segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Kofi Annan e o Plano de Paz da Síria

Ana Raquel Cordeiro
Acadêmica do 4º Semestre de RI


  Desde o dia 26 de março de 2011, o conflito na Síria não aparentava ter uma continuidade tremenda nem ter uma repercussão tão forte, no entanto, foi exatamente o que aconteceu. A partir daí, o povo árabe e até os que não pertenciam a ele, porexemplo, serem também dominados pela ditadura sentiu- motivados, e então começaram suas revoluções, mas com a mão de ferro dos governantes, a busca pelas soluções se tornou desastrosas, como foi o caso do Egito e Líbia, onde foi preciso chegar a centenas de mortos, incluindo o ditador Muammar Kadhafi da Líbia, para ter a queda de Hosni Mubarak e a tão sonhada “democracia”.


    E agora na Síria, nada parece ser diferente, a não ser o tempo que já dura o massacre, onde os mortos já passaram de 17 mil, dentre eles a maioria civis.
Para se salvaremos cidadãos sírios não tiveram alternativas a não ser se refugiar nos países vizinhos, como a Turquia, Jordânia, Líbano e Iraque.

Notícias do início deste mês dão conta que de acordo com a ONU, mais de 80 mil refugiados sírios estão na Turquia e cerca de 8 mil esperam para cruzar a fronteira. Outros 77 mil sírios foram para a Jordânia, 59 mil para o Líbano e quase 18.700 mil para o Iraque.

 Mas sabendo o que ocorre na Síria, muitos se perguntam, “por que nenhum país ainda interveio”? Será que não existe nenhuma organização internacional que se preocupe em resolver essa situação? E o que nós poderíamos fazer?

             Em primeiro lugar sim, existe Organizações que tentam diminuir o numero de mortos ou até mesmo resolver essa situação, como no caso a ONU, que enviou um representante para fazer análise e oferecer uma solução para o conflito.
 

   O fato é que o governo sírio se recusa a aceitar a ajuda da ONU, todos os planos de paz foram falhos e não fizeram Assad retroceder com sua extrema violência. O ex-secretário geral e enviado especial da ONU, Kofi Annan, mostrou-se pessimista com a resolução do conflito ao ver que seu plano de paz falhou mesmo tendo apoio da Rússia e da China.


Annan disse estar “perplexo” com as atrocidades e que é necessário que os governos possuidores de mais influência, não se utilizem da força para resolver os problemas, pois o país em questão, já está fazendo isso, e em vez de soluções estão causando numerosas vitimas. Além de “condenar estas atrocidades nos termos mais fortes”. E disse mais, que as “forças estatais usaram helicópteros e armas pesadas em confronto na cidade de Treimsa” deixando mais de 220 pessoas mortas.

Kofi Annan renunciando como enviado especial da ONU. Foto: Reuters.
No entanto, Annan foi contestado pelo porta-voz do ministério de Relações Exteriores da Síria, Jihad Makdissi, afirmando que não houve tal matança e sim um “combate” com o exército regular e “grupos armados”, e o numero de mortes não passou de 37 combatentes e 2 civis na campanha, afinal a vila utilizada para este combate estava sendo usada pelos rebeldes para laçarem ataques a outras regiões. Após este “erro” de Kofi, como ficou implícito no argumento do ministro, Jihad Makdissi encaminhou uma carta para a ONU onde dizia que os termos colocados sobre o ocorrido na Síria, pelo enviado especial, não passava de um “exagero” e que nada se baseava em fatos.



Em segundo lugar fica a posição dos países. Na última quinta-feira foi realizada uma reunião com os membros integrantes do Conselho das Nações Unidas a ONU, para decidir o futuro da Síria.


Na reunião foi lançado o plano de propor sanções sobre a Síria e pela 3ª vez, Rússia e China vetaram o que poderia ser o fim de um conflito sangrento. Dentre os países que foram a favor, estavam, Estados Unidos, França,Reino Unido, Alemanha, Portugal, Colômbia, Guatemala, Índia, Azerbaijão e Togo, assim como o Marrocos, representando os países árabes. E entre os que se abstiveram estava a África do Sul e Paquistão.

Em posicionamento, a França mostrou-se comovida com a decisão falível do conselho: "Estou muito, muito triste. O que acontece na Síria está se estendendo. Havia 3 mil mortos e tivemos veto, 7 mil e veto, e agora 17 mil e um novo veto. Deveria estar se perguntado a esses países quando aceitarão se mexer", disse o embaixador da França na ONU, Gérard Araud, que indignado com a resolução da reunião acusou Rússia e China de pôr em primeiro lugar seus interesses em querer que o regime de Assad esmague a oposição. Para se defender, Rússia explica: "A resolução abre caminho para pressionar por sanções e, mais adiante, para um envolvimento externo nos assuntos internos sírios", afirmou o embaixador russo Vitaly Churkin.
 

 Diante dessa situação, nos sobra uma pergunta, o que fazer? Já que os países através da ONU tentaram buscar uma solução e infelizmente a teoria realista, que visa o interesse do Estado, esta prevalecendo na Rússia e China? Enquanto essa pergunta não é respondida, outros fatores prejudicam a vida dos seres humanos sírios, as doenças.                  
  Segundo o relator especial da ONU sobre direitos humanos Chaloka Beyani mais de 1,5 milhões de pessoas deixaram suas casas em decorrência do conflito, além disso, ele ressalta o desrespeito ao direito internacional humanitário em especial o direito a vida (segundo ele o primordial) e a integridade física, ele ressalta ainda que a falta de acessos à saúde, abrigo, comida, água e outros serviços essenciais para a sobrevivência está causando mais mortes que o próprio conflito armado.
 Com a ONU de mãos atadas e a indefinição dos membros do Conselho de segurança, os sírios seguem morrendo por tiros e por falta de assistência tanto do governo quanto da ONU. 



REFERÊNCIAS

http://www.bahiareporter.com.br/ultimas_noticias.php?codnoticia=22292
http://tempocrise.blogspot.com/2012/07/kofi-annan-esta-chocado-e-condena.html
http://www.amambainoticias.com.br/mundo/governo-da-siria-contesta-kofi-annan-e-nega-massacre-em-treimsa
http://www.istoe.com.br/reportagens/222796_RUSSIA+E+CHINA+VETAM+SANCOES+DA+ONU+CONTRA+SIRIA+PELA+3+VEZ


Nenhum comentário:

Postar um comentário