segunda-feira, 3 de junho de 2013

Política Internacional do Brasil e a política doméstica na Amazônia: Um jogo de dois níveis?


Alessandra Viviane Vasconcelos*


       Que o Brasil tem galgado posições dentro das Relações Internacionais na atual conjuntura, ocupando sua 7ª posição na economia mundial é até indiscutível, mas quando isso não reflete em sua economia doméstica chega a ser preocupante.
          Analisando o atual cenário da Amazônia, como um palco de inúmeros conflitos sociais, a exemplo dos eternos conflitos agrários insolúveis, observam-se suas lentas formas de traçar políticas públicas domésticas as quais de fato mudarão o quadro atual do Brasil em longo prazo, pois há um contraste exorbitante em ser a 7ª economia, mas em 85ª em IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) como mostra relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) De 2012.
         O governo brasileiro traçou para a Amazônia suas metas domésticas para a redução do desmatamento até 2020, o equivalente a 564 milhões de toneladas de carbono. O Pará vem tomando iniciativas a respeito, com projetos como o Programa Municípios Verdes, como acontece em Paragominas, que conseguiu grandes progressos com a parceria da Operação Arco de Fogo, realizada pela Polícia Federal, Força Nacional e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Estas entidades fiscalizaram o desmatamento, trazendo resultados satisfatórios.
          Em contrapartida, o Secretário Extraordinário para Coordenação do Programa Municípios Verdes, Justiniano Netto, em entrevista a "Pará Industrial" de junho de 2012(Revista do Sistema FIEPA), afirmou: ”Nós nunca vamos conseguir desenvolver o Pará se tivermos um estado marcado pelo desmatamento, pela falta de regularização fundiária, por conflitos sociais...”.
          A verdade é que o Brasil necessita resolver seus problemas internos, principalmente os que concernem à Amazônia, como a Reforma Agrária contendo ineficiência em sua implementação, gerando inúmeras consequências para as minorias (agricultores, indígenas e ambientalistas) trazendo mais agravantes aos conflitos na região Amazônica, deixando uma população local sem qualidade de vida, sem Segurança Alimentar, sem maiores perspectivas, colocando o IDH do Brasil no ranking internacional como um dos piores. O Brasil que tem a 2ª mulher mais poderosa do mundo como sua presidenta, um brasileiro na OMC, e um líder a frente da FAO, ainda não corrigiu seus problemas domésticos históricos.
         É interessante observar até que ponto a política internacional está influenciando a doméstica e vice-versa, não seria esse o momento do Brasil (governo e sociedade) acordar, levantar de berços esplendidos, arregaçar as mangas, e reconstruir a história do Brasil, de um povo de uma identidade amazônida tão peculiar?


Referências Bibliográficas:
NETTO, Justiniano. Pará: Meta de Reduzir em 80% o Desmatamento. Revista Pará Industrial: Do Sistema FIEPA, Belém, Ano 5, n. 20, p. 10-13, junho. 2012.

http://www.agenciapara.com.br/video.asp?id_video=593 

http://g1.globo.com/brasil/noticia/2013/03/brasil-melhora-idh-mas-mantem-85-posicao-no-ranking-mundial.html

4 comentários:

  1. Quer melhorar a imagem do Pará e acabar com as mazelas sociais do desmatamento, trabalho escravo, violéncia no campo etc e etc? Faz o que Paragominas fez

    ResponderExcluir
  2. Esse blog tá legal, só falta uma arrumadinha nesse layout

    ResponderExcluir
  3. Com certeza Anônimo, são dessas iniciativas que iremos sim acabar com conflitos e inúmeros problemas sociais, tb coma participação da sociedade em parceria com o governo.

    ResponderExcluir
  4. Essa incompatibilidade das realidades interna e externa reflete não só nos problemas sociais pela qual a Amazônia atravessa ao longo de décadas de ocupação irregular - especialmente as políticas do governo militar -, mas na estrutura industrial precária que sufoca o crescimento econômico nacional e dificulta um maior destaque no sistema internacional. Concordo com a autora do texto! O governo de Luis Inácio representa essa dicotomia, buscando um assento no conselho de segurança da ONU, em vez de tratar dos aspectos econômicos, sociais e políticos internos mais frágeis.

    ResponderExcluir