sexta-feira, 25 de julho de 2014

Mediação de conflitos Nas Relações Internacionais

Paulo Victor Silva Rodrigues
Acadêmico do 7º semestre de Relações Internacionais da UNAMA
           

Os conflitos existem nas mais diversas formas e lugares, protagonizados por diferentes atores. No Sistema Internacional os Estados são os principais, sendo capazes de alterar a balança de poder entre eles, como no caso das duas grandes guerras mundiais. Há também conflitos mais restritos, envolvendo Estados e atores não estatais e, saber como lidar com essas situações é necessário para que se consiga chegar a uma resolução ou ao menos amenizar os danos, evitando que os mesmos se propaguem. Por isso, A mediação de conflitos tem lugar de destaque dentro das Relações Internacionais. 
Considerando-se a Teoria dos Jogos de Dois Níveis, de Robert Putnam, pode-se afirmar que para se trilhar um caminho que leve à paz, ou pelo menos ao abrandamento de um conflito, é necessário se chegar a um tratado negociado igualmente com as duas partes envolvidas, com a intervenção de um negociador-chefe que tenha por objetivo buscar um entendimento que será atrativo para ambos.
Primeiramente, deve-se levar em conta que não é possível chegar a um acordo entre os dois lados se as negociações apenas acontecerem entre os representantes de governo, uma vez que dentro da lógica dos jogos de dois níveis, faz-se necessário uma interação entre a política doméstica com a internacional. Isto é, existem dois estágios no processo: o primeiro, conhecido como nível 1, onde ocorre a barganha entre os negociadores que leva a um acordo provisório; e o nível 2, onde se dão os debates no âmbito doméstico, levando-se em consideração os grupos e as coalizões internas que poderão dar apoio ou não à ratificação do acordo.
Além disso, deve-se identificar o nível em que está o conflito que se busca mediar. São 9 níveis de classificação e, o último deles é quando já chegou-se as vias de fato, ou seja, há confronto direto entre as partes, com a utilização de armas letais e consequente óbitos. Um exemplo disso é o conflito entre Israel e Palestina, o qual tem sua origem há mais de um século e tem se intensificado nos últimos dias, com bombardeios diários, direcionados principalmente à Faixa de Gaza. Portanto, sendo este conflito encaixado no nível mais elevado.
Entretanto, dentro dos Estudos de Segurança Internacional destaca-se que a mídia poderia dificultar a busca por uma resolução, uma vez que acabava divulgando imagens do inimigo que fazia com que conflitos que poderiam ser resolvidos se perpetuassem. Neste contexto, Deutsch sugeriu um “sistema de aviso antecipado” relacionado à comunicação massiva de conflitos interestatais, que detectaria quando a imagem do inimigo estivesse alcançando um nível perigoso. Defendendo, assim, uma cobertura de notícias mais equilibrada, com o objetivo de incentivar a mídia a apoiar formas não violentas de resolução de conflito.
Portanto, a mediação de conflito trata-se de um processo complexo e delicado que envolve várias etapas e esferas, buscando-se um consenso tanto no âmbito da política doméstica quanto na internacional, e de atores não estatais, os quais são capazes de influenciar positiva ou negativamente uma negociação, como no caso da mídia. Ademais, no atual cenário de interdependência complexa que o Sistema Internacional se encontra, buscar a mediação de conflitos é importante por trazer benefícios, pois um cenário sem conflitos oferece menores riscos, atraindo – por exemplo – investimentos e gerando melhorias na economia dos países.

REFERENCIAS
BUZAN, Barry. A evolução dos estudos de segurança internacional.  São Paulo: Ed. Unesp,2012.

PUTNAM, Robert D. Diplomacia e Politica Domestica: a logica dos jogos de dois níveis. Revista de sociologia e politica. V.18, n.36: 147-174. Jun,2010.

Nenhum comentário:

Postar um comentário