quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

A trajetória de Ariel Sharon no Oriente Médio

Renato Macedo

Acadêmico do 7º semestre de Relações Internacionais da UNAMA.


A morte de Ariel Sharon, no último sábado (11/01), foi capaz de instigar reações emotivas e acalorar debates sobre a política e seus meandros. O líder israelense construiu uma reputação política bastante controversa, reflexo da complexidade que é falar sobre política, relações internacionais ou até mesmo sobre moralidade no Oriente Médio.
A repercussão sobre a morte do ex-primeiro-ministro de Israel, acima de tudo, reforça a percepção da influência que os indivíduos podem representar para a política internacional e para a história. Isso porque quando o tema é política em Israel, e de forma mais abrangente, no Oriente Médio, o raciocínio predominante é estadocêntrico, com ênfase no aspecto da sobrevivência estatal, do paradigma Realista.
Israel Sharon foi responsável pela retirada unilateral de Israel da Faixa de Gaza, em 2005. O então primeiro-ministro, extremamente pragmático, teve a sabedoria de reconhecer que a presença dos 8,5 mil colonos judeus em Gaza eram um foco muito grande de tensão com os 1,3 milhões de palestinos que ali viviam. Este ato, fez com que Sharon perdesse o apoio do partido Likud (tradicionalmente menos propenso a concessões aos palestinos) e fundasse o Kadima, partido de centro.
A invasão ao Líbano, em 1982, (que ainda estava em uma situação de Guerra Civil) objetivou ser um duro golpe à Organização para a Libertação da Palestina (OLP). O papel de Ariel Sharon, então Ministro da Defesa de Israel, foi extremamente controverso nesse cenário: o apoio de Israel à facção cristã neste conflito permitiu que estes entrassem nos campos de Sabra e Shatila e perpetrassem o massacre de cerca de 2.000 pessoas, incluindo mulheres e crianças. Estes dois campos eram controlados por Israel, e deveriam, portanto, ser protegidos.
Não é exagero dizer que a trajetória política de Ariel Sharon refletiu todas as nuances possíveis da política no Oriente Médio, assim como representou também a vida de muitos outros homens e mulheres daquela terra, ilustres ou comuns, que carregam no cotidiano e em suas decisões o peso de séculos e séculos de uma intrincada história.
Este é um tema, aliás, que merece maiores aprofundamentos para todos aqueles que se ocupam da análise de temas internacionais, mas também para os que se interessam pelo futuro de nosso mundo.

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