quarta-feira, 2 de julho de 2014

O Realismo Moderno


Taís Hikari
Acadêmica do 3° semestre de relações internacionais

O Realismo Moderno tem como seus principais autores Edward Carr e Hans Morgenthau. Estes teóricos interligam seus postulados com as premissas do realismo Clássico, sendo este pilar de sustentação da vertente moderna da tradição realista.
 Primeiramente, Edward Carr é conhecido pela obra “Vinte anos de Crise”, na qual apresentou o Estado como o único ator relevante nas relações internacionais. Além disso, enfatiza o poder como um fator motivador das ações desse ator. Observa-se, no livro, que o Estado representa o objeto principal no cenário internacional, definindo-o como um ator unitário e soberano. Defende a importância da política externa para o Estado e seus interesses nacionais, pondo-os acima de tudo, o que vai gerar divergências, pois cada Estado defende seu próprio interesse.

Carr se assemelha a Maquiavel quando acredita que o poder importa mais que o direito internacional e que a ética é irrelevante, já que esta não possui qualquer serventia para o Estado que quiser se manter no SI. Os atores mais fortes e mais bem preparados são aptos a se manter no sistema. Define vários tipos de poderes, destacando, entre eles, o poder militar, conhecido como high Politics (percebe-se que para os realistas o poder militar tem uma grande importância). O poder econômico e o poder sobre a opinião pública não são descartados, mas são definidos como low politics, ou seja, assuntos que possuem menos relevância na agenda internacional.
 Este autor abriu o primeiro debate nas RI (realismo x idealismo). Ambos querem evitar a guerra. Contudo, observam o mundo de diferentes formas. O realismo enxerga o mundo como ele é.  O idealismo o vislumbra como deveria ser.
Outro autor importante do realismo moderno é Hans Morgenthau, conhecido pelo seu livro “Política entre as nações”. Responsável por dar consistência ao realismo como abordagem teórica introduziu o termo “Equilíbrio de Poder” nos estudos de RI, sendo esta a forma de alcançar a segurança internacional. Para os realistas, o cenário internacional é anárquico, ou seja, não há existência de uma autoridade além dos Estados que os governariam.
As unidades nacionais sempre procuram aumentar seus poderes, construindo assim, um ambiente de incertezas parecido com o estado de natureza de Hobbes. Esse estado de natureza é um dos princípios que Hans Morgenthau defende em seu livro, tendo em seguida os interesses definidos em termos de poder. Devido os Estados serem unidades básicas e racionais, terão seus interesses definidos pelas capacidades do ator.
O conceito de poder sempre existiu e é universalmente definido. Morgenthau argumenta sobre a separação entre os princípios morais e as ações políticas. Os princípios morais estão sempre subordinados as ações políticas. Estes princípios morais são particulares. Cada nação terá os seus princípios próprios e procurará provar que seu ponto de vista é melhor, podendo não ser verdade. E por fim, a autonomia da política internacional diante das questões econômicas ou de direito. A administração de uma unidade nacional possui suas próprias lógicas e leis.
No realismo moderno existe uma ênfase conferida à dimensão do poder tanto para os autores citados quanto para os autores do realismo clássico. Tal poder é relevante para a sobrevivência do Estado em um cenário hobbesiano. Ele é também necessário para defender o interesse nacional. Tanto Morgenthau quanto Carr trabalham levando em consideração o papel do poder na política externa, nos seus limites e fundamentos, demonstrando a grande importância deste para o realismo moderno.


Referencias:
CARR, Edward H. Vinte Anos de Crise: 1919-1939 – uma introdução aos estudos das Relações Internacionais. Brasília, DF, UNB, 1981.
MORGUENTHAU, Hans J. A política entre as nações: a luta pelo poder e pela paz. Brasília, DF, UNB.

Nenhum comentário:

Postar um comentário