. V.18, n.36: 147-174. Jun,2010.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Pensamentos Internacionalistas: Kant e a Paz Perpétua

Immanuel Kant (1724 – 1804) foi um filósofo, iluminista, alemão cujas contribuições teóricas sustentaram o paradigma idealista das Relações Internacionais. Uma de suas obras mais relevantes, foi escrita em 1795, “À Paz Perpétua”.
           Nesta obra o autor retratou a paz como um elemento fora do estado natural, que nasce principalmente tendo a educação como fio condutor para a mudança de atitudes das pessoas. Contudo, a paz perpetua só existiria com a criação de leis internacionais, baseadas nas liberdades individuais dos Estados, e sempre respeitariam a soberania destes.


 “Se existe um dever e, ao mesmo tempo, uma esperança fundada de tornar efectivo o estado de um direito público, ainda que apenas numa aproximação que progride até ao infinito, então a paz perpétua, que se segue aos até agora falsamente chamados tratados de paz (na realidade, armistícios), não é uma ideia vazia, mas uma tarefa que, a pouco e pouco resolvida, se aproxima constantemente do seu fim (pois é de esperar que os tempos em que se produzem semelhantes progressos se tornem cada vez mais curtos)”.
KANT. Immanuel. A paz perpétua.



Globalizando: Fundo das Nações Unidas para a Infância

O UNICEF é um órgão das Nações Unidas que tem como objetivo promover a defesa dos direitos das crianças, ajudar a dar resposta às suas necessidades e contribuir para o seu desenvolvimento. O UNICEF rege-se pela Convenção sobre os Direitos da Criança e trabalha para que esses direitos se convertam em princípios éticos permanentes e em códigos de conduta internacionais para as crianças. Desde 1950, o UNICEF trabalha no Brasil, em parceria com governos, sociedade civil, grupos religiosos, entre outros, incluindo outras agências das Nações Unidas, para defender os direitos de meninas e meninos brasileiros. 


quarta-feira, 23 de julho de 2014

Teoria Pós – Moderna

Kellimeire Campos
Acadêmica do 7° semestre de Relações Internacionais da UNAMA


Nas últimas semanas perpassamos pelas mais variadas teorias que podem ser utilizadas na análise dos fatos que ocorrem no Sistema Internacional (SI) e que são encontradas no estudo das Relações Internacionais (RI). As separamos em positivistas e pós-positivistas, tendo a virada linguística como contribuição para essa nova articulação.
A virada linguística modificou o modo com que se pensava, formulava e eram estudadas as ciências sociais e humanas, trazendo para RI teorias fundamentadas em novos questionamentos sobre as ações dos Estados, sobre a real importância do discurso nessa dinâmica, sobre quais seriam os atores (ou agentes) no SI, e em críticas às mainstream da área.
Neste texto tratarei da teoria que nos estimula a questionar muitas das repostas que nos sãos dadas sobre os fatos internacionais, de como elas são construídas e do processo de naturalização empregado nos discursos.
Desde já, considerando complexa a tarefa de explicitar seus principais preceitos, este texto pretende ser um estímulo a um estudo mais profundo da teoria pós-moderna.
Seu teórico mais influente, Michel Foucault, não foca suas pesquisas nas RI e nem se propôs a escrever sobre o assunto. Mas o filósofo francês, com suas obras interdisciplinares, discutiu as relações de poder, trazendo uma nova maneira de olhar a dinâmica mundial.
Algumas de suas principais fontes foram as ideias de Nietzsche, de que a civilização ocidental segue uma moralidade judaico-cristã e na ideia de que o iluminismo trouxe a racionalidade como principal pilar da ciência moderna, criando uma forma de dominação: Saber-poder.
A criação de verdades está presente no saber-poder, pois não há relação de saber sem constituição correlata de um campo de saber, nem saber que não suponha e não constitua ao mesmo tempo relações de poder. As pesquisas de Foucault demonstram que nossas verdades, além de estarem relacionadas com vontades de um determinado período histórico, sendo assim fabricadas, são frágeis e provisórias.
Foucault elaborou o conceito de Biopolítica, um poder exercido sobre a vida das pessoas, que é analisado sobre a microfísica do poder “Investigação dos procedimentos técnicos de poder que realizam um controle detalhado, minucioso do corpo – gestos, atitudes, comportamentos, hábitos, discursos.” (FOUCAULT, 1979)
Diferente dos teóricos positivistas das RI, Foucault trata o Poder não como algo material, mas sim como algo que se exerce a partir de um feixe de relações entre as pessoas. Logo, os Estados não detêm o poder, mas o exercem sobre sua população através de sua dominação discursiva: subjetivando e objetivando; e do poder disciplinar.
Chega-se a mais um conceito de Michel Foucault, o de governamentalidade:
“O conjunto constituído pelas instituições, procedimentos, análises e reflexões, cálculos e táticas que permitem exercer esta forma bastante específica e complexa de poder, que tem por alvo a população, por forma principal de saber a economia política e por instrumentos técnicos e essenciais os dispositivos de segurança”. (FOUCAULT, 1979, p. 293)



Em sua obra Vigiar e Punir ele desenvolveu sua analítica de poder, tendo como centro o dispositivo panóptico, “um dispositivo de poder disciplinar na qual a vigilância regrada e permanente constitui o princípio geral de uma anatomia política cujo o objetivo e a finalidade são as relações de disciplina.”(YAZBEK, 2013, p.114) Apesar de na obra o panóptico ser utilizado nos presídios, Foucault reflete que este tipo de dispositivo de poder também visto em escolas, hospitais, fábricas e em qualquer outra instituição, criando uma sociedade disciplinar.
Como teóricos pós-modernos de RI, Robert Walker é um dos mais estudados. Sua principal crítica, as teorias positivistas, é fundamentada na apresentação da esfera doméstica da política como um domínio do progresso e da ética. E a esfera internacional é descrita como um ambiente anárquico, sem progresso e sem valores. Assim o âmbito internacional se torna condenado à repetição dos erros, sem evolução. Assim, Walker demonstra que as teorias de RI nasceram e sobreviveram de dicotomias e exclusões.
Partindo principalmente da analítica de Poder de Foucault, Robert Walker, Ashley, Shapiro, Der Derian e Campbell são autores internacionalistas pós-modernos, que se recusaram a pressupor a existência a priori de realidades, agentes e interesses e apontam para autonomia da linguagem na construção social da realidade, destacando às formas pelas quais estruturas, agentes e identidades são construídos dentro das práticas discursivas (RESENDE, 2010).





Referências
RESENDE, Erica Simone Almeida. SENHORAS, Elói Martins; CAMARGO, Julia Faria (orgs). A crítica pós-moderna/pós-estruturalista. Boa Vista: Editora da UFRR, 2010.
YAZBEK, André Constantino. 10 Lições Sobre Foucault. 4 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.
FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder. 22 ed. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979.
FOUCAULT, Michel. Segurança, Território e População. 1 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2008.






Globalizando: Organização Mundial da Saúde

A OMS é uma agência especializada em saúde, fundada em 7 de abril de 1948 e subordinada à Organização das Nações Unidas. Sua sede é em Genebra, na Suíça. A OMS tem sua origem nas guerras do fim do século XIX, após a Primeira Guerra Mundial, a Sociedade das Nações criou seu comitê de higiene, que foi o embrião da OMS. Segundo sua constituição, a OMS tem por objetivo desenvolver ao máximo possível o nível de saúde de todos os povos. A proposta de criação da OMS foi de autoria dos delegados do Brasil, que propuseram o estabelecimento de um organismo internacional de saúde pública de alcance mundial, desde então, Brasil e a OMS desenvolvem intensa cooperação. 


terça-feira, 22 de julho de 2014

Programa Globalizando

Nesta semana, o Programa Globalizando esta falando sobre o Dia Internacional Nelson Mandela, que ocorreu no dia 18 de julho. Com a presença da Profº Jerônimo Silva, que é professor adjunto de História da Universidade da Amazônia (Unama), licenciado e bacharel em História, especialista em História Social da Amazônia, formado pela Universidade Federal do Pará (UFPA), mestre em comunicação, linguagem e cultura pela Unama e realiza estudos de doutoramento em antropologia pela UFPA.

Confira!



Globalizando: Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

A UNESCO foi fundada em 16 de Novembro de 1945 com o objetivo de contribuir para a paz e segurança no mundo mediante a educação, a ciência, a cultura e as comunicações. Seu principal objetivo é reduzir o analfabetismo no mundo. O financiamento da formação de professores é uma das atividades mais antigas da UNESCO, além da criação de escolas em áreas de refugiados. A UNESCO criou o World Heritage Centre para coordenar a preservação e a restauração dos patrimônios históricos da humanidade, com atuação em 112 países. 


segunda-feira, 21 de julho de 2014

Globalizando: Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura

A FAO é uma organização das Nações Unidas cujo objetivo é aumentar a capacidade da comunidade internacional para, de forma eficaz e coordenada, promover o suporte adequado e sustentável para a Segurança Alimentar e Nutrição global. A FAO promove investimentos, conhecimento e informação na agricultura e áreas relacionadas, além de contribuir para o aperfeiçoamento da produção agrícola e da criação de gado e a transferência de tecnologia aos países em desenvolvimento.  


Teoria Crítica

Ana Carolinne Barata
Acadêmica do 7º semestre de Relações Internacionais da Unama
Usada pela primeira vez pelo filósofo Max Horkheimer, em 1937, o termo Teoria Crítica, ligava-se à reunificação do conhecimento e da ética, campos que passaram a ser a base de estudos da Escola de Frankfurt, onde a teoria ganhou força e se aprofundou nos estudos de Jurgen Habermas, Herbert Marcuse e Walter Benjamin. O principal foco de análise destes filósofos estava diretamente ligado a um projeto de emancipação das camadas dominadas.
Amplamente influenciados pelas ideias de emancipação de Kant e Marx, os filósofos buscavam uma visão normativa da teoria baseada em modelos de conhecimento, como defende Habermas, ao definir três diferentes modelos - de conhecimento - que questionam o produto de valores emanados do poder do Estado, especialmente o modelo de ciências críticas, que analisa a liberdade das estruturas sociais oprimidas. O filósofo também defende que a ação comunicativa gera a reciprocidade entre os indivíduos, descrito no seu conceito de “ação dialógica”, termo que serve de referência para os atuais teóricos de Teoria Critica, especialmente na análise cosmopolita das Relações Internacionais.


No campo das Relações Internacionais, a Teoria Crítica vem como uma perspectiva pós-positivista da área, baseadas nos preceitos dos já citados filósofos, cuja ideia principal é a busca da liberdade das sociedades, que sofrem com diversos tipos de dominação. Esta emancipação da sociedade é tida como produto do conhecimento, o que leva a crer que a mesma seja vista como uma teoria pós-marxista, como defendem alguns autores.
Os principais defensores da teoria dentro das Relações Internacionais são Robert Cox e Andrew Linklater que buscam a superação da dominação do Estado a partir do entrelaçamento entre a sociedade (investigação das estruturas sociais) e o conhecimento (construção da história).
Para Cox, a Teoria Critica é tida como um projeto metateorético, pois ao defender o declínio das ordens dominantes, deve-se partir da critica política e social que estão inseridas no processo histórico da humanidade. O teórico também sustenta que há caminhos alternativos que podem levar a emancipação social. 


Já Linklater, seguidor de Habermas, trás também a ideia de construção social a partir do conhecimento e da ética universal, os quais levam os excluídos sociais a alcançarem o status quo. Esta ideia caracteriza seu projeto de extensão da comunidade para além do Estado-Nação, a qual acredita-se funcionar quando hajam normas que sejam imparciais e universais.
Desta forma, uma importante aplicabilidade da teoria no estudo das Relações Internacionais é sobre as Organizações Internacionais, onde nações se juntam para chegarem a acordos a partir de normas universais, mas que, no entanto, as sociedades de menor poder político-econômico, passam a ser excluídas pelas hegemonias. Um exemplo claro disto, é o que vem ocorrendo na Organização Mundial do Comércio (OMC).
Assim, a Teoria Crítica busca defender o aumento da autodeterminação dessas sociedades, validando a ética universal e, consequente emancipação das sociedades socialmente excluídas.


REFERÊNCIAS

SARFATI, Gilberto. Teorias das Relações Internacionais. São Paulo: Saraiva, 2005.
SILVA, Guilherme A.; GONÇALVES, Williams. Dicionário de relações internacionais. Barueri, SP: Manole, 2010.
 CASTRO, Thales. Teorias das Relações Internacionais. Brasília. Ed. FUNAG, 2012.