Rodrigo Junior Lobo
Acadêmico do 8º semestre
Em alusão ao autor uruguaio
Eduardo Galeano, que na década de 1970 escreveu “As Veias Abertas da América
Latina”, convido a fazermos uma análise sobre a Amazônia do ponto de vista
sócio-estrutural. A Amazônia, vista sob o aspecto internacional, já demonstrou
ser interesse de muitos países, pela sua diversidade vegetal, mineral,
potencial hídrico ou farmacêutico, e muitos outros. Sua localização geográfica
permite um potencial de navegação ou mesmo a construção de uma rede de
hidrovias que seria a cobiça de muitos países industrializados, sendo, até hoje
almejada a internacionalização da região.
No entanto, o Brasil e as
nações Sul-Americanas que detêm soberania sobre a região ainda não despertaram
para a construção de uma rede infraestrutural que atendesse a preservação e a
proteção da região [referindo-me à proteção sob o ponto de vista da soberania].
Precisamos entender que só haverá garantias,
no entendimento das relações internacionais e do direito internacional – se respeitado – quando a região passar a
ser vista por Brasília, La Paz, Lima, Quito, Bogotá, Caracas, Georgetown e
Paramaribo, como a área mais valiosa de seus territórios e, trabalhando de
maneira pragmática e conjunta, valorizando o potencial humano mais brilhante e
o corpo técnico mais competente para a construção de um projeto de
desenvolvimento que conecte a região, obedecendo, no entanto, seus limites
naturais.
Boas intenções permeiam
projetos e acordos na região, como é o caso daqueles em organizações como a
OTCA e UNASUL, mas até o momento são apenas boas intenções. Nosso modelo de
integração precisa, de certo modo, olhar para as regiões do mundo mais
fortemente integradas e aprender com elas os caminhos já percorridos e,
consequentemente, adaptá-las à região, descartando particularidades além-mar,
criando aqui novas perspectivas sob o ponto de vista e necessidades da Amazônia.
Nossas nações precisam não
só olhar para os oceanos à frente delas, mas também olhar para o seu interior,
que erroneamente é visto pela maioria dos habitantes das grandes metrópoles da
América do Sul como um grande vazio demográfico, floresta apenas. Somos mais de
30 milhões, que ao longo da história fomos deixados à nossa própria sorte, gerenciando
o nosso próprio abandono. Surpreendentemente, a região mais rica do planeta, em
termos de biodiversidade, potencial hídrico, energético e mineral apresenta os
índices sociais mais baixos do continente e, comparativamente, um dos índices
de desenvolvimento humano mais calamitosos do planeta.
Mas, de nada adiantará a
construção de enormes autopistas cortando a floresta, redes de hidrovias e
canais em nossos rios, possibilitando a ligação do Atlântico aos Andes, do
Pacífico ao Mar do Caribe, explorar todo nosso potencial energético com
hidroelétricas, construir portos, aeroportos, sistemas de proteção e vigilância
de fronteiras e imigração, redes eficientes de transporte de massa sobre
trilhos, casas dignas, e verticalizar sua produção se a nossa prioridade máxima
ainda não for construir a melhor sala de aula e treinar o melhor corpo docente
para que nossas crianças tenham as melhores oportunidades como cidadãos plenos.
Oxalá o dia em que a Amazônia abrir suas veias para si própria.
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