Danilo Ebúrneo
Nome original: Full Metal
Jacket
Lançamento: Setembro de 1987 (116min)
Dirigido por: Stanley Kubrick
Com: Matthew Moddine, R.Lee Ramey, Adam Baldwin.
Gênero:
Guerra/Drama
Nacionalidade: EUA
Sinopse: Nascido
para Matar é um dos mais interessantes filmes sobre a Guerra do Vietnã já
lançados. Dividido em dois segmentos distintos - o treinamento dos soldados e a
guerra em si - este penúltimo trabalho de Kubrick como diretor explora as
loucuras da guerra (principalmente através da figura do Sargento Hartman) e o
que ela provoca na mente das pessoas. Um relato frio e quase desumano.
Stanley Kubrick foi um
dos maiores diretores de todos os tempos. Sua lista de filmes é extremamente
variada, passando de assuntos como guerra até filmes de ficção cientifica. Mas
em quase todos os trabalhos de Kubrick, podemos ver a doença humana em todos os
níveis: Pedofilia em Lolita (1962), Violencia psicológica em Laranja Mecânica (1971), Redes
de sexo em De
olhos bem fechados (1999) e demência em O Iluminado (1980). Apesar de abordar assuntos diversos, Kubrick
sempre voltava para o tema Guerra, seja no seu primeiro filme do genero Paths Of Glory (1957) que abordava a
Primeira Guerra Mundial, ou em Dr.
Strangelove (1964) que mostrava a Segunda Guerra Mundial em forma de
sátira.
Mas
nenhum filme de guerra de Kubrick foi tão cru e realista quanto Nascido Para Matar (1987).
A Guerra do Vietnam foi uma
ramificação da Guerra Fria, coexistiam
naquele país o Norte Comunista e o Sul Nacionalista. Quando os EUA invadiu o
Vietnam, por ficar do lado dos russos, a guerra tomou outras proporções e fez
com que muitas vidas fossem perdidas. Depois de anos de guerra, os EUA tiveram
sua primeira derrota em campo de batalha. Enquanto Apocalypse Now
(Filme do post anterior) colocava dúvidas sobre a missão de seus soldados por
verem tantas atrocidades acontecendo e ao mesmo tempo tentando trazer uma
possível sanidade de volta através do Coronel Kurtz, em Nascido Para Matar a
situação é diferente, pois Stanley Kubrick quer trabalhar com o seu assunto
favorito: A Desumanização.
Começamos o filme com os jovens
recrutas tendo seus cabelos cortados com uma música tocando no fundo que diz
‘’Adeus querida, Olá Vietnam!’’. Logo após a cena, começam os 45 minutos que
nos mostram o processo de desumanização através do treinamento (está mais para
tortura) que é feito pelo Sargento Hartman
(R. Lee Remey). O roteiro de Kubrick e Michael
Herr trabalha com o humor negro a todo momento, principalmente através das
famosas frases do Sargento Hartman ao fazer o treinamento para torna-los
fuzileiro:.
- Qual a sua altura, soldado?
- 1,75 m, senhor!
- Não sabiam que empilhavam merda tão alto!
Através
de Hartman o roteiro também trabalha racismo e religião. Mas, claro, de modo
cínico:
"Sou severo, mas
justo. Não há discriminação racial aqui. Não desprezo crioulos, judeus,
carcamanos ou cucarachas. Aqui são todos igualmente inúteis."
Não há
nenhum tipo de humilhação física aqui, mas a violência psicológica feita pelo
Sargento é tão violenta quanto um espancamento. Naturalmente, todos os recrutas
se sentiam pressionados, mas quem é a representação geral do efeito provocado
pelo treinamento é o Soldado Pyle (Vincent
D´Onofrio), que de recruta desajeitado passa a ser um perfeito psicopata, o
que explica o seu fim. É interessante notar também que mesmo com treinamento
pesado, este era inútil, (perceba que a grama do campo de treinamento é tão bem
cuidada quanto a de um campo de golfe) já que no Vietnam eles se encontrariam
na maior parte das vezes em matas fechadas.
Enquanto
que Pyle não conseguiu esconder os efeitos que os treinamentos causaram a ele,
a segunda parte do filme já nos mostra o Soldado Joker (Matthew Moddine ainda novo) ao lado dos seus companheiros de
treinamento no Vietnam. Tendo um comportamento reprovável e convivendo com
pessoas ainda piores, Joker trabalha para o jornal que fala sobre
acontecimentos da guerra, e ao tentar retratar a verdade ele é chamado atenção
pelo tenente responsável:
“Você não pode escrever isso, essa guerra não é
popular’’
Ainda
mais adiante, ao tentar retratar os soldados na guerra para algum documentário
ou apenas para mostrar ao povo norte-americano que eles estão lutando por uma
suposta boa causa, Kubrick mostra justamente o contrário: eles não sabem o que
estão fazendo. Ao entrevistar o soldado Animal Mother (Adam Baldwin) o repórter pergunta ao soldado o que ele acha do
envolvimento dos EUA, e ele de forma totalmente ignorante responde ‘Eu acho que devemos ganhar’’. Assim
como o depoimento de outros soldados que não sabem nem o que estão falando ou
do porque estarem lutando.
O Final
do filme mostra ainda mais que aquela guerra não fazia sentido, e que não havia
inimigos ali, apenas pessoas se protegendo, porque tinham medo de alguma coisa
que não sabiam o que era. Mais irônico ainda era que no uniforme do soldado
Joker havia um pequeno broche com o simbolo da paz, mas no seu capacete está
escrito ‘’Born To Kill’’.
Nascido
Para Matar (Full Metal Jacket) é um grande clássico do cinema. (pessoalmente, é
o meu filme de guerra favorito) e como tem apenas 1h e 45 min, acredito que não
será nenhum pouco difícil para você leitor sentar no sofá da sua casa e ver o
longa. É uma grande experiência.
VEJA O FILME!
Até a
Próxima com o fechamento da Trilogia!
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