Ana
Beatriz Nascimento
Acadêmica
do 6º semestre
Transformações
sociais e políticas são um dos principais marcos dos anos 2000, tendo disparado
em número e causas a partir da primavera árabe que teve início em 2010,
motivando e encorajando diversos tipos de protestos mundo a fora. O movimento
“Occupy”, inspirado nos protesto da Praça Tahrir no Cairo, ocorreu em Wall
Street em Nova Iorque, reivindicando o fim da corrupção no sistema financeiro
americano, maior igualdade social e econômica para o povo e denunciando
influências indevidas do setor financeiro sobre o governo estadunidense. O
movimento teve repercussões no Brasil, Londres, Espanha e em outras partes da
Europa.
Apesar
de ser um movimento amplamente conhecido nas mídias internacionais, poucos
sabem que um dos impulsores da ideia do movimento “Occupy” veio de um pequeno
livro chamado “Indignai-vos!”, escrito por Stephane Hessel, um diplomata
franco-alemão que participou da resistência francesa durante a ocupação alemã
durante a Segunda Guerra e, mais tarde, focou seus estudos nas desigualdades econômicas
mundiais, nos conflitos Israel-Palestina, nos Direitos Humanos e na divisão
social e política ocorrida após a Segunda Guerra Mundial.
O
livreto “Indignai-vos!” já vendeu mais de 4 milhões de cópias no mundo, e
apesar de curto, aborda temas centrais sobre as mudanças sociais e políticas
necessárias para um mundo mais justo bem como a indignação do povo. Hessel
ratifica a indignação individual contra o Estado, e o coletivo dos diversos
motivos criaria os movimentos de resistência pela responsabilidade econômica,
política e social.
A
não violência também é discutida em seu livro, como o meio mais eficaz de
protestar, com a conciliação de diferentes culturas e objetivos, como uma forma
de cessar o ciclo da violência contra violência que ocorre em muitos protestos,
segundo Hessel, “dizer para si mesmo “a violência não é eficaz” é muito mais
importante do que saber se devemos ou não condenar os que a ela se dedicam.”
Hessel
dedica parte de sua análise aos dois novos desafios do séc. XXI. O primeiro,
combater a injustiça e privação de direitos básicos como alimentação e educação
às regiões da África, Ásia e principalmente ao Haiti, locais isolados dos
benefícios da mundialização, alimentados pelo ódio e pobreza – que gera a
violência intrínseca à realidade daquele local.
O segundo desafio discutido são as constantes
violações ás liberdades e direitos fundamentais – liberdade de expressão,
liberdade de viver sem medo. Citando Franklin Roosevelt, estas liberdades são
“tão necessárias à humanidade como o ar, o sol, o pão e o sal”, ou seja,
utilizar-se da ética, da moral e da política para garantir os direitos
coletivos e individuais. Sobre todos os problemas mundiais existentes, Hessel
propõe a mudança inicial através de manifestações e organizações coletivas nos
moldes das Nações Unidas, em sua opinião, a instituição da dignidade da pessoa
humana.
Para
aqueles que farão o séc. XXI, Hessel deixa sua mensagem final. “Criar é
resistir. Resistir é criar.”
O livreto em português pode ser
encontrado on-line no seguinte link:
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