domingo, 1 de junho de 2014

Se fumar é infrigir leis, eu luto por um espaço limpo

Márcia Andrade
Acadêmica do 7º Semestre de Relações Internacionais da UNAMA




O conceito de tabagismo há mais uma década, saiu da antiga concepção de ser um hábito, um charme social ou uma forma de enfrentar o estresse do dia a dia. Hoje sabemos que o tabagismo é uma doença de dependência de nicotina, passando por diversos fatores de natureza psicológica que podem dificultar a luta em parar de fumar.
 Em uma resolução, datada de maio de 1995, a Assembleia Mundial da Saúde mencionou pela primeira vez a possibilidade de elaborar um tratado internacional como estratégia na luta antitabagista, ao chegarem ao reconhecimento de que se tratava de uma pandemia com graves danos sanitários, sociais e econômicos decorrentes do uso do tabaco.
Dessa forma, em 2005, após a fase de assinatura de 168 países e, noventa dias após a quadragésima ratificação, a Convenção Quadro Contra o Tabagismo (CQCT) entrou em vigor. A partir de então, começou a contagem do tempo para a atuação das estratégias adotadas sobre o consumo do tabaco e, por esta via, sobre a produção, ou seja, possíveis soluções ao problema.
Nesse último dia 31, foi lembrado como anda o suposto direito individual “para fumar” em contraposição um direito fundamental de “não fumar”, assinada na CQCT pelo Brasil em 16 de junho de 2003 e pensar em algumas considerações sobre o problema do tabagismo, se final, ele seria uma decisão pessoal ou social.
Mesmo sabendo sobre leis contra o fumo e todos os perigos que há em ser um fumante, existem pessoas que continuam praticando este hábito que pode causar doenças graves e, em alguns casos, levar à morte. Fumar se tornou um vício para muitas pessoas e essas enfrentam muitas dificuldades quando decidem parar de fumar, pois os efeitos que a abstinência causa no organismo são fortes, e ainda existem aqueles que não têm esse hábito, mas que por convivência, ou por coincidência, são fumantes passivos, pessoas que não fumam diretamente, mas inalam a fumaça e os gases que saem do cigarro através de outras pessoas.
É bom entender que, o cigarro, quando libera seus gases e fumaça, contém substâncias consideradas irritativas e cancerígenas, como nicotina, alcatrão, benzina, monóxido de carbono e amônia que podem causar consequências terríveis.
Isso nos alerta que cigarro traz consequências não somente a quem fuma, mas também para quem convive com fumantes. Os danos do tabaco, no entanto, não se restringem ao uso. De acordo com o INCA (Instituto Nacional do Câncer), ao longo da cadeia de produção o meio ambiente também é afetado.
Quem paga a conta? O cigarro custa muito pouco para o fumante, mas gera prejuízos muitos altos para os cofres públicos. Estima-se que cerca de 8% dos gastos com internação e quimioterapia no Sistema Único de Saúde (SUS) são atribuídos às doenças relacionadas ao consumo de tabaco.
Qualquer investimento para controlar o tabagismo é muito menor do que o custo do tratamento das doenças relacionadas a ele. Investir em prevenção e conscientizar a população de fumantes, portanto, são caminhos a serem seguidos, para evitar o consumo, principalmente pelos mais jovens.  Quase 90% dos fumantes regulares começam a fumar antes dos 18 anos. O dado leva a Organização Mundial da Saúde (OMS) a considerar o tabagismo uma doença pediátrica. Daí a importância de ações voltadas para este público.
Por outro lado, a indústria do fumo continua muito bem. O faturamento do setor, segundo estimativa da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afulra), O  Brasil é o segundo maior produtor de tabaco do mundo com a Indústria de tabaco movimentando R$ 16 bilhões por ano.
Isso significa que, apesar das restrições, as estratégias utilizadas pela indústria do tabaco têm conseguido fazer aumentar os seus lucros, o que, trocado em miúdos, representa uma ameaça maior à saúde dos brasileiros.  Bom seria estimar o custo do tabaco para o sistema de saúde dos Estados e da Federação e exigir que os fabricantes pagassem essa conta. Através de aumento de preços, indenizações justas pelo prejuízo ao sistema de saúde, cerco total ao marketing agressivo da indústria do tabaco e um esforço ainda maior de conscientização, sobretudo junto aos jovens e pessoas menos informadas ou simples, são medidas que poderiam ser sempre implementadas.  
Sem dúvidas, esse cenário põe em evidência que a expansão do consumo de tabaco é um problema altamente complexo que envolve muito mais do que questões de bioquímica e clínica médica. O fomento da expansão do consumo em escala planetária fez a OMS considerar o tabagismo uma doença transmissível pela publicidade.
Dessa forma, toda e qualquer ação dirigida ao controle do tabagismo deve ter um foco muito além da dimensão do indivíduo, buscando abarcar tanto as variáveis sociais, políticas e econômicas que contribuem para que tantas pessoas ainda comecem a fumar, quanto os fatores que aqueles que se tornaram dependentes parem de fumar e se mantenham abstinentes.
 Mais do que nunca, é preciso ter em mente, em nome da saúde e da qualidade de vida e que o tabaco mata. E se decisão de fumar é individual, como dizem, seria bom lembrar que a conta é socializada!


Referência
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Disponível em: <http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/observatorio_controle_tabaco/site/home/convencao_quadro/o_que_e>

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