quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Espionagem entre Nações amigas.



Camila de Souza
Acadêmica do 6º semestre.

            A prática de espionagem entre Estados esteve presente praticamente em todos os períodos da historia, entretanto o seu ápice aconteceu durante a Guerra Fria entre Estados Unidos (CIA) e URSS (KGB). Em um cenário onde as duas potências não entravam diretamente em um conflito a espionagem foi essencial para a coleta de informações sobre as condições do inimigo.
            Com a derrocada do bloco socialista, o grande inimigo do capitalismo, a prática da espionagem e o espião não seriam assim tão necessários já que os Estados entraram em um regime de “amizades” coletivas, mas sem deixar de lado os seus interesses nacionais, principalmente os norte-americanos. Longe dos filmes de Hollywood e da figura dos espiões ala James Bond a espionagem tradicional deu lugar a espionagem virtual com aparatos de alta tecnologia.
            O ditado “mantenha seus amigos perto e seus inimigos mais ainda” nunca foi tão verdadeiro nos dias atuais, principalmente quando se trata dos EUA. Com os recentes vazamentos de que a Agencia de Segurança Nacional (NSA) do “grande irmão” norte-americano espiona os governos do Brasil e México colocou em cheque os dois peões-chave da diplomacia norte-americana na América Latina. Documentos contendo informações sigilosas do Brasil foram expostos mundialmente pelo ex-consultor da NSA Edward Snowden. Segundo ele, esses documentos revelam a espionagem a cidadãos e a empresas brasileiras que usam a rede mundial de internet. A Petrobras, o Ministério de Minas e Energia e o e-mail da presidente Dilma também estão no pacote de espionagem.
(Esquerda) Enrique Peña e Felipe Calderón (Direita)
            Estas notícias deixaram o governo brasileiro atordoado e levaram a presidente a cancelar uma visita oficial que faria aos EUA e a “atacar” o governo norte-americano em seu discurso na Assembleia Geral da ONU. Segundo ela, esta prática fere a soberania de qualquer país. No México, o ex-presidente Felipe Calderón e o atual presidente Enrique Peña Neto, durante sua campanha eleitoral, tiveram suas contas de e-mail monitoradas pela NSA. Além disso, a agência norte-americana classificou o escritório do presidente mexicano como uma “fonte lucrativa”.
            De fato, enquanto o assunto estava localizado somente na América Latina os danos diplomáticos dos EUA eram limitados (não quer dizer que eram pequenos), mas com o envolvimento no escândalo de França e Alemanha as explicações se tornaram maiores já que o que está em cheque são interesses da Aliança Atlântica, que é de extrema importância para a geopolítica ocidental. Considerado um traidor pela sua pátria, Snowden, hoje asilado na Rússia, de fato só tornou publicas as práticas que todos os grandes governos mundiais fazem: operações de vigilância contra outros países cujas atividades os interessem sejam eles amigos, inimigos ou estarem estrategicamente em locais de interesse ou manter relações com países que possam ser de interesse nacional.
            Os governos podem até expressar surpresa quando tais atividades são expostas. Todos sabem que a maioria dos países não possui hoje uma política de proteção para a espionagem e muito menos uma governança eficiente para a preservação interna do ambiente estatal. Nações amigas ou não, o interesse nacional se sobrepõe às “amizades”. Em se tratando de EUA, a guerra contra o terrorismo e a busca por informações de seus concorrentes nos parece que todas as práticas são validas, sejam elas legais ou não.

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