Kellimeire
Campos
Acadêmica do 5º Semestre
Não podemos negar que vivemos em um tempo em que a
igualdade de gênero, além de amplamente discutida, também é vivida em diversas
partes do Sistema Internacional. Porém mesmo em tempos modernos ainda vemos bem
perto de nós situações que não condizem com essa igualdade, como é o caso da
diferença salarial entre homens e mulheres que possuem o mesmo cargo no mercado
de trabalho. Segundo o Censo Demográfico do Brasil de 2010 essa diferença
chegou a ser de 30% a mais para os homens.
Além do censo, existe o Índice de Desigualdade de
Gênero (IDG), um dos indicadores complementares ao Índice de Desenvolvimento Humano
(IDH), que colocou o País no ano de 2013 na 85ª posição entre 142 nações
analisadas. Para o cálculo desse índice são considerados três aspectos: saúde
reprodutiva, autonomia e atividade econômica.
Notamos a
ascensão do papel da mulher na comunidade internacional, principalmente ao
lembrarmos de mulheres que assumiram cargos importantes e mudaram a história
das Relações Internacionais. Durante muitos anos (períodos da idade média,
renascença e modernidade) a mulher era restringida ao âmbito privado, e quando
começou a haver o acesso à educação, esse ainda era um saber utilitarista
voltado para o casamento e para família.
É na
revolução francesa que acontece uma desestabilização da ordem doméstica e do
casamento, e quando as mulheres começam a se organizar para questionar o
paradoxo da liberdade e opressão feminina, no final do século XVIII começaram a
se formar os movimentos feministas.
O período
das grandes guerras se torna importante na história da evolução do papel da
mulher, por ter sido nesse período que as mulheres demonstraram que eram
capazes de exercer cargos antes exclusivos para homens. Com a consolidação do
capitalismo surge no movimento feminista à luta sufragista, as mulheres
defendiam o sufrágio universal pensando que assim existiria a possibilidade de
haver mudanças nas instituições e nas leis.
A teoria
do Gênero nas Relações Internacionais começa a tomar relevância após a Guerra
fria, na década de 1970, considerada uma teoria pós-positivista, participa do
debate paradigmático alternativo. Apesar de possuir várias teóricas, seu foco
principal é na crítica sobre a “hierarquia do gênero, que se refere à dominação
institucionalizada do gênero masculino sobre o feminino, nas relações
econômicas, políticas, militares e religiosas, por meio da legitimação da forma
masculina heterossexual”. A corrente mais radical da teoria desconstrói os
principais conceitos dos mainstream
das Relações Internacionais, criando uma nova base para as analises de
acontecimentos internacionais.
No Sistema
Internacional a questão do gênero é colocada pela Organização das Nações Unidas
desde sua criação na carta de São Francisco. Porém foi em 1975 que a questão
ganhou visibilidade e importância, através das conferencias realizadas pela ONU
e pela promulgação desse ano como o Ano Internacional da Mulher, junto com os
dez anos seguintes que fizeram parte da Década das Nações Unidas para a Mulher.
Durante
esse período existiram três metas principais: a de igualdade de gênero; o
desenvolvimento do papel feminino na sociedade; e o combate à violência contra
a mulher. Contudo, para a implementação dos objetivos que ficaram estabelecidos,
foi criado o Fundo Voluntário das Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM).
Em 1979, a Assembleia Geral da
ONU aprovou a criação da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra a Mulher (CEDAW). Nela foi proclamado o Tratado
Internacional Fundamental para Promoção dos Direitos das Mulheres, assinado
atualmente por 173 membros da ONU.
A
Assembleia Geral em 2010 reconheceu que para tornar as questões de gênero e
igualdade reais na vida das mulheres era necessária uma organização com alcance
mundial que houvesse uma melhor coordenação de princípios e práticas. Logo
ocorreu uma fusão de quatro agências da ONU: a Divisão para a Promoção da
Mulher (DAW); o Escritório do Assessor Especial para Questões de Gênero e a
Promoção da Mulher (OSAGI); o Instituto Internacional de Pesquisa e Capacitação
para a Promoção da Mulher (INSTRAW) e a UNIFEM, tornando se uma única entidade
chamada de ONU Mulheres.
Atualmente
a ONU Mulheres (UN Women) coordena e promove o sistema da ONU para igualdade do
gênero, trabalhando junto com os governos e a sociedade civil para formulação
de programas, leis e serviços que possibilitem o avanço do empoderamento
feminino. As resoluções aprovadas pelo órgão têm caráter exclusivamente
recomendatório, não possuindo o poder de estabelecer sanções contra países ou
impor alguma ação contra um dos membros da ONU, no entanto é essa entidade que
determina o envio de recursos a determinado país, podendo ser impedido apenas
pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Referências:
SARFATI, Giberto. Teorias de Relações Internacionais.
São Paulo: Saraiva, 2005.
CASTRO, Thales. Teoria das Relações Internacionais.
Brasília: FUNAG, 2012.
http://www.valor.com.br/brasil/3045466/onu-apresenta-indices-experimentais-de-pobreza-e-desigualdade
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