Arthur Lisboa.
Internacionalista formado pela UNAMA.
Internacionalista formado pela UNAMA.
A carreira de Internacionalista é nova, promissora e
desafiadora. Muitos entram no curso por preferências pessoais, sem a menor
ideia do que é ser um internacionalista e quais são as possibilidades que a
profissão oferece, especialmente em nossa região, que apresenta uma relativa
distância do centro econômico-financeiro-político principal do Brasil, mas que
está inserida dentro do território de maior riqueza em potencial do país, a
Amazônia. Esse artigo pretende esclarecer um pouco do papel desempenhado por
esses profissionais e os desafios do internacionalista.
E quando se fala em Amazônia, temos que ter em vista, que
a questão ambiental tem ocupado um papel de importância cada vez maior nas Relações
Internacionais. A partir da Eco-92, governos do mundo inteiro e segmentos da
sociedade civil estiveram unidos em prol do estabelecimento de ações comuns
para proteção do meio ambiente. Metas foram estabelecidas, sendo o principal
resultado a criação da Agenda 21 e do
PPG7, um programa piloto de proteção das florestas tropicais como a Amazônia,
que contava com o auxílio do G7. Essa conferência, entretanto, foi um resultado
de iniciativas anteriores, como o Relatório Brundtland, ou também denominado
"Nosso Futuro Comum", um marco que trouxe para a ONU uma discussão
presente das relações antrópica com o meio ambiente e suas consequências e se
formulou o conceito mais aceito de desenvolvimento sustentável, sendo o
Processo que "satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer as
necessidades das gerações futuras". Em outras palavras, usufruir, sem
destruir ou comprometer.
No foco da discussão, a Amazônia é a maior floresta
tropical do mundo, abrigando a maior biodiversidade existente no planeta e com
áreas ainda totalmente inexploradas. É fato de que, cada vez mais se torna
essencial pesquisar a fauna e a flora, que potencialmente contém substâncias de
alto valor para a medicina, moda, cosméticos. Porém, a Amazônia e o seu papel
ecológico é muito mais complexa que isso, sendo uma verdadeira reserva de
recursos essenciais para a sobrevivência da humanidade. As suas belezas
naturais servem de inspiração à qualquer arte antrópica. Outro fator a ser
levado em consideração, são as populações nativas, que enfrentam muitas vezes o
isolamento e os problemas que dele advém.
A Amazônia apresenta um sério problema de segurança,
devido a sua imensidão de áreas fronteiriças, que contém baixos níveis
populacionais, facilitando a entrada de produtos piratas, narcotraficantes e
imigrantes ilegais. Em consequência disso, a Política de Defesa Nacional do
Brasil, a caracteriza como área prioritária de proteção, devido a seu potencial
em riquezas minerais e biodiversidade. Nesse sentido, a carreira mais
tradicional que um internacionalista pode escolher, sonho de muitos que
ingressam no curso, é a do Diplomata, que tem como atribuição mais básica, a
defesa dos interesses nacionais. O profissional, de origem amazona, conhecedor
da realidade de nossa região, tem a aptidão para, acima de tudo, zelar pela
proteção e aproveitamento científico de seus recursos, a partir de acordos de
colaboração científica, centros de estudo e pesquisa, entre outras alternativas
que gerem práticas de desenvolvimento sustentáveis.
Em relação a carreira na iniciativa privada, ela é muito
mais influenciada pela Amazônia do que comumente se imagina. Quando buscamos um
mercado internacional, a região se apresenta como nossa marca mais valiosa,
nossa associação e identidade, que gera no mínimo curiosidade e muitas vezes, a
empatia do mercado externo. Duro de admitir, muitos profissionais ainda
apresentam resistência e mesmo buscam esconder as raízes e origens regionais em
sua imagem empresarial, um erro tremendo. Por conta disso, deixamos de lado o
que temos de melhor, nosso diferencial.
Em sua inserção no mercado de trabalho, o
internacionalista tem uma grande vantagem em relação as demais profissões, a
partir da dimensão de seu amplo campo de estudo, que o prepara para assumir
cargos de gerência e liderança em empresas, tendo conhecimentos político,
econômico e administrativo reunidos. As multinacionais adoram esse perfil, não
a toa, existem vários processos de Trainee oferecidos aos recém formados na
área. Eu mesmo escolhi essa área, ou melhor, ela me escolheu, quando tive a oportunidade
de ingressar em um estágio na área de mercado do SEBRAE/PA, ainda cursando o
terceiro semestre de graduação, o que me permitiu ter contato com empresas e
participar de capacitações, o que gerou visibilidade de meu trabalho e o
networking necessário para ser contratado como Gerente Comercial em uma empresa
(ou melhor, conjunto de empresas) que engatinhava rumo à exportação.
O desafio de assumir - sozinho - a área de vendas
internacionais de uma empresa de pequeno porte em nossa região, não é coisa
pouca. Inúmeras decisões dependem do Gerente, desde a estratégia de inserção da
empresa no mercado internacional, da conscientização do preparo e refinamento
do produto para o mercado desejado, da logística utilizada, até a efetivação
das negociações e vendas. Tudo envolve riscos, e podem estar
certos que haverão erros e acertos. Mas o resultado inevitável é o
amadurecimento profissional e pessoal.
Em uma de nossas
primeiras missões para fora do país, representando a empresa em uma feira
setorial internacional em Paris/FR, cometemos o erro de optar por um visual
limpo de stand, buscando o profissionalismo e o destaque para as peças que
levávamos por si só. Acontece que, ao associar a marca à região de maneira mais
forte, uma empresa de Manaus que também esteve presente quase ao nosso lado,
atraia muito mais atenção, ao passo que a tornou diferente de tudo e de todas
as outras presentes na feira. As lições aprendidas a partir do erro são duras,
e aprendemos de modo a não repeti-lo.
O Internacionalista
seguidor da carreira acadêmica, levará o arcabouço do conhecimento da Amazônia
aos seus artigos, monografias e teses, disseminando informações que deverão
cada vez mais conscientizar a respeito da realidade de nossa região, trocando
experiências com alunos, estudiosos e interessados de outras localidades,
muitas vezes alheios ao que acontece nos limites austrais do país. Seus
trabalhos trarão a um produto que não se encontra a venda diretamente, mas que
deve ser depreendido, o esclarecimento e a informação criada a partir de um
pensamento acadêmico que atende a nossas perspectivas e visões.
Dentro desse
contexto, o internacionalista, detentor da gama de conhecimentos, independente
do caminho profissional que escolher, levará como missão a defesa desse bem
fundamental, sempre tendo em vista que o dinamismo da profissão requer a
constante atualização, a partir de um exercício diário e infalível. A Amazônia
será sempre um tema que nos acompanhará independente dos caminhos e objetivos
individuais, entretanto, sempre existirá a necessidade de procurar conhecê-la e
compreendê-la mais a fundo.
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