sábado, 26 de outubro de 2013

Resenha: Nascido em 4 de Julho

Danilo Ebúrneo
Acadêmico do 5º Semestre.




Nome original: Born on the Fourth of July
Lançamento: 1989 (145min) 
Dirigido por: Oliver Stone 
Com: Tom Cruise, Willem Dafoe
Gênero: Guerra/Drama 
Nacionalidade: EUA



Sinopse: Ron Kovic (Tom Cruise) é um rapaz idealista e cheio de sonhos, que deixa a namorada (Kyra Sedgwick) e a família para ir lutar no Vietnã. Já na guerra, ele é ferido e fica paraplégico. Ao voltar aos Estados Unidos é recebido como herói, mas logo se vê confrontando com a realidade do preconceito aos deficientes físicos, mesmo aqueles considerados heróis de guerra. Ron decide então se juntar a outros para lutar pelos seus direitos, agora negados pelo país que os enviara para a guerra.

Ao pensar no filme que encerraria a trilogia sobre filmes da Guerra do Vietnam, tinha certeza que iria escolher alguma obra do diretor Oliver Stone, que filmou o famoso Platoon, considerado por alguns o melhor filme de guerra já feito. Apesar de não concordar com isso (Há filmes mais competentes, como O Resgate do Soldado Ryan de Steven Spielberg, e claro, os dois filmes anteriores Apocalypse Now e Nascido Para Matar que foram analisados dos posts passados) eu acredito que Platoon é um grande filme filme, mas penso que a melhor forma de fechar o ciclo é com a outra obra menos conhecida do diretor: Nascido em 4 de Julho.
Podemos perceber que nos filmes anteriores sobre a Guerra do Vietnam, os realizadores tratam do assunto de forma semelhante, mas com abordagens diferentes. Em Apocalypse Now vimos a falta de humanidade fazendo parte da alma dos personagens como uma doença, sempre presente nas mais diferentes formas. Em Nascido Para Matar, Stanley Kubrick nos mostrou o processo da desumanização, desde o treinamento (falho em todos os sentidos) dos novos soldados até quando chegam no front, exibindo comportamentos totalmente reprováveis. Apesar disso, ambos os filmes tratam de mostrar que essa guerra não era popular nos EUA, e que as informações sobre quem estava vencendo eram constantemente manipuladas para a batalha cair nas graças da população. Mesmo citando essas partes importantes, nenhum deles chega a se aprofundar nessas questões, até que Nascido em 4 de Julho foi lançado...
O roteiro, que é baseado no livro do verdadeiro Ron Kovic e escrito por e Judy L. Ruskin trabalha na transformação do jovem protagonista de maneira um pouco lenta, mas extremamente sútil. No início do filme, Ron Kovic (Tom Cruise) se mostra um rapaz bem tradicional, que ao acompanhar as notícias da guerra se sente obrigado a ajudar a sua amada nação. Nesse contexto, Ron se alista no exército, deixando a namorada e a família para trás.

No decorrer do filme, podemos acompanhar a mudança da mentalidade do protagonista de um jeito que qualquer um de nós pode se identificar, pois ao contrário dos personagens de outros filmes, Ron era idealista de uma forma relativamente inocente, mas que aos poucos caiu em uma realidade devastadora que nenhum ser humano desejaria passar. O roteiro tratou de fazer com que acontecimentos fizessem com que o rapaz desabasse tanto fisicamente quanto emocionalmente...
Na segunda parte do filme podemos ver Ron voltando para casa. Dessa vez, o protagonista está com outro pensamento, um que é diferente do que era quando foi embora. Ao fazer ele cria expectativas sobre a sua nova ‘’ vida de herói’’ o filme realmente mostra ao que veio, e Oliver Stone dessa vez, aponta o dedo no rosto dos governantes Norte Americanos dizendo que essa guerra foi um erro, um que não irá ser consertado de nenhuma forma.
A atuação de William Dafoe no filme é pequena, mas muito marcante. Do mesmo jeito, a interpretação de Tom Cruise é muito intensa, mostrando que ele se entregou totalmente ao papel. Do rapaz idealista ao futuro ativista, ele se mostrou muito competente, e não é de se estranhar que esse foi o papel que lançou o jovem ator ao mundo do estrelato. 




Já a direção de fotografia de Richard L. Johnson é competente ao acompanhar as diversas etapas dos acontecimentos. No início do filme as cores são vivas e limpas, mostrando a vida tranquila que Ron levava. Já no Vietnam, o visual se torna amarelado, o que nos remete ao árido campo de batalha. Na volta de Ron, o seu quarto está mais escuro, e toda vez que mostram um personagem que voltou da guerra, o cenário está mais escuro do que o normal (Cena do prostíbulo) mostrando que aqueles homens perderam mais do que uma perna na Guerra.
Todos os acontecimentos do longa me fizeram refletir de uma forma diferente. Na época que vi esse filme pela primeira vez eu ainda estava no segundo ano do ensino médio e eu não tinha todo o conhecimento que o curso de Relações Internacionais me proporcionou e continua me proporcionando. Todos os dias estudamos conflitos internacionais das mais variadas formas, seja entre estados ou grandes empresas, todos eles são baseados em teorias e legislações que serão importantes para quando formos colocar em prática nossos conhecimentos. Mas ao nos focar totalmente em defender os interesses dos países que representamos, esquecemos que quem faz a Guerra (seja ela qual for) são trabalhadores, filhos e pais de família, e que ao começar uma guerra armada nos tornamos de certa forma inúteis, pois antes que acordos possam parar um combate, muitas vidas já se perderam e os que voltam pra casa deixaram parte de si na guerra. O personagem de Ron é uma representação disso. Mesmo que apenas ele tivesse voltado do Vietnam daquela forma, já teria sido uma grande perda. O ideal seria que nós, como futuros representantes de estados pudéssemos deixar as vezes o interesse do próprio estado de lado e pensássemos em um bem maior. E como diria a famosa frase: ‘’ A guerra é a escolha dos que não irão lutar’’.

Mesmo que o filme de Oliver Stone apontasse tanta hipocrisia no discurso de patriotismo Norte Americano, o seu final mostra uma fé na humanidade. Mas é claro, que nem todos os representantes de estado pensam assim, mas ao refletirmos sobre esse assunto nós podemos ser melhores, e ao sermos melhores podemos evitar que uma nova guerra aconteça e que milhares de vidas sejam destruídas.

Assim eu fecho a Trilogia do Vietnam. Espero que tenham assistido e gostado dos filmes e dos textos.
Depois de tanta guerra, eu me pergunto: O que está fazendo a ONU? 
Bem...iremos descobrir no próximo filme...
Até a Próxima!

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