sábado, 23 de agosto de 2014

O Folclore Nacional

Subina Ramos
Acadêmica do 4º Semestre de Relações Internacionais da Unama


A estrutura formada numa consolidação social tem consistência nos conceitos de padronização da cultura de um país, face ao contexto histórico constituinte. O folclore é assim, o resultado da formação de diversificados valores, que se manifestam em lendas, mitos, provérbios, danças, superstições, artes conjuntos urbanos, sítios de valor histórico, paisagístico e costumes.  De origem inglesa o folclore é uma junção das palavras: folk que significa povo e lore que significa conhecimento, denotando à conceptualização de sabedoria popular.
Esta é uma representatividade que se naturaliza, pela força com que é agregada, e pelas repostas que favorecem aos distintos anseios. Considerado também um instrumento imaterial, apesar dos componentes serem de uma origem desconhecida, apresenta grande importância à identidade de um povo ou de uma nação. A sua extraordinária manifestação, vem desde a construção de misteriosas e sobrenaturais criaturas, até a influência no espírito da aceitação tanto quanto da negação.
A estima folclórica é a história construída pelas aspirações de medo e esperanças, caraterístico de um padrão intangível. O ponto crucial, nada mais seria a extensa riqueza expressiva que sustenta a esteira do ser social como formador cultural, possibilitando o enquadramento sócio-econômico.
Portanto, o legado folclórico é uma fonte da filosofia de viver, por acreditar, preservar e dar vitalidade a uma tradição.  Este fato tem uma série de características próprias, como o anonimato, a aceitação coletiva, que o povo aceita tornando como seu, modifica-o e transforma-o, dando origem a inúmeras variantes. Assim, uma história é contada de várias maneiras, acontecimentos são alterados e como o próprio povo diz: "Quem conta um conto acrescenta um ponto". A mesma coisa acontece com as danças, os teatros e a técnica em que tudo pode ser modificado por não ter regulamento.
Ciente da complexidade que envolvia a definição desse manifesto cultural e a necessidade de sua proteção, a UNESCO tem desempenhado nos últimos tempos, a formalização e consolidação de meios que proporcionarão o reconhecimento de que, as obras-primas enraizadas por um povo devem ser perpetuadas através de celebrações em nome da preservação.
Por esta razão, o Brasil se posicionou nesta causa preservativa, ao estipular uma data específica para a comemoração dos desígnios formais dos elementos folclóricos. Desta maneira o dia 22 de Agosto, denota a um Brasil tradicional com formações populares, originárias da tentativa de dar respostas aos fatos científicos que não sabiam explicar, ou simplesmente para assustar as crianças, como o “bicho-papão”, por exemplo.
Tendo em conta a pluralidade na origem do povo brasileiro, a transmissão de crenças se deu em largas escalas. O “gingado” produzido pelo batuque do povo africano, manifestou-se em festejo do carnaval, uma festa graciosa feita de projeções de cores, música, encenações e criatividade. O Índio transmitiu para os ensinamentos o seu saber ligado à natureza e o Luso, incrementou desde a época colonial, a celebração da festa dos reis. Esse é o Brasil, o dono de uma fortuna ímpar que certamente se espalha para o mundo fora.
A forte preocupação é com a ênfase no desenvolvimento científico e tecnológico, vivenciado logo o final do século XIX, que transformou rapidamente os costumes, valores, gostos, comportamentos dos habitantes de todo o planeta, independente de sua cultura, onde a velocidade das mudanças tende a ser maior, nada mais seria nos hábitos, ou melhor, na percepção analítica para a escolha do “fazer” e do “não fazer”. Por conseguinte, deve se levar em consideração a chamada de atenção para a análise crítica, de como o sistema articulado na mídia, leva ao consumo complexo em respeito ao efeito globalizante, um aspecto de cultura global na dinâmica da ideologia neoliberal.
 Folclore e globalização realmente dá um bom debate. Vamos debater?

Referências:
TONI, F. (1985). As Cadernetas da Missão de Pesquisas Folclóricas. In: Missão                      de Pesquisas Folclóricas: Cadernetas de Campo. São Paulo, CCSP, 2011.
OLIVEIRA, Lúcia Lippi. Cultura é Patrimônio – Um Guia. Rio de Janeiro: FGV, 2008.
OLIVEIRA, Roberto Cardoso de. Identidade, etnia e estrutura social. São Paulo: Perspectiva, 1976.
OLIVEIRA, Roberto Cardoso de. Sobre o pensamento antropológico. Rio de Janeiro-Brasília: Tempo Brasileiro-CNPq, 1988.
SEGATO, Rita. Folclore e cultura popular – uma discussão conceitual. Seminário folclore e cultura popular. Série Encontros e Estudos 1, MINC-IBAC, p. 13-21, 1992

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é folclore. São Paulo: Brasiliense, 1982.

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