domingo, 1 de setembro de 2013

Brasileiro detido em Londres e o caso Snowden

Paulo Victor Silva Rodrigues.
Acadêmico do 5º semestre.

No dia 18 de agosto, o brasileiro David Miranda, em viagem de retorno ao Rio de Janeiro desde Berlin, fez uma conexão em Londres, no aeroporto de Heathrow. Lá o mesmo foi detido pela segurança por quase 9 horas. O ocorrido não passou despercebido pela mídia internacional por se tratar de uma nova ‘ramificação’ do caso de Edward Snowden, ex-funcionário da Agência de Segurança Americana (NSA, sigla em inglês), atualmente em asilo temporário na Rússia, depois de passar por Hong-kong, devido estar foragido do governo estadunidense após revelar arquivos secretos sobre a rede de espionagem que este país vem executando há alguns anos.
Nos últimos meses se tem percebido o quão delicado é o caso de Snowden e de todos os que se propuseram em de alguma forma auxiliar na divulgação das informações sobre a prática de espionagem americana.
 Destacam-se dois conceitos estudados dentro da História das Relações Internacionais: a ‘História Narrada’ de um país, onde os fatos que serão contados sobre o mesmo são escolhidos, ou seja, nem tudo acaba se tornam de conhecimento público; por outro lado, há também a ‘História Vivida’, onde são ‘observados e contados’ as práticas (ações) do cotidiano, isto é, nesse, o país acaba não tendo controle a cerca do que é revelado sobre si, dessa maneira, os segredos não permanecem ocultos; assim como aconteceu com os documentos secretos da NSA liberados por Snowden.
Levando em consideração isto, há que ser pensado que os Estados Unidos, hoje, são um país ‘irritado’, já que algo que deveria ser secreto veio à tona. Assim, a detenção de David Miranda em Heathrow pode estar ligada ao governo Norte-americano, mas por quê?
Porque o jornalista britânico que é correspondente para o jornal The Guardian, no Rio de Janeiro, Gleen Greenwald é companheiro do brasileiro que foi detido em Londres. O jornalista é famoso por ter produzido uma série de reportagens sobre o esquema de espionagem americana, utilizando como fonte os documentos de E. Snowden. David Miranda afirmou ter sido interrogado por autoridades britânicas acerca de futuras reportagens que seu companheiro fará sobre a rede de ciberespionagem americana, além de ter tido seus equipamentos eletrônicos confiscados, o que gera a dúvida se possíveis dados de Snowden que forneceriam à Greenwald mais material para produção de novas reportagens foram copiados e/ou destruídos.
A detenção de Miranda com base no Ato Antiterrorista 2000 em vigor na Grã-Bretanha (considerado por muitos um Ato polêmico) que ‘’permite que cidadãos em aeroportos britânicos sejam interrogados (sem que haja necessariamente uma suspeita contra eles), revistados e detidos por até nove horas - depois disso, ou são liberados ou formalmente acusados’’, serviu como uma tentativa de intimidação e um ataque à liberdade de expressão para tentar conter a divulgação de mais informações sobre o sistema de espionagem americana?
Se sim, além de ser uma violação ao direito a liberdade de imprensa, dificilmente novas publicações deixarão de serem produzidas, já que o jornalista britânico – Greenwald – disse que "deter familiares e entes queridos de jornalistas é simplesmente despótico". Além de que o mesmo afirmou que não irá ser reprimido por essa ação e que produzirá mais reportagens sobre esse tema e com muito mais rigor.
Portanto, nota-se que além de o caso de Edward Snowden estar longe de um fim, novas situações envolvendo o americano e os documentos secretos por ele divulgados não deixarão de surgir. O que se pergunta é, quais os próximos passos a serem dados pelo governo norte-americano na tentativa de reprimir novas revelações sobre seu sistema de espionagem cibernética?


3 comentários:

  1. Os acontecimento atuais relacionados a espionagem cibernética, nos levam a refletir o quanto nossa privacidade, enquanto pais e individualmente, é invadida pelos EUA. Que tentam de todas as formas dominar o mundo, não bastasse economicamente, belicamente e agora pelos meios de comunicação. Penso que ao lançarem a globalização já estariam pensando nessa forma de domínio. Até onde nos submeter?!

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  2. Excelente Texto !
    Fizestes uma boa abordagem e analise desse caso.
    Os EUA dificilmente ficaram acuados com tudo o que já foi revelado, e como você destacou - Os EUA estão irritados - e
    com certeza continuarão fazendo 'ações' como essa para tentar
    evitar que se divulguem mais informações do seu sistema de espionagem, mesmo que para isso infrinjam a liberdade de imprensa. O que é inaceitável.

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