segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Dia do Profissional de Fisioterapia e Terapeuta Ocupacional


Marcilene Pinheiro
Terapeuta Ocupacional/UEPA
Esp. Integração Sensorial/USC
MSc. Teoria e Pesquisa do Comportamento










Inter – Qual a diferença entre Fisioterapia e Terapia Ocupacional, suas especialidades e seus procedimentos?

De acordo com o CREFITO 12, o fisioterapeuta é um profissional da área da saúde capaz de intervir junto aos distúrbios cinéticos funcionais ocasionados por alterações genéticas, traumas ou doenças adquiridas, sendo sua conduta baseada nos aspectos da cinesiologia e biomecânica. Já o terapeuta ocupacional apesar de ser um profissional da área da saúde em sua formação tem muito da área social, sua intervenção se dá junto às alterações em funções práxicas, ou seja, junto à própria atividade humana, sendo sua conduta a partir dessa atividade humana frente ao eixo referencial pessoal, familiarmente coletivo e social.
Costumo dizer que alguns termos, como cinesiologia e práxis, parecem de outro mundo para aqueles que não são fisioterapeutas ou terapeutas ocupacionais, mas, se formos pensar de uma maneira bem empírica e até grosseira para definirmos ambas as profissões e diferenciá-las rapidamente, podemos afirmar que o fisioterapeuta em sua prática busca (re)habilitar o movimento, a força, a contração, a diminuição da dor, entre outras alterações que o indivíduo venha a apresentar em virtude de sua doença, enquanto que o terapeuta ocupacional busca (re)habilitar a função desse movimento, dessa força, dessa contração, dessa redução do dor que o fisioterapeuta trabalhou no indivíduo.
Acredito muito que fisioterapia e terapia ocupacional são duas profissões que trabalham em conjunto, principalmente, quando se trata da especialidade de reabilitação física, não tem como o indivíduo ser tratado só por um desses profissionais, pois, é justamente esse trabalho em conjunto que faz a reabilitação dessa pessoa ser eficaz!
Sobre as especialidades e condutas, são variadas! Normalmente as especialidades seguem o fluxo de eixo de desenvolvimento humano, principalmente na terapia ocupacional, isto é, infância e adolescência, adulto, e, velhice, além disso, tem especialidades que seguem a proposta de áreas de atuação, por exemplo, área de saúde mental, área hospitalar, onde a fisioterapia tem grande atuação, porque intervém muito junto à reabilitação respiratória e UTI, área social, saúde coletiva, educação e esporte, entre outras. As condutas e os procedimentos vão depender da especialidade de cada profissional.

Inter – Qual é o conceito histórico entre a relação da Terapia Ocupacional e Fisioterapia na América Latina?

Sabe-se que ambas as profissões surgem a nível de Estados Unidos e Europa para tratar militares com traumas, sequelas dos conflitos da Primeira guerra mundial, contudo, vale ressaltar que os registros da época e demais referências afirmam que até então as profissões ainda não eram definidas como são hoje, e que esse trabalho de tentar reabilitar esses indivíduos era muito primitivo, ou seja, sem padronização, sem conduta estabelecida, sem muitas especificidades, e feito muitas vezes por enfermeiros ou uma espécie de assistente social.
Diante disso, quando chegou à América Latina, mas, precisamente ao Brasil, (e agora a minha fala se volta pra Terapia Ocupacional) vem ainda muito com essa perspectiva de reabilitação física, mas, também com um viés voltado para a saúde mental, pois, na Europa Pinel, um psiquiatra francês, inicia por volta de 1790, um movimento de reforma psiquiátrica a partir da introdução de uma terapia através da ocupação no tratamento de pessoas com transtornos mentais.

Inter – No início dos anos 50, uma comissão da ONU visitou a América Latina e apresentou o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo como o local mais adequado para a implantação de um Centro de Reabilitação. Qual foi o papel fundante dessas duas áreas de atuação referente naquela época?

A implantação desse Centro de Reabilitação foi um divisor de águas para ambas as profissões, pois, é a partir da implementação desse centro que se consegue iniciar a formação acadêmica em fisioterapia e em terapia ocupacional, ainda não como bacharelado, mas, como "técnicos de alto padrão", pois, apesar de ser reconhecida como profissão desde o final dos anos 40 na Europa, no Brasil ainda era feita muito por enfermeiros e assistentes sociais. E só em 13 de outubro de 1969 que se tem o decreto lei n 938 que reconhece as atribuições profissionais e a formação de nível superior de Fisioterapia e Terapia Ocupacional.

Inter – Qual a importância do dia dos profissionais de Fisioterapia e Terapia Ocupacional e qual suas perspectivas da atuação na região amazônica?

Acredito que a importância deste 13 de outubro seja imensurável, pois, se formos analisar a fundo a história de ambas as profissões, apesar de suas peculiaridades, foi marcada por muita luta, muitos desafios, que perduram até hoje, pois, ainda enfrentamos a dificuldade para ser reconhecido muitas vezes por outros profissionais de saúde dentro de uma equipe multidisciplinar, por uma remuneração mais justa, por métodos e técnicas que outros profissionais querem usar e insistem em se apropriar e acabam deturpando esse método, essa técnica de intervenção e, consequentemente, o maior prejudicado é o paciente, o indivíduo que recebe diretamente esse método, essa técnica de maneira inadequada.
E as minhas perspectivas são as melhores possíveis! Acredito que são profissões importantíssimas e não tem como falar de uma sem pensar na outra, pois, se complementam a todo tempo, apesar disso muitas vezes ser desvalorizado por profissionais de fisioterapia e terapia ocupacional.
Agora, falando mais de Terapia Ocupacional, tenho a esperança de daqui a alguns anos ter mais profissionais na região amazônica envolvidos com pesquisa própria de Terapia Ocupacional, com métodos e técnicas próprios de Terapia Ocupacional, em áreas onde a intervenção da Terapia Ocupacional é fundamental, como nas áreas de Educação e Saúde coletiva, por exemplo.

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