quarta-feira, 9 de outubro de 2013

As Religiões e as Relações Internacionais.




Gisela Astrid Bello Gomes
Bacharel em Relações Internacionais pela UNAMA.

As religiões foram responsáveis por muitas das maiores instituições de poder político, social e econômico durante séculos. Todavia, nos últimos tempos observa-se um enfraquecimento na sua influência desde o século XVII com a Paz de Vestfália, quando o embrião da diplomacia moderna é formado, bem como os conceitos de Estado-nação e soberania. Ainda assim, no século XXI é possível abordar diversos temas envolvendo as religiões e sua importância nos mais variados aspectos da sociedade, inclusive nas Relações Internacionais.
Cada religião possui as suas próprias peculiaridades, mas o que se pode concluir sobre elas é que todas exercem um papel relevante na sociedade, sobretudo o Cristianismo, o Islamismo e o Judaísmo. Apesar de se diferenciarem em diversos pontos, as três religiões mais predominantes do mundo possuem características em comum, tais como suas origens abraâmicas e o monoteísmo.
Discutem-se bastante o objetivo, as leis e as ideias religiosas, porém, não há um consenso acerca disso. Isso é, possivelmente, a principal razão que possibilita interpretações diversas sobre estes assuntos, fazendo com que uns estejam motivados a praticar atos de bondade em nome de sua religião, enquanto outros estejam motivados a cometer uma série de atentados que ameaçam a integridade física e emocional intencionalmente de inúmeras pessoas em nome da mesma religião. Muitos estudiosos optam por chamar estes atos de “ataques terroristas religiosos”, que pode ser uma forma equivocada e ofensiva de expressão, uma vez que se faria possível deduzir que a religião propaga o terrorismo.
Desde os atentados do 11/09 as religiões, sobretudo o Islamismo, vêm se destacando no meio acadêmico devido aos ataques terroristas de teor supostamente religioso. É viável lembrar que o Terrorismo se encaixa no high politics, uma vez que ameaça a segurança de diversos países. O “efeito religioso” ganha inúmeros aspectos diferenciais nas atitudes terroristas, tal como ter de “sacrificar-se no mundo” com o pensamento de que a vida após a morte compensará isso, por exemplo.
Nas Relações Internacionais, é possível perceber inúmeros pontos de vista em relação a isso, em que alguns teóricos como Samuel Huntington priorizam as ideologias e religiões, sobretudo após a Guerra-Fria, e alguns ativistas políticos como Chomsky priorizam a sociedade e a economia.
Vale lembrar que, embora muito se tenha abordado o Islamismo nas Relações Internacionais, o Cristianismo ainda é o que mais tem seguidores no mundo; e não só isso: o Protestantismo, que é uma vertente do Cristianismo, é a religião predominante do hegemon, Estados Unidos da América, e possui papel crucial em diversas questões culturais, sociais, econômicas e políticas.
É bem possível que esta religião esteja bem enraizada neste país a ponto de influenciar os pensamentos e costumes dos estadunidenses cotidianamente, até mesmo dos que não são seguidores. Parece, então, que a política dos Estados Unidos pode estar bastante voltada para ideais cristãos. Assim sendo, parece viável afirmar que a importância da religião não se limita a apenas uma área demográfica específica, e sim a nível mundial.
Com um tema tão rico como esse, talvez considerar apenas um único fator de forma isolada não seja a opção mais apropriada. Portanto, refletir é um exercício a ser feito para que se possa enxergar de forma crítica um assunto que está mais presente na sociedade do que se imagina. Pergunta: o quão presente estão as religiões nas relações internacionais?


2 comentários:

  1. Texto forte e bem pertinente em certos pontos ao que se diz que os ataques terroristas não são fontes de uma religião. Ha um preconceito tremendo em relação a ataques terroristas hoje que são noticiados pela mídia para a massa. Há pessoas que associam logo a organizações como al Qaeda e etc pelo fato desta estar tão em voga desde os ataques durante o 11/09, quando na verdade existe outros motivos que levaram a isso. Posso estar falando besteira, mas religião e politica estão fortemente ligados e ao mesmo tempo é uma ligação frágil que se deve ter muito cuidado a liga-las.

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  2. Muito bom o texto. Claro, preciso e abordando um tema cada vez mais presente no cotidiano de todos nós. Parabéns à autora.

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