Renato Macedo
Acadêmico do 7º semestre de Relações Internacionais da UNAMA.
A morte de Ariel Sharon, no último
sábado (11/01), foi capaz de instigar reações emotivas e acalorar debates sobre
a política e seus meandros. O líder israelense construiu uma reputação política
bastante controversa, reflexo da complexidade que é falar sobre política,
relações internacionais ou até mesmo sobre moralidade no Oriente Médio.
A repercussão sobre a
morte do ex-primeiro-ministro de Israel, acima de tudo, reforça a percepção da
influência que os indivíduos podem representar para a política internacional e
para a história. Isso porque quando o tema é política em Israel, e de forma
mais abrangente, no Oriente Médio, o raciocínio predominante é estadocêntrico,
com ênfase no aspecto da sobrevivência estatal, do paradigma Realista.
Israel Sharon foi responsável
pela retirada unilateral de Israel da Faixa de Gaza, em 2005. O então
primeiro-ministro, extremamente pragmático, teve a sabedoria de reconhecer que
a presença dos 8,5 mil colonos judeus em Gaza eram um foco muito grande de
tensão com os 1,3 milhões de palestinos que ali viviam. Este ato, fez com que
Sharon perdesse o apoio do partido Likud (tradicionalmente menos propenso a
concessões aos palestinos) e fundasse o Kadima, partido de centro.
A invasão ao Líbano, em
1982, (que ainda estava em uma situação de Guerra Civil) objetivou ser um duro
golpe à Organização para a Libertação da Palestina (OLP). O papel de Ariel
Sharon, então Ministro da Defesa de Israel, foi extremamente controverso nesse
cenário: o apoio de Israel à facção cristã neste conflito permitiu que estes
entrassem nos campos de Sabra e Shatila e perpetrassem o massacre de cerca de
2.000 pessoas, incluindo mulheres e crianças. Estes dois campos eram
controlados por Israel, e deveriam, portanto, ser protegidos.
Não é exagero dizer que
a trajetória política de Ariel Sharon refletiu todas as nuances possíveis da
política no Oriente Médio, assim como representou também a vida de muitos
outros homens e mulheres daquela terra, ilustres ou comuns, que carregam no
cotidiano e em suas decisões o peso de séculos e séculos de uma intrincada
história.
Este é um tema, aliás,
que merece maiores aprofundamentos para todos aqueles que se ocupam da análise
de temas internacionais, mas também para os que se interessam pelo futuro de
nosso mundo.
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