sábado, 28 de setembro de 2013

O Papel do Internacionalista na Região Amazônica

Arthur Lisboa.
Internacionalista formado pela UNAMA.
A carreira de Internacionalista é nova, promissora e desafiadora. Muitos entram no curso por preferências pessoais, sem a menor ideia do que é ser um internacionalista e quais são as possibilidades que a profissão oferece, especialmente em nossa região, que apresenta uma relativa distância do centro econômico-financeiro-político principal do Brasil, mas que está inserida dentro do território de maior riqueza em potencial do país, a Amazônia. Esse artigo pretende esclarecer um pouco do papel desempenhado por esses profissionais e os desafios do internacionalista.
E quando se fala em Amazônia, temos que ter em vista, que a questão ambiental tem ocupado um papel de importância cada vez maior nas Relações Internacionais. A partir da Eco-92, governos do mundo inteiro e segmentos da sociedade civil estiveram unidos em prol do estabelecimento de ações comuns para proteção do meio ambiente. Metas foram estabelecidas, sendo o principal resultado a criação da Agenda 21  e do PPG7, um programa piloto de proteção das florestas tropicais como a Amazônia, que contava com o auxílio do G7. Essa conferência, entretanto, foi um resultado de iniciativas anteriores, como o Relatório Brundtland, ou também denominado "Nosso Futuro Comum", um marco que trouxe para a ONU uma discussão presente das relações antrópica com o meio ambiente e suas consequências e se formulou o conceito mais aceito de desenvolvimento sustentável, sendo o Processo que "satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer as necessidades das gerações futuras". Em outras palavras, usufruir, sem destruir ou comprometer.
No foco da discussão, a Amazônia é a maior floresta tropical do mundo, abrigando a maior biodiversidade existente no planeta e com áreas ainda totalmente inexploradas. É fato de que, cada vez mais se torna essencial pesquisar a fauna e a flora, que potencialmente contém substâncias de alto valor para a medicina, moda, cosméticos. Porém, a Amazônia e o seu papel ecológico é muito mais complexa que isso, sendo uma verdadeira reserva de recursos essenciais para a sobrevivência da humanidade. As suas belezas naturais servem de inspiração à qualquer arte antrópica. Outro fator a ser levado em consideração, são as populações nativas, que enfrentam muitas vezes o isolamento e os problemas que dele advém.
A Amazônia apresenta um sério problema de segurança, devido a sua imensidão de áreas fronteiriças, que contém baixos níveis populacionais, facilitando a entrada de produtos piratas, narcotraficantes e imigrantes ilegais. Em consequência disso, a Política de Defesa Nacional do Brasil, a caracteriza como área prioritária de proteção, devido a seu potencial em riquezas minerais e biodiversidade. Nesse sentido, a carreira mais tradicional que um internacionalista pode escolher, sonho de muitos que ingressam no curso, é a do Diplomata, que tem como atribuição mais básica, a defesa dos interesses nacionais. O profissional, de origem amazona, conhecedor da realidade de nossa região, tem a aptidão para, acima de tudo, zelar pela proteção e aproveitamento científico de seus recursos, a partir de acordos de colaboração científica, centros de estudo e pesquisa, entre outras alternativas que gerem práticas de desenvolvimento sustentáveis.
Em relação a carreira na iniciativa privada, ela é muito mais influenciada pela Amazônia do que comumente se imagina. Quando buscamos um mercado internacional, a região se apresenta como nossa marca mais valiosa, nossa associação e identidade, que gera no mínimo curiosidade e muitas vezes, a empatia do mercado externo. Duro de admitir, muitos profissionais ainda apresentam resistência e mesmo buscam esconder as raízes e origens regionais em sua imagem empresarial, um erro tremendo. Por conta disso, deixamos de lado o que temos de melhor, nosso diferencial.
Em sua inserção no mercado de trabalho, o internacionalista tem uma grande vantagem em relação as demais profissões, a partir da dimensão de seu amplo campo de estudo, que o prepara para assumir cargos de gerência e liderança em empresas, tendo conhecimentos político, econômico e administrativo reunidos. As multinacionais adoram esse perfil, não a toa, existem vários processos de Trainee oferecidos aos recém formados na área. Eu mesmo escolhi essa área, ou melhor, ela me escolheu, quando tive a oportunidade de ingressar em um estágio na área de mercado do SEBRAE/PA, ainda cursando o terceiro semestre de graduação, o que me permitiu ter contato com empresas e participar de capacitações, o que gerou visibilidade de meu trabalho e o networking necessário para ser contratado como Gerente Comercial em uma empresa (ou melhor, conjunto de empresas) que engatinhava rumo à exportação.
O desafio de assumir - sozinho - a área de vendas internacionais de uma empresa de pequeno porte em nossa região, não é coisa pouca. Inúmeras decisões dependem do Gerente, desde a estratégia de inserção da empresa no mercado internacional, da conscientização do preparo e refinamento do produto para o mercado desejado, da logística utilizada, até a efetivação das negociações e vendas. Tudo envolve riscos, e podem estar certos que haverão erros e acertos. Mas o resultado inevitável é o amadurecimento profissional e pessoal.
Em uma de nossas primeiras missões para fora do país, representando a empresa em uma feira setorial internacional em Paris/FR, cometemos o erro de optar por um visual limpo de stand, buscando o profissionalismo e o destaque para as peças que levávamos por si só. Acontece que, ao associar a marca à região de maneira mais forte, uma empresa de Manaus que também esteve presente quase ao nosso lado, atraia muito mais atenção, ao passo que a tornou diferente de tudo e de todas as outras presentes na feira. As lições aprendidas a partir do erro são duras, e aprendemos de modo a não repeti-lo.
O Internacionalista seguidor da carreira acadêmica, levará o arcabouço do conhecimento da Amazônia aos seus artigos, monografias e teses, disseminando informações que deverão cada vez mais conscientizar a respeito da realidade de nossa região, trocando experiências com alunos, estudiosos e interessados de outras localidades, muitas vezes alheios ao que acontece nos limites austrais do país. Seus trabalhos trarão a um produto que não se encontra a venda diretamente, mas que deve ser depreendido, o esclarecimento e a informação criada a partir de um pensamento acadêmico que atende a nossas perspectivas e visões.

Dentro desse contexto, o internacionalista, detentor da gama de conhecimentos, independente do caminho profissional que escolher, levará como missão a defesa desse bem fundamental, sempre tendo em vista que o dinamismo da profissão requer a constante atualização, a partir de um exercício diário e infalível. A Amazônia será sempre um tema que nos acompanhará independente dos caminhos e objetivos individuais, entretanto, sempre existirá a necessidade de procurar conhecê-la e compreendê-la mais a fundo. 

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