segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Um outro ano acabou, e outro apenas começa...

Adriano Bastos Rosas.
Acadêmico do 6º Semestre de Relações Internacionais da UNAMA.



            Quando se busca ativamente informações sobre os fundamentos que culminaram na situação de total desgoverno e barbárie que vem sendo observada no Centro Penitenciário de Pedrinhas, no Maranhão, nos deparamos novamente com a incompetência e corrupção que já mortificou, apascentou e mesmo revoltou a população brasileira. Do relatório que permitiu às autoridades federais e internacionais tomar ciência – se é que isso já não fosse possível com o simples acompanhamento das redes de comunicação nacionais – sorvemos do amargor da falência, não apenas daquela unidade prisional, mas que atinge em maior ou menor grau todo o sistema penitenciário brasileiro.
            Em reação a esse caleidoscópio hediondo, não é de se estranhar que a Organização das Nações Unidas se manifeste, pedindo às autoridades brasileiras investigue de forma imediata, imparcial e efetiva os argumentos, julgando os responsáveis e aplicando o quanto antes a recente Lei 12.847, de agosto do ano passado, a qual estabeleceu os Sistema, Comitê e Mecanismo Nacional de Combate à Tortura. O que tem se mostrado verdadeiramente preocupante tem sido as reações dos próprios brasileiros para com a recusa do governo estadual maranhense em receber uma delegação das Nações Unidas. Seja em redes sociais, blogs ou nos próprios sites de jornais mesmo, é preocupante o volume de posts que declaram não apenas a usual desconfiança para com as ações da Organização como também se percebe manifestos em apoio a permanência da situação de barbárie e outras medidas ainda mais severas, e não menos criminosas do que os atos que tem sido praticados sob o presente desgoverno.
            Sob uma perspectiva mais racional, é certo que poder-se-ia criticar a pouca eficácia da OI em convencer os Estados a abandonar não serem coniventes com práticas de investigação degradantes, capazes de violentar corpo e mente das pessoas a elas submetidas. O caso da prisão americana de Guantánamo é icônico para mostrar que mesmo os países com o desenvolvimento mais acentuado – e do qual se espera que possuam uma formação mais evoluída, inclusive quanto à empatia (sensibilidade) entre as pessoas devido ao seu papel como baluarte dos direitos humanos – ainda não foram capazes de superar a utilização dessas técnicas de repressão esdrúxulas, servindo como que “desculpa” para que seus semelhantes ajam da mesma maneira.
            Quanto a reação insensível de alguns nacionais, é lamentável que ainda estejamos enfrentando o jogo do “e se fosse contra alguém que lhe é querido que eles delinquiram...”, pois a resposta usual a essa pergunta – ainda que apenas em pensamento – não conduz a outro caminho que não um ciclo vicioso de retribuições e rancor que os acadêmicos de relações bem conhecem no campo dos conflitos entre os atores de primeiro trilho.

            Pensar em propagação dos Direitos Humanos e em maneiras de tornar a opinião pública nacional e internacional mais empática é tema deveras complexo para que o abordemos nesse artigo, mas – se, como creio – pequenos gestos podem apresentar um notável poder multiplicador, gostaria de lhes deixar uma pequena reflexão: tanto quanto devemos construir um mundo melhor para as gerações futuras é fundamental também educar melhor as gerações futuras para o nosso mundo.









Tópicos sugeridos: Penas privativas de liberdade, ONU, Brasil, Direitos Humanos.
O título é um excerto da música “War is Over”, de John Lennor, cuja versão em português é conhecida como “Então é Natal” e interpretada pela cantora Simone.

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