quarta-feira, 15 de maio de 2013

O Conflito na Síria: Uma análise a partir do Construtivismo


Kellimeire Xavier Granja Campos
Acadêmica do 4º semestre

O paradigma construtivista foi desenvolvido principalmente na década de 90, porém continua sendo um dos mais discutidos na atualidade da área das Relações Internacionais, apesar de possuir um vasto número de teóricos, nesse texto será utilizado a perspectiva adotada por Alexander Wendt.
O Construtivismo é uma corrente teórica pós-positivista a qual critica o racionalismo das teorias tradicionais que levam o título de mainstream. Considerada como Via Media das teorias, estabelece até certo ponto um diálogo entre estas, um exemplo disso é a aceitação do Estado como principal unidade de análise e principal agente do Sistema Internacional, premissa realista amplamente aceita pelos teóricos. Nesse paradigma não é utilizado o termo “ator” e em seu lugar é empregado à expressão “agente” (Estado) por denotar sentido de ação, próprio do construtivismo. Outro termo utilizado para o macroambiente onde o agente esta inserido é “estrutura”. Essa teoria é baseada na ideia de co-construção entre estrutura e agente, onde se deve considerar que Estados são construídos socialmente e que seus interesses são determinados por sua identidade, essa é constituída de acordo com um processo social, nesse caso, o relacionamento entre os Estados, ao interno do qual irá se estabelecer as relações de cooperação e conflito. Logo, essa identidade não será estática e dependerá de fatores sociais e históricos.
A guerra civil da Síria já acontece há mais de dois anos e começou junto com os outros movimentos da Primavera Árabe para a retirada dos governos autoritários. No caso particular da Síria, a família que esta no poder é da minoria Alauíta, mas não se deve argumentar que esse seja o único motivo que levou a esse conflito, pois também existe uma insatisfação geral sob o governo. A situação na Síria vem se agravando não só pelo grande número de civis mortos, que já somam cerca de oitenta mil pessoas e pelo estado de guerra dentro do país, mas também pelo envolvimento de outros países nessa questão criando um temor de que o conflito se transforme em uma guerra regional.
Nos últimos dias o que mais se noticiou foram os ataques de Israel ao território sírio, no qual o exercito israelense alegou que o alvo era um carregamento de mísseis cujo destino seria o grupo libanês Hezbollah, e os atentados que ocorreram na Turquia no qual o ministro da Informação da Síria, Omran Al-Zoubi, já se pronunciou negando a autoria. Acrescente-se a isso a possível utilização de armas biológicas que podem ter sido usadas pelo governo sírio. Todos esses acontecimentos tem pressionado o Conselho de Segurança por uma resposta a esses ataques, e nesse caso o governo norte americano esta tomando uma posição mais cuidadosa no que diz respeito de uma intervenção direta.
  Segundo a perspectiva construtivista a dificuldade desse Agente na construção de sua própria identidade, afeta diretamente sua relação com todos os seus vizinhos árabes, o que dificulta uma identificação positiva entre eles. Apesar de existirem alianças, essas são baseadas no “egoísmo estatal”. Um exemplo é a Líbia, que apoia o governo sírio por temer as mudanças que podem ocorrer com a tomada de poder dos rebeldes. Uma dessas alianças é a chamada Liga Árabe da qual a Síria está suspensa desde 2011, e mesmo assim não se nota nenhuma atitude eficaz. A região do país Sírio é mais complexa do que um pequeno texto possa explicar, e vai além de variedade religiosa, existindo também questões históricas e políticas envolvidas.
Muitos analistas internacionais são pessimistas quanto a questão da Síria, porém de acordo com a teoria construtivista é difícil se pensar em uma solução através de intervenções externas, mas sim por meio de acordos construídos internamente respeitando as culturas encontradas nessa região que nós ocidentais algumas vezes não entendemos e até pior não respeitamos.


Referências Bibliográficas

SARFATI, Giberto. Teorias de Relações Internacionais. São Paulo: Saraiva, 2005.

CASTRO, Thales. Teoria das Relações Internacionais. Brasília: FUNAG, 2012.
Síria: EUA avaliam novas opções de intervenção. Disponível em<<http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/05/130504_siria_ataque_ru.shtml>>. Acesso em: 11/05

Egito e Liga Árabe condenam ataques de Israel na Síria. Disponível em << http://g1.globo.com/revolta-arabe/noticia/2013/05/liga-arabe-condena-ataques-de-israel-na-siria.html>>. Acesso em: 11/05
                                                     
Síria nega ser responsável por ataques na Turquia. Disponível em <<http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,siria-nega-ser-responsavel-por-ataques-na-turquia,1031154,0.htm>>. Acesso em: 12/05

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