Acadêmica do 8º Semestre
Com 303 delegados no colégio eleitoral, o presidente Barack Obama continuará a governar os Estados Unidos pelos próximos quatro anos. Euforias e lágrimas à parte, o presidente terá desafios duros pela frente, tanto na seara interna quanto internacional.
Obama
se reelege para mais 4 anos de governo
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O primeiro deles é a recuperação da economia
norte-americana. Este foi o principal fator que tornou a campanha eleitoral
deste ano tão acirrada e as respostas do presidente à crise dividem opiniões.
Um tema central no debate econômico é a formatação do Estado: Obama busca um
Estado de Bem-Estar Social, seguindo os modelos desenvolvidos na Europa. Se os
próximos quatro anos apresentarem um mínimo de semelhança com os últimos anos
de governo, nas próximas eleições será mais difícil para os candidatos
favoráveis a uma mínima intervenção estatal provar seu ponto.
A grande questão para o governo serão as reduções
automáticas no orçamento federal, frutos do acordo de 2011. A discussão
relativa ao teto da dívida tornará a voltar para as manchetes internacionais.
Paralelamente, o fim das reduções de impostos (ainda remanescentes da Era Bush)
trará um aumento indesejado em pleno (e lento) processo de recuperação da
economia. Conjugadas, as medidas levarão
o país a uma recessão no início do ano que vem.
Esses cenários são projetados diante de uma perspectiva de continuidade
nos impasses dentro do Congresso.
Justamente a divisão dentro do Congresso americano é
outro desafio. Segundo as projeções dos noticiários americanos, os republicanos
devem manter a maioria na Câmara – enquanto os democratas se saem vitoriosos no
Senado. Isso significa que Obama governará sem maioria e terá necessariamente
que convencer republicanos (e democratas!) a chegar a um acordo para evitar as
consequências nefastas de um impasse interno.
Em entrevista ao portal de notícias G1, o professor
Oliver Stuenkel, da FGV, declarou que:
"Agora temos um governo paralisado porque o Obama
precisa do apoio do Congresso para passar grandes reformas, terá grande
dificuldade de obter esse apoio. Podemos dizer que a situação piorou um pouco
porque estamos em um processo de radicalização ideológica em ambos os partidos,
e é cada vez mais difícil para os candidatos moderados se elegerem"
A rede de notícias CNN aponta que a China demonstrou
certo alívio com a reeleição do presidente: economicamente, isso significaria
uma continuidade nas relações entre os países. Os desencontros permanecem em
temas como a presença dos EUA na Ásia, a Coreia do Norte e o Oriente Médio, por
exemplo. Para o professor Stuenkel, o crescimento do país e o tamanho de sua
economia fazem com que a relação dos EUA com a China seja mais “delicada” em
comparação a outras regiões.
Em termos geopolíticos, a questão-chave continua a
ser o Oriente Médio – ator protagonista no último debate presidencial antes das
eleições. Em comparação a Romney, Obama é uma pedra no sapato nos interesses de
Israel, que busca o aval americano para uma ofensiva contra o Irã. O atual
presidente ainda insiste nas sanções e demonstra alguma esperança no diálogo
(de que maneira isso ocorrerá, é outra história).
Em relação aos interesses brasileiros, acredita-se
que pouca coisa irá mudar. O governo
democrata tem dado pouca atenção à América Latina, em comparação a outras
regiões do globo. Isso pode significar menos intervenções e maior liberdade
para que a região siga seu próprio caminho ou obstruções aos interesses
imediatos brasileiros (a exemplo das vagas permanentes do CS da ONU). A Folha
de São Paulo aponta a posição manifestada pelo governo brasileiro:
“O governo Dilma avalia que o resultado da eleição
norte-americana, de forma prática, não afeta aquilo que mais interessa ao
Brasil: as relações comerciais entre os dois países. A presidente torceu pelo
democrata Barack Obama, apesar de enxergar pontos positivos no republicano Mitt
Romney por ele ser menos protecionista.”
As projeções acima são claramente fundamentadas em
tendências observadas nos últimos quatro anos e nas propostas de governo do
presidente. Há projeções de políticas muito mais significativas nesse segundo
mandato. A vitória de Obama, no entanto, foi apertada, muito em razão de as
expectativas que o povo americano nutria de seu governo não haverem se concretizado.
O “Yes, we can” se tornou “Forward” e o otimismo e euforia das
eleições de 2008 restou obscurecido pelas consequências diretas da crise
financeira.
Sobre o futuro, a teoria dos jogos deixa uma lição
importante: o resultado da decisão de um ator depende dos movimentos dos demais
atores. E enquanto algumas estratégias podem ser previsíveis, outras são um
tanto nebulosas até que sejam postas em prática.
REFERÊNCIAS
CRUZ, Valdo. Para
Brasil, decisão nos EUA não altera relação comercial. Folha de São Paulo, 07 nov. 2012. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/mundo/1181493-para-brasil-decisao-nos-eua-nao-altera-relacao-comercial.shtml>.
Acesso em: 07 nov. 2012.
MORENO,
Ana Carolina. China será a relação externa
mais delicada para Obama, diz professor. G1, 07 nov. 2012. Disponível
em: <http://g1.globo.com/mundo/eleicoes-nos-eua/2012/noticia/2012/11/china-sera-relacao-externa-mais-delicada-para-obama-diz-professor.html>.
Acesso em: 07 nov. 2012.
STOKES, Bruce. Obama has a mandate. Sort of. CNN, 07 nov. 2012. Disponível em: < http://globalpublicsquare.blogs.cnn.com/2012/11/07/obama-has-a-mandate-sort-of/>. Acesso em: 07 nov. 2012.
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