sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Resenha: Paradise Now



Danilo Ebúrneo
Acadêmico do 5º Semestre.

Nome original: Paradise Now 
Lançamento: 07de Setembro de 2005 (88min) 
Dirigido por : Hany Abu-Assad 
Gênero: Drama 
Nacionalidade: Palestina
 
"Amigos de infância, os palestinos Khaled (Ali Suliman) e Said (Kais Nashef) são recrutados para realizar um atentado suicida em Tel Aviv. Depois de passar com suas famílias o que teoricamente seria a última noite de suas vidas, sem poder revelar a sua missão, eles são levados à fronteira. A operação não ocorre como o planejado e eles acabam se separando. Distantes um do outro, com bombas escondidas em seus corpos, Khaled e Said devem enfrentar seus destinos e defender suas convicções."
O diretor Hany Abu-Assad já havia feitos alguns poucos documentários e filmes em sua curta carreira, mas foi com Paradise Now que ele alcançou a atenção internacional ao ter sua obra indicada ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2006.  Passando em diversos festivais de cinema ao redor do mundo, o filme chamou atenção pela sua temática polemica, ao mostrar o lado do terrorista nos atentados. 

O filme conta a história de Said (Kais Nashef) e Khaled (Ali Suliman), dois jovens palestinos que são recrutados através de um conhecido para se aliarem a um grupo extremista, que planeja fazer um atentado em território Israelense, enviando homens bombas para fazer o serviço. Antes de o filme entrar no assunto terrorismo em si, é interessante o modo que os roteiristas Bero Bayer e Pierre Hodgson trabalham ao nos mostrar os rapazes como pessoas comuns, que trabalham numa oficina mecânica, saem juntos para beber e fumar e depois vão para casa. Uma rotina comum para muitos de nós ou para pessoas que conhecemos, mostrando que esses mesmos jovens poderiam ser Brasileiros, Espanhóis ou até mesmo Norte Americanos.                

Mas no momento em que Said e Khaled são recrutados pelo grupo extremista, eles parecem não ter problemas sobre o que vão fazer, como se soubessem e tivessem certeza absoluta que aquele momento chegaria, que eles foram preparados para isso.  A partir desse momento,  passamos por tantas dúvidas quanto Said e Khaled passam mais pra frente ao tentar entender o que estão fazendo e o porque estão fazendo, e á ai que a crítica do diretor Israelense toma uma inteligente forma.

Hany Abu – Assad é bem direto na sua direção, e quase nunca é sutil na sua mensagem.  Ele trabalha de forma seca, com câmeras quase sempre estáticas, passando a frieza daquele ambiente, o que foi inteligente, já que nas cenas em campo aberto o modo de direção mostra a tensão que a população passa ao ter nas sua cidade uma Guerra Civil (Como mostra o inicio do filme na imagem 1). No decorrer do filme, quando os jovens estão se preparando psicologicamente antes de amarrarem bombas no próprio corpo, o diretor já fecha no rosto dos personagens, passando a tensão dos mesmos para o espectador (Imagem 2).

Imagem 1
Imagem 2
O filme não tenta apagar a personalidade dos personagens que foram mostrados desde o inicio, tentando fazer algum tipo de transformação; Pelo contrário: Os mesmos rapazes que brincam com as sobrinhas e beijam a mãe todos os dias são os mesmos que estão com uma AK-47 nas mãos para fazer discurso filmado do pré- ataque.  É tão evidente, que podemos notar que apesar do discurso de ódio que Khaled está fazendo em frente à câmera, ele não tem nem mesmo ideia de como se segura uma metralhadora daquele porte, enquanto Said começa a ter dúvidas do porque fazem aquilo, já que sabia que nem ele e nem o seu amigo são os tipos de pessoas que andam com armas e fazem ataques.

Outro ponto inteligente do filme foi a vestimenta escolhida para o ataque. O líder extremista, ao amarrar as bombas nos rapazes (logo após cortarem os cabelos e fazerem a barba) traz ternos para cobrir as bombas, e se forem parados para serem revistados por soldados israelenses, eles podem dar a desculpa de que estão indo a um casamento.  Mas se era para cobrir as bombas porque não colocarem uma jaqueta? Ou então algumas blusas? A verdade é que a equipe do filme queria fazer era dar ênfase a importância que eles dão a fazer o ataque. Quando vamos a um evento de grande porte sempre vamos com terno ou roupa social. No caso deles isso era uma honra, e iriam vestidos respeitando tal ‘’evento’’.

Eu poderia entrar na questão de Relações Internacionais falando sobre o conflito de Israel e Palestina, mas pessoalmente acho que isso faria com que o filme perdesse sua força, já que o mesmo trata do terrorismo na visão do terrorista. Logo, seria certa estupidez da minha parte querer limitar um assunto que pode ser aplicado tranquilamente a qualquer evento internacional.  Deixarei que vocês pensem sobre isso e sobre o que foi estudado no curso. 

Espero que tenham tempo para assistir ao filme. Aproveitem e até a próxima!

                                                                               

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