segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Veias Fechadas da Amazônia

Rodrigo Junior Lobo
Acadêmico do 8º semestre

Em alusão ao autor uruguaio Eduardo Galeano, que na década de 1970 escreveu “As Veias Abertas da América Latina”, convido a fazermos uma análise sobre a Amazônia do ponto de vista sócio-estrutural. A Amazônia, vista sob o aspecto internacional, já demonstrou ser interesse de muitos países, pela sua diversidade vegetal, mineral, potencial hídrico ou farmacêutico, e muitos outros. Sua localização geográfica permite um potencial de navegação ou mesmo a construção de uma rede de hidrovias que seria a cobiça de muitos países industrializados, sendo, até hoje almejada a internacionalização da região.


No entanto, o Brasil e as nações Sul-Americanas que detêm soberania sobre a região ainda não despertaram para a construção de uma rede infraestrutural que atendesse a preservação e a proteção da região [referindo-me à proteção sob o ponto de vista da soberania].
 Precisamos entender que só haverá garantias, no entendimento das relações internacionais e do direito internacional – se respeitado – quando a região passar a ser vista por Brasília, La Paz, Lima, Quito, Bogotá, Caracas, Georgetown e Paramaribo, como a área mais valiosa de seus territórios e, trabalhando de maneira pragmática e conjunta, valorizando o potencial humano mais brilhante e o corpo técnico mais competente para a construção de um projeto de desenvolvimento que conecte a região, obedecendo, no entanto, seus limites naturais.
Boas intenções permeiam projetos e acordos na região, como é o caso daqueles em organizações como a OTCA e UNASUL, mas até o momento são apenas boas intenções. Nosso modelo de integração precisa, de certo modo, olhar para as regiões do mundo mais fortemente integradas e aprender com elas os caminhos já percorridos e, consequentemente, adaptá-las à região, descartando particularidades além-mar, criando aqui novas perspectivas sob o ponto de vista e necessidades da Amazônia.
Nossas nações precisam não só olhar para os oceanos à frente delas, mas também olhar para o seu interior, que erroneamente é visto pela maioria dos habitantes das grandes metrópoles da América do Sul como um grande vazio demográfico, floresta apenas. Somos mais de 30 milhões, que ao longo da história fomos deixados à nossa própria sorte, gerenciando o nosso próprio abandono. Surpreendentemente, a região mais rica do planeta, em termos de biodiversidade, potencial hídrico, energético e mineral apresenta os índices sociais mais baixos do continente e, comparativamente, um dos índices de desenvolvimento humano mais calamitosos do planeta.

Mas, de nada adiantará a construção de enormes autopistas cortando a floresta, redes de hidrovias e canais em nossos rios, possibilitando a ligação do Atlântico aos Andes, do Pacífico ao Mar do Caribe, explorar todo nosso potencial energético com hidroelétricas, construir portos, aeroportos, sistemas de proteção e vigilância de fronteiras e imigração, redes eficientes de transporte de massa sobre trilhos, casas dignas, e verticalizar sua produção se a nossa prioridade máxima ainda não for construir a melhor sala de aula e treinar o melhor corpo docente para que nossas crianças tenham as melhores oportunidades como cidadãos plenos. Oxalá o dia em que a Amazônia abrir suas veias para si própria.

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