terça-feira, 21 de maio de 2013

Importância de Kenneth Waltz para as Relações Internacionais.



Por Ana Beatriz Nascimento
Acadêmica do 5° semestre de RI


  Em 12 de maio deste ano, infelizmente, perdemos Kenneth Waltz, um dos grandes teóricos que contribuiu para o desenvolvimento das teorias de relações internacionais, em especial ao neorrealismo, a qual é uma das mais utilizadas para analisar as ações de países. Waltz enriqueceu e aperfeiçoou a teoria realista, apresentando uma teoria mais forte e dinâmica, que possuía maior abrangência e poder de explicação dos fatos internacionais, suprindo as carências teóricas existentes no realismo e realismo moderno.
  Em 1979, seu livro intitulado Theory of International Politics, trazia considerações sobre o padrão de comportamento e ações de um Estado baseado nas leis de conduta internacionais – a socialização ou competição entre os atores do sistema internacional de acordo com os objetivos e necessidades de cada Estado – utilizando bases do dilema do prisioneiro. Apesar de reconhecer atores não estatais na política mundial, Waltz retoma a característica realista ao defender que apenas os Estados possuem o direito à força e legitimação de interesses por este meio.
   Em sua abordagem do neorrealismo, podemos destacar principalmente os fenômenos de balança de poder, nêmese da segurança coletiva que consiste no medo de ameaças externas, onde Estados irão se contrapor até que exista um equilíbrio entre potências, como no caso da guerra fria; como o objetivo principal de um Estado é manter sua soberania e segurança, a balança de poder é o principal meio para se alcançar estes objetivos. Como corolário deste conceito aparece o fenômeno do bandwagon, a junção de Estados mais fracos em torno de um Estado-líder forte que caracteriza um ganhador no jogo político mundial. Desta forma, os Estados mais fracos possuem chances de se proteger e estarem aliados a um Estado poderoso que terá condições de defender outros Estados que se aliaram a ele. Outro ponto importante analisado por Waltz foi existência da anarquia dentro da própria estrutura do sistema internacional, para que pudesse haver estabilidade, sem possuir muitos pólos de poder, por isto defendia a bipolaridade como o sistema mais estável internacionalmente.
   Obviamente, como qualquer outra teoria, o neorrealismo sofreu críticas, principalmente pela questão de não explicar como é possível haver os longos períodos de paz entre Estados e como a URSS teve um fim pacífico, submetendo-se ao sistema capitalista mundial. Nenhuma teoria é perfeita, nenhuma será capaz de explicar e analisar todos os fatos intrínsecos a um determinado objeto de estudo. Cabe principalmente aos internacionalistas saber utilizar as diversas teorias e ferramentas de estudo para melhor analisar as mudanças e fatos do sistema internacional.
  Apesar de sua morte, o legado teórico de Waltz para o estudo das relações internacionais não será esquecido, não só pela questão de ter elevado o realismo a um patamar sólido de principal teoria internacional, tornando-a o mainstream, mesmo apesar de críticas, mas também por explicar e registrar a natureza anárquica estatal onde os Estados se adaptam para continuar a fazer parte do jogo de poder mundial.

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