Por
Ana Beatriz Nascimento
Acadêmica
do 5° semestre de RI
Em 12 de maio deste ano,
infelizmente, perdemos Kenneth Waltz, um dos grandes teóricos que contribuiu para
o desenvolvimento das teorias de relações internacionais, em especial ao
neorrealismo, a qual é uma das mais utilizadas para analisar as ações de
países. Waltz enriqueceu e aperfeiçoou a teoria realista, apresentando uma
teoria mais forte e dinâmica, que possuía maior abrangência e poder de
explicação dos fatos internacionais, suprindo as carências teóricas existentes
no realismo e realismo moderno.
Em 1979, seu livro
intitulado Theory of International
Politics, trazia considerações sobre o padrão de comportamento e ações de
um Estado baseado nas leis de conduta internacionais – a socialização ou
competição entre os atores do sistema internacional de acordo com os objetivos
e necessidades de cada Estado – utilizando bases do dilema do prisioneiro.
Apesar de reconhecer atores não estatais na política mundial, Waltz retoma a
característica realista ao defender que apenas os Estados possuem o direito à
força e legitimação de interesses por este meio.
Em sua abordagem do
neorrealismo, podemos destacar principalmente os fenômenos de balança de poder,
nêmese da segurança coletiva que consiste no medo de ameaças externas, onde
Estados irão se contrapor até que exista um equilíbrio entre potências, como no
caso da guerra fria; como o objetivo principal de um Estado é manter sua
soberania e segurança, a balança de poder é o principal meio para se alcançar
estes objetivos. Como corolário deste conceito aparece o
fenômeno do bandwagon, a junção de
Estados mais fracos em torno de um Estado-líder forte que caracteriza um
ganhador no jogo político mundial. Desta forma, os Estados mais fracos possuem
chances de se proteger e estarem aliados a um Estado poderoso que terá
condições de defender outros Estados que se aliaram a ele. Outro ponto
importante analisado por Waltz foi existência da anarquia dentro da própria
estrutura do sistema internacional, para que pudesse haver estabilidade, sem
possuir muitos pólos de poder, por isto defendia a bipolaridade como o sistema
mais estável internacionalmente.
Obviamente, como qualquer
outra teoria, o neorrealismo sofreu críticas, principalmente pela questão de
não explicar como é possível haver os longos períodos de paz entre Estados e
como a URSS teve um fim pacífico, submetendo-se ao sistema capitalista mundial.
Nenhuma teoria é perfeita, nenhuma será capaz de explicar e analisar todos os
fatos intrínsecos a um determinado objeto de estudo. Cabe principalmente aos
internacionalistas saber utilizar as diversas teorias e ferramentas de estudo
para melhor analisar as mudanças e fatos do sistema internacional.
Apesar de sua morte, o
legado teórico de Waltz para o estudo das relações internacionais não será
esquecido, não só pela questão de ter elevado o realismo a um patamar sólido de
principal teoria internacional, tornando-a o mainstream, mesmo apesar de críticas,
mas também por explicar e registrar a natureza anárquica estatal onde os
Estados se adaptam para continuar a fazer parte do jogo de poder mundial.
ótimo texto... me acrescentou bastante
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