Camila de Souza
Acadêmica do 6º semestre.
A prática de espionagem entre
Estados esteve presente praticamente em todos os períodos da historia,
entretanto o seu ápice aconteceu durante a Guerra Fria entre Estados Unidos
(CIA) e URSS (KGB). Em um cenário onde as duas potências não entravam
diretamente em um conflito a espionagem foi essencial para a coleta de informações
sobre as condições do inimigo.
Com a derrocada do bloco socialista,
o grande inimigo do capitalismo, a prática da espionagem e o espião não seriam
assim tão necessários já que os Estados entraram em um regime de “amizades”
coletivas, mas sem deixar de lado os seus interesses nacionais, principalmente
os norte-americanos. Longe dos filmes de Hollywood e da figura dos espiões ala
James Bond a espionagem tradicional deu lugar a espionagem virtual com aparatos
de alta tecnologia.
O ditado “mantenha seus amigos perto
e seus inimigos mais ainda” nunca foi tão verdadeiro nos dias atuais,
principalmente quando se trata dos EUA. Com os recentes vazamentos de que a
Agencia de Segurança Nacional (NSA) do “grande irmão” norte-americano espiona
os governos do Brasil e México colocou em cheque os dois peões-chave da
diplomacia norte-americana na América Latina. Documentos contendo informações
sigilosas do Brasil foram expostos mundialmente pelo ex-consultor da NSA Edward
Snowden. Segundo ele, esses documentos revelam a
espionagem a cidadãos e a empresas brasileiras que usam a rede mundial de
internet. A Petrobras, o Ministério de Minas e Energia e o e-mail da presidente
Dilma também estão no pacote de espionagem.
(Esquerda) Enrique Peña e Felipe Calderón (Direita) |
Estas notícias deixaram o governo
brasileiro atordoado e levaram a presidente a cancelar uma visita oficial que
faria aos EUA e a “atacar” o governo norte-americano em seu discurso na
Assembleia Geral da ONU. Segundo ela, esta prática fere a soberania de qualquer
país. No México, o ex-presidente Felipe Calderón e o atual presidente Enrique
Peña Neto, durante sua campanha eleitoral, tiveram suas contas de e-mail
monitoradas pela NSA. Além disso, a agência norte-americana classificou o
escritório do presidente mexicano como uma “fonte lucrativa”.
De fato, enquanto o assunto estava
localizado somente na América Latina os danos diplomáticos dos EUA eram limitados
(não quer dizer que eram pequenos), mas com o envolvimento no escândalo de
França e Alemanha as explicações se tornaram maiores já que o que está em
cheque são interesses da Aliança Atlântica, que é de extrema importância para a
geopolítica ocidental. Considerado um traidor pela sua pátria, Snowden, hoje
asilado na Rússia, de fato só tornou publicas as práticas que todos os grandes
governos mundiais fazem: operações de vigilância contra outros países cujas
atividades os interessem sejam eles amigos, inimigos ou estarem
estrategicamente em locais de interesse ou manter relações com países que
possam ser de interesse nacional.
Os governos podem até expressar
surpresa quando tais atividades são expostas. Todos sabem que a maioria dos
países não possui hoje uma política de proteção para a espionagem e muito menos
uma governança eficiente para a preservação interna do ambiente estatal. Nações
amigas ou não, o interesse nacional se sobrepõe às “amizades”. Em se tratando
de EUA, a guerra contra o terrorismo e a busca por informações de seus
concorrentes nos parece que todas as práticas são validas, sejam elas legais ou
não.
Show!! *-*
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