Kellimeire
Xavier Granja Campos
Acadêmica
do 4º semestre
O
paradigma construtivista foi desenvolvido principalmente na década de 90, porém
continua sendo um dos mais discutidos na atualidade da área das Relações Internacionais,
apesar de possuir um vasto número de teóricos, nesse texto será utilizado a perspectiva adotada por Alexander Wendt.
O
Construtivismo é uma corrente teórica pós-positivista a qual critica o
racionalismo das teorias tradicionais que levam o título de mainstream. Considerada como Via Media das teorias, estabelece até
certo ponto um diálogo entre estas, um exemplo disso é a aceitação do Estado
como principal unidade de análise e principal agente do Sistema Internacional,
premissa realista amplamente aceita pelos teóricos. Nesse paradigma não é
utilizado o termo “ator” e em seu lugar é empregado à expressão “agente”
(Estado) por denotar sentido de ação, próprio do construtivismo. Outro termo
utilizado para o macroambiente onde o agente
esta inserido é “estrutura”. Essa teoria é baseada na ideia de co-construção
entre estrutura e agente, onde se deve considerar que Estados são construídos
socialmente e que seus interesses são determinados por sua identidade, essa é
constituída de acordo com um processo social, nesse caso, o relacionamento
entre os Estados, ao interno do qual irá se
estabelecer as relações de cooperação e conflito. Logo, essa identidade não
será estática e dependerá de fatores sociais e históricos.
A
guerra civil da Síria já acontece há mais de dois anos e começou junto com os
outros movimentos da Primavera Árabe para a retirada dos governos autoritários. No caso particular da Síria,
a família que esta no poder é da minoria Alauíta, mas não se deve argumentar
que esse seja o único motivo que levou a esse conflito, pois também existe uma insatisfação
geral sob o governo. A situação na Síria vem se agravando não só pelo grande
número de civis mortos, que já somam cerca de oitenta mil pessoas e pelo estado
de guerra dentro do país, mas também pelo envolvimento de outros países nessa
questão criando um temor de que o conflito se transforme em uma guerra
regional.
Nos
últimos dias o que mais se noticiou foram os ataques de Israel ao território
sírio, no qual o exercito israelense alegou que o alvo era um carregamento de
mísseis cujo destino seria o grupo libanês Hezbollah, e os atentados que
ocorreram na Turquia no qual o ministro da Informação da Síria, Omran Al-Zoubi,
já se pronunciou negando a autoria. Acrescente-se a isso a possível utilização
de armas biológicas que podem ter sido usadas pelo governo sírio. Todos esses
acontecimentos tem pressionado o Conselho de Segurança por uma resposta a esses
ataques, e nesse caso o governo norte americano esta tomando uma posição mais
cuidadosa no que diz respeito de uma intervenção direta.
Segundo
a perspectiva construtivista a dificuldade desse Agente na construção de sua
própria identidade, afeta diretamente sua relação com todos os seus vizinhos
árabes, o que dificulta uma identificação positiva entre eles. Apesar de
existirem alianças, essas são baseadas no “egoísmo estatal”. Um exemplo é a
Líbia, que apoia o governo sírio por temer as mudanças que podem ocorrer com a tomada
de poder dos rebeldes. Uma dessas alianças é a chamada Liga Árabe da qual a
Síria está suspensa desde 2011, e mesmo assim não se nota nenhuma atitude
eficaz. A região do país Sírio é mais complexa do que um pequeno texto possa
explicar, e vai além de variedade religiosa, existindo também questões
históricas e políticas envolvidas.
Muitos
analistas internacionais são pessimistas quanto a questão da Síria, porém de
acordo com a teoria construtivista é difícil se pensar em uma solução através
de intervenções externas, mas sim por meio de acordos construídos internamente
respeitando as culturas encontradas nessa região que nós ocidentais algumas
vezes não entendemos e até pior não respeitamos.
Referências Bibliográficas
SARFATI, Giberto. Teorias de
Relações Internacionais. São Paulo: Saraiva, 2005.
CASTRO, Thales. Teoria das
Relações Internacionais. Brasília: FUNAG, 2012.
Síria: EUA avaliam novas
opções de intervenção. Disponível em<<http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/05/130504_siria_ataque_ru.shtml>>.
Acesso em: 11/05
Egito e Liga Árabe condenam
ataques de Israel na Síria. Disponível em << http://g1.globo.com/revolta-arabe/noticia/2013/05/liga-arabe-condena-ataques-de-israel-na-siria.html>>.
Acesso em: 11/05
Síria nega ser responsável
por ataques na Turquia. Disponível em <<http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,siria-nega-ser-responsavel-por-ataques-na-turquia,1031154,0.htm>>.
Acesso em: 12/05
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