sexta-feira, 26 de julho de 2013

As Querelas entre Paraguai e Mercosul

Marina Araújo            
Acadêmica do 7º semestre

Com a eleição do novo presidente paraguaio, Horacio Cartes, em abril deste ano, o MERCOSUL decidiu, no dia 12 de julho, pela reincorporação plena do Paraguai ao bloco no dia 15 de agosto deste ano, quando o novo presidente tomará posse. O entrave agora gira em torno da não aceitação do governo paraguaio à entrada da Venezuela no bloco, e sua recusa em participar de toda e qualquer reunião e/ou assinatura de acordos até o início de 2014, quando acaba o período de presidência da Venezuela dentro do bloco.
O MERCOSUL, que nos últimos tempos havia perdido espaço nos noticiários, recuperou sua posição na mídia nacional brasileira e internacional no ano passado, após a reunião entre Brasil, Argentina e Uruguai em Mendonça, aonde foi decidida a suspensão do Paraguai e a adesão da Venezuela ao bloco.


A decisão de suspender o Paraguai tem como argumento fundamentador o processo de impeachment imposto ao ex-presidente paraguaio Fernando Lugo, onde a rapidez do julgamento e da condenação do político geraram suspeitas quanto à validade da decisão em termos democráticos. A suspensão do país do bloco, no entanto, não foi antecedida por nenhuma avaliação por parte dos demais países membros e foi sucedida quase que imediatamente pela entrada da Venezuela, país associado cujo pedido de adesão já durava seis anos e cujo único entrave era justamente a ratificação por parte do Senado paraguaio.
A discussão deixou de girar então em torno da validade do novo governo paraguaio e passou a questionar a legitimidade da entrada de Caracas, uma vez que o Tratado de Assunção prevê que a entrada de novos membros só poderá ocorrer caso a mesma seja ratificada por todos os quatro países fundadores. O Paraguai, uma parte do corpo político uruguaio e uma parcela significativa da opinião pública brasileira e internacional considera que esta foi uma medida arbitrária que comprometeu gravemente a constitucionalidade do bloco.
No Paraguai, cresce o número de políticos que argumentam pela saída total do país do MERCOSUL e a opinião pública paraguaia tende para um nacionalismo exacerbado fundamentado, principalmente, no histórico de conflitos entre os países envolvidos. No país, já é comum referir-se aos três demais membros como a “Tríplice Aliança”, em alusão à Guerra do Paraguai.


O Paraguai tem uma importância política e econômica fundamental para o MERCOSUL, e em especial para o Brasil, e a saída do país não seria interessante para nenhum dos envolvidos. A energia da usina de Itaipu representa 19% da energia utilizada no Brasil, enquanto que a Argentina enfrenta uma séria crise energética desde 2006 e a energia comprada do Paraguai é fundamental para a manutenção da indústria do país.
Desta forma, se faz imperativo uma reavaliação da entrada de Caracas, de forma a atender a característica democrática do bloco, atentando para a importância do posicionamento paraguaio, e de seu direito de voto, e de veto, se for o caso, para a legitimidade da ampliação. Até lá, convém ao governo da Venezuela, buscar uma relação mais agradável com o governo do Paraguai, independente de quem esteja no poder, uma vez que o processo de integração da qual a mesma deseja fazer parte se constitui em uma política de Estado e não de governo.
É importante ressaltar, que a entrada da Venezuela, dada a situação atual da mesma com o bloco, de agora em diante deve ser incentivada, para evitar maiores desavenças diplomáticas entre países vizinhos, expandir a integração, restaurar a importância do MERCOSUL dentro dos países membros e com relação aos seus vizinhos, e em especial, no que tange o Brasil, reforçar sua posição como líder regional.


REFERÊNCIAS

CERVONE, Fábio. Paraguai se torna o maior obstáculo para o Mercosul. R7. 19/07/2013. Disponível em: <http://noticias.r7.com/internacional/paraguai-se-torna-o-maior-obstaculo-para-o-mercosul-19072013> Acesso em: 25/07/2013

MACHADO, Juliano. Paraguai boicotará reuniões do Mercosul com Venezuela na presidência. Folha de São Paulo. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2013/07/1310815-paraguai-boicotara-reunioes-do-mercosul-com-venezuela-na-presidencia.shtml> Acesso em: 25/07/2013

PALÁCIOS, Ariel. Paraguai deve voltar ao Mercosul em agosto, diz chanceler uruguaio. Estadão. Disponível em: <http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,paraguai-deve-voltar-ao-mercosul-em-agosto-diz-chanceler-uruguaio,1052447,0.htm> Acesso em: 25/07/2013

PEREIRA, Edson. Mercosul: o erro da suspensão do Paraguai. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/artigos/economia-e-financas/mercosul-o-erro-da-suspensao-do-paraguai/71738/> Acesso em: 25/07/2013


SION, Vitor. Política interna do Paraguai dificulta volta do país ao Mercosul. Opera Mundi. Disponível em: <http://operamundi.uol.com.br/conteudo/opiniao/30124/politica+interna+do+paraguai+dificulta+volta+do+pais+ao+mercosul.shtml> Acesso em: 25/07/2013

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