Ana
Carolinne Barata de Lima
Acadêmica
do 4º Semestre
No dia 07 de maio deste ano, o diplomata brasileiro Roberto Azevedo foi
eleito Diretor-Geral da Organização Mundial do Comércio – OMC. O mandato só
será assumido em Setembro, mas os questionamentos sobre sua gestão já começaram
desde cedo e, por isso, vê-se que o novo diretor-geral terá uma gama de
desafios a superar. O principal deles é devolver à organização a sua essência
cooperativista, baseada nos princípios liberais.
A OMC tem como principais objetivos regulamentar e liberalizar o comércio
internacional, além de formalizar acordos comerciais para resolução de
conflitos dos países-membros ou entre eles. Esses objetivos foram postos em
negociação a partir da Rodada Uruguai (1986 –
1994) e posteriormente, na Rodada Doha, iniciada em 2001, mas que está
paralisada desde 2008, quando ocorreu a Crise Econômica Mundial, cujas consequências
caracterizam a base dos desafios a serem superados pela Organização. Durante a Crise, os países-membros da OMC
deixaram de lado questões como o multilateralismo e começaram a usar diferentes
políticas comerciais, além de adotar medidas protecionistas que, prejudicam o
andamento do comércio mundial e vão contra os princípios da Organização.
Sendo assim, Roberto Azevedo tem entre seus objetivos, atualizar o
funcionamento da Organização que se encontra defasado, a fim de solucionar os problemas
econômicos atuais, como por exemplo, fazer com
que os países-membros retomem os acordos multilaterais e evitem o
protecionismo, e liberalizar o comércio mundial.
Para isso, o novo diretor-geral da OMC, deverá manter-se nas negociações como
mediador e facilitador de conflitos, visto que é muito mais fácil atender as
exigências de dois países em discussão do que de mais de 150, como é o caso da
OMC. O princípio das pretensões de Roberto Azevedo pode ser identificado nas
ideias neoliberais sobre as Organizações Internacionais, tal como defende Keohane (1989) quando diz que as OIs
diminuem o grau de incerteza entre os atores por meio de conexões (linkage) que aumentam a disposição
destes em fazer acordos cooperativos. E também Mônica Herz (2004) ao evidenciar
que a cooperação internacional no âmbito multilateral é compreendida no
contexto da cooperação funcional, ou seja, na esfera social, política e,
principalmente, econômica.
Portanto, as ambições da Rodada Doha e a Crise de 2008 acentuaram as
dificuldades da OMC, fazendo com que ela seguisse um caminho contrário ao de
seus princípios básicos, que seria a cooperação e a multilateralização entre
seus países-membros. Este fato configura os
principais desafios do novo diretor-geral da Organização Mundial do Comércio,
Roberto Azevedo.
Em Setembro acontecerá a
primeira reunião sobre a Rodada Doha, no qual será discutido o que se pode
salvar da Organização e não o que se pretende sobre ela. Na verdade, fazer com
que uma organização de cunho cooperativista não perca sua essência, é um
desafio não só para a OMC, mas também para outras como OMS, OIT, etc.
REFERÊNCIAS
HERZ, Mônica. HOFFMANN, Andrea Ribeiro.
Organizações Internacionais: Histórias e Práticas. Rio de Janeiro. Elsevier.
2004.
http://globotv.globo.com/globo-news/jornal-globo-news/v/roberto-azevedo-novo-diretor-geral-da-omc-da-primeira-entrevista-coletiva/2581096/
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