Paulo
Victor Silva Rodrigues.
Acadêmico
do 5º semestre.
No dia 18 de agosto, o
brasileiro David Miranda, em viagem de retorno ao Rio de Janeiro desde Berlin,
fez uma conexão em Londres, no aeroporto de Heathrow. Lá o mesmo foi detido
pela segurança por quase 9 horas. O ocorrido não passou despercebido pela mídia
internacional por se tratar de uma nova ‘ramificação’ do caso de Edward
Snowden, ex-funcionário da Agência de Segurança Americana (NSA, sigla em
inglês), atualmente em asilo temporário na Rússia, depois de passar por
Hong-kong, devido estar foragido do governo estadunidense após revelar arquivos
secretos sobre a rede de espionagem que este país vem executando há alguns anos.
Nos últimos meses se tem
percebido o quão delicado é o caso de Snowden e de todos os que se propuseram
em de alguma forma auxiliar na divulgação das informações sobre a prática de
espionagem americana.
Destacam-se dois conceitos estudados dentro da
História das Relações Internacionais: a ‘História Narrada’ de um país,
onde os fatos que serão contados sobre o mesmo são escolhidos, ou seja, nem
tudo acaba se tornam de conhecimento público; por outro lado, há também a ‘História
Vivida’, onde são ‘observados e contados’ as práticas (ações) do cotidiano,
isto é, nesse, o país acaba não tendo controle a cerca do que é revelado sobre
si, dessa maneira, os segredos não permanecem ocultos; assim como aconteceu com
os documentos secretos da NSA liberados por Snowden.
Levando em consideração isto,
há que ser pensado que os Estados Unidos, hoje, são um país ‘irritado’, já que
algo que deveria ser secreto veio à tona. Assim, a detenção de David Miranda em
Heathrow pode estar ligada ao governo Norte-americano, mas por quê?
Porque o jornalista
britânico que é correspondente para o jornal The Guardian, no Rio de Janeiro, Gleen Greenwald é companheiro do
brasileiro que foi detido em Londres. O jornalista é famoso por ter produzido
uma série de reportagens sobre o esquema de espionagem americana, utilizando
como fonte os documentos de E. Snowden. David Miranda afirmou ter sido interrogado
por autoridades britânicas acerca de futuras reportagens que seu
companheiro fará sobre a rede de ciberespionagem
americana, além de ter tido seus equipamentos eletrônicos confiscados, o
que gera a dúvida se possíveis dados de Snowden que forneceriam à Greenwald
mais material para produção de novas reportagens foram copiados e/ou
destruídos.
A detenção de Miranda com
base no Ato Antiterrorista 2000 em vigor na Grã-Bretanha (considerado por
muitos um Ato polêmico) que ‘’permite que
cidadãos em aeroportos britânicos sejam interrogados (sem que haja
necessariamente uma suspeita contra eles), revistados e detidos por até nove
horas - depois disso, ou são liberados ou formalmente acusados’’, serviu
como uma tentativa de intimidação e um ataque à liberdade de
expressão para tentar conter a divulgação de mais informações sobre o
sistema de espionagem americana?
Se sim, além de ser uma
violação ao direito a liberdade de imprensa, dificilmente novas publicações
deixarão de serem produzidas, já que o jornalista britânico – Greenwald – disse
que "deter familiares e entes queridos de jornalistas é simplesmente
despótico". Além de que o mesmo afirmou que não irá ser reprimido por essa
ação e que produzirá mais reportagens sobre esse tema e com muito mais rigor.
Portanto, nota-se que além
de o caso de Edward Snowden estar longe de um fim, novas situações envolvendo o
americano e os documentos secretos por ele divulgados não deixarão de surgir. O
que se pergunta é, quais os próximos passos a serem dados pelo governo
norte-americano na tentativa de reprimir novas revelações sobre seu sistema de
espionagem cibernética?
texto extraordinário!!
ResponderExcluirOs acontecimento atuais relacionados a espionagem cibernética, nos levam a refletir o quanto nossa privacidade, enquanto pais e individualmente, é invadida pelos EUA. Que tentam de todas as formas dominar o mundo, não bastasse economicamente, belicamente e agora pelos meios de comunicação. Penso que ao lançarem a globalização já estariam pensando nessa forma de domínio. Até onde nos submeter?!
ResponderExcluirExcelente Texto !
ResponderExcluirFizestes uma boa abordagem e analise desse caso.
Os EUA dificilmente ficaram acuados com tudo o que já foi revelado, e como você destacou - Os EUA estão irritados - e
com certeza continuarão fazendo 'ações' como essa para tentar
evitar que se divulguem mais informações do seu sistema de espionagem, mesmo que para isso infrinjam a liberdade de imprensa. O que é inaceitável.