Alessandra Viviane Vasconcelos
Academica do 4º semestre de RI
Os olhos do mundo estão voltados para a
Amazônia, como natureza e como sociedade, segundo Costa (2003) é nesse contexto
internacional que observamos como cidadãos brasileiros e internacionalistas,
até mesmo indiferentes a uma realidade tão próxima de nós, mas que estamos tão
aquém dela. Os conflitos agrários na Amazônia são decorrentes de sua má
distribuição de terras, concentração ou até mesmo a falta de uma reforma
agrária eficaz. Temos um palco dicotômico de interesses, de um lado os donos de
terras, que monopolizam a maior parte das propriedades rurais, grandes
latifundiários que se beneficiaram com os baixos custos do programa de governo
nos anos 70, e que praticaram e ainda praticam a grilagem, possuindo uma vasta
extensão de terras; e do outro lado trabalhadores em busca de terras em que
possam cultivar e manter sua subsistência. Dá-se então a guerra pelo poder, e
está vencendo quem detém o poder econômico, gerando terror e impunidade, pois
as vítimas são pessoas comprometidas com as causas ambientais e agrárias entre
eles ativistas, sindicalistas, agricultores e indígenas.
Atualmente a repercussão internacional do
caso da missionária Dorothy Mae Stang, ocorrido em 2005, tem colocado o Brasil
como um país desacreditado, sem políticas efetivas de reforma agrária e
deixando impunes seus criminosos, violando os direitos humanos, sendo um dos
poucos casos que os assassinos foram condenados e presos. Nos governos de FHC,
Lula e, mais recentemente o de Dilma, fizeram seus programas, tentando
vagarosamente fazer os assentamentos, mas não condizendo com a realidade.
Precisando de políticas agrícolas e de crédito bancários, devido a mecanização,
os pequenos agricultores acabam vendendo suas terras aos grandes proprietários,
perpetuando o conflito.
O caso de eldorado dos Carajás, que chamou
a atenção da ONU, especificamente aos direitos humanos, onde pessoas lutavam
pelo direito de cultivar e se auto-sustentar, o episódio deste confronto entre os sem-terra e policiais, acontecido
em 17 de abril de 1996, onde 19 trabalhadores rurais sem terras foram
chacinados por militares no Km 100 da PA-150.
Na época a OEA classificou o crime como um
dos piores exemplos de desrespeito aos direitos humanos e deu ao Brasil dois
meses para se manifestar. Os cidadãos brasileiros se manifestaram publicamente,
pressionaram e desde daí criou-se o Ministério do Desenvolvimento Agrário, e
foi feito o projeto de lei que aprovou a data como o dia nacional da luta pela
reforma agrária.
Esses conflitos trágicos, históricos e
impactantes de alta repercussão internacional, não trouxeram mudanças concretas
de modelos por parte do governo, pois os mesmos atuam de acordo com o modelo
econômico explorador. Mais que corrigir as injustiças sociais, seus objetivos
visam uma reforma agrária direcionando a aumentar a produção agrícola tornando
as terras improdutivas em produtivas e cultiváveis, desconcentrando as terras
das mãos de uma minoria, que seu principal objetivo é à especulação das mesmas,
que depois de valorizadas são vendidas. O Brasil como o 5º do mundo em extensão
territorial, mas em produção de safras deixa a desejar a utilização de seu potencial
e de sua natureza exuberante. Minimizando a violência no campo, e a impunidade
prevalecendo.
Enquanto o Brasil não resolver seus
problemas internos, dificilmente se posicionará como um forte país no cenário
mundial. Buscando ser uma potência e a sexta economia do mundo, socialmente
fecha os olhos para a morte dos que ficam vulneráveis a sua política
econômica.
Ótimo Texto !
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