O PAM no atual contexto da segurança alimentar mundial.
Leon Cruz
Acadêmico do 6º semestre.
No dia 16 de outubro comemora- se
o Dia Mundial da Alimentação. O dia, foi escolhido por coincidir com o dia da
criação da FAO- Food and Agriculture
Organization of the United Nations. A intenção da FAO “foi atrair a atenção
do público e das estruturas de poder para as dimensões dos problemas
alimentares em todo mundo, desenvolver um sentimento de solidariedade e
arregimentar apoio, em âmbito mundial, ao combate a fome, à desnutrição, à
pobreza e às causas básicas, conscientizando a população mundial dos problemas
relacionados à segurança alimentar e nutricional.”
A FAO sugere que as diversas
instituições mobilizem- se num esforço coletivo para questões relacionadas á
alimentação. A principal instituição que combate o quadro da fome mundialmente
é a PAM- Programa Alimentar Mundial- criado em 1961, como um programa vinculado
a FAO de forma experimental, atualmente, no Sistema da ONU, a instituição goza
de grande independência.
Dentre todos os Direitos Humanos,
o direito à alimentação é, sem dúvida, o mais constante e maciçamente violado.
A PAM trabalha de forma única e efetiva na garantia da segurança alimentar. Sua
tarefa é ajuda humanitária de urgência. Definida pela Assembléia Geral da ONU,
a atribuição do PAM é ”eliminar a fome e a pobreza do mundo, respondendo as
necessidades de urgência e apoiando o desenvolvimento econômico e social”.
O PAM se instala na periferia de
Roma, atualmente, emprega 10.000 pessoas, das quais 92% trabalham em campo,
juntos às vítimas. É dirigido por um conselho de administração compostos por
representantes de 36 Estados- membros, no qual os Estados Unidos é o principal
contribuinte em termos monetários. Por abranger os cinco continentes e por
possuir uma frota própria de 5.000 caminhões e também frotas de aviões, o PAM é
uma organização extremamente complexa.
Isso faz do PAM a organização
humanitária mais poderosa do mundo, uma das mais eficientes e efetivas. Mais
atuante que a própria FAO. Assiste em média 90 milhões de pessoas por ano,
dessas, 56 milhões são crianças em mais de 86 países. Em 2009- 2010 a instituição
beneficiou as vítimas das inundações no Paquistão, da seca no Sahel e do
terremoto no Haiti. Também atua na Ásia Central e do Sul, no Caribe e na África
Oriental e Central. O PAM é imediato no combate a segurança alimentar e na
garantia de alimentos em casos de guerra civil e catástrofes ambientais.
O PAM combate a fome estrutural
na qual é própria das estruturas de produção. Ela é permanente e se reproduz
biologicamente: a cada ano milhões de mães subalimentadas dão luz a milhares de
crianças deficientes. A fome estrutural significa a destruição psíquica e física,
aniquilação de dignidade e o sofrimento sem fim.
Para isso, instituição criou um
método de intervenção aplicado no seu programa Food for Work. As vítimas que têm condições de trabalhar são
engajadas pelo PAM na reconstrução da infra-estrutura das áreas afetadas, em
troca, são pagos em espécie, tantos dias de trabalho valem tantos sacos de
arroz. O método foi aplicado na Geórgia, na Ossétia do Sul e na Abkhasia, nas
guerras de independência em 1992. Graças ao PAM, milhares de famílias
perseguidas, vitimas de grandes limpezas étnicas puderam ter uma alimentação
quase que normal. Food for Work
converte as vítimas em atores de seu futuro, resgata sua dignidade e ajuda a
reconstruir sociedades destruídas.
Outro programa do PAM é a
alimentação em cantinas escolares, na qual é oferecido nas cantinas das escolas
da Etiópia, de Bangladesh e da Mongólia, uma refeição que preserva o direito a
alimentação das crianças e estimulam a concentração nos estudos e o
aprendizado. Na medida do possível, os alimentos são comprados no mercado local
para beneficiar os pequenos produtores agrícolas.
O PAM é fundamental no combate a
fome no atual cenário da segurança alimentar, sua força principal consiste em
sua capacidade de reagir com a maior rapidez às catástrofes e de mobilizar, em
tempo mínimo, um contingente de alimento e água indispensável a sobrevivência
das vitimas.
Apesar de todos os meios técnicos
da maior organização humanitária do mundo, ficam de fora da sua intervenção as
pessoas e os grupos que não se inserem na categoria de “urgência” e
“extremamente vulneráveis”, mas que também fazem parte da população por grave
subalimentação que são excluídas do acesso regular à alimentação suficiente e
adequada.
No ultimo relatório da FAO
(2013), o número de pessoas que sofrem com a fome no mundo é de 842 milhões, o
que significa que uma em cada oito pessoas no planeta continua sem alimentos
suficientes. São famílias destruídas, excluídas, humilhadas e desesperadas em
face do amanhã.
Devemos
enaltecer aqueles que amenizam a dor de milhares, como a PAM. Porém, não
esqueceremos das dezenas de milhares de camponeses que se suicidaram, na Índia,
nos países africanos e asiáticos por não conseguirem o mínimo de colheita para
alimentar suas famílias. Também, as crianças de menos de dez anos que morrem em
cada cinco segundos. O dia 16 de outubro é de reflexão à destruição anual de milhões de
homens, mulheres e crianças pela fome que constitui o escândalo do nosso
século.
Sensacional discutir o PAM, é uma instituição que poucos conhecem mas faz um trabalho brilhante. Parabéns por discutir a instituição.
ResponderExcluirsempre e bom discutir temas como esse o dia passou e não foi lembrado pela grande midia. parabéns
ResponderExcluirUm texto objetivo e conciso, que explana sobre um tema extremamente relevante e pertinente na geopolítica atual. Assim como o Medo incentiva o armamentismo entre os países de acordo com a teoria realista clássica, a Fome é, hoje em dia, outra força de grande influência nas relações internacionais. Países pobres são facilmente induzidos a endividar-se cada vez mais para tentar melhorar seus indicadores sócio-econômicos, num círculo vicioso.
ResponderExcluirParabéns pelo excelente texto, e esperemos que a PAM tenha mais sucesso nas suas futuras atividades!
Sensacional o trabalho do PAM.
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