O número de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos obrigados a
trabalhar caiu um terço de 2000 a 2013, segundo relatório divulgado pela
Organização Internacional do Trabalho (OIT). A estimativa da organização é de que
mais da metade das crianças envolvidas em algum tipo de trabalho exercem
atividades consideradas perigosas. Tais atividades têm efeitos nocivos à
segurança física, mental ou moral das crianças ou adolescentes empregadas,
segundo a OIT. Segundo relatório das
Nações Unidas, o progresso feito até aqui não será suficiente para que o mundo
alcance a meta de eliminar o trabalho infantil até 2016.
segunda-feira, 30 de setembro de 2013
sábado, 28 de setembro de 2013
O Papel do Internacionalista na Região Amazônica
Arthur Lisboa.
Internacionalista formado pela UNAMA.
Internacionalista formado pela UNAMA.
A carreira de Internacionalista é nova, promissora e
desafiadora. Muitos entram no curso por preferências pessoais, sem a menor
ideia do que é ser um internacionalista e quais são as possibilidades que a
profissão oferece, especialmente em nossa região, que apresenta uma relativa
distância do centro econômico-financeiro-político principal do Brasil, mas que
está inserida dentro do território de maior riqueza em potencial do país, a
Amazônia. Esse artigo pretende esclarecer um pouco do papel desempenhado por
esses profissionais e os desafios do internacionalista.
E quando se fala em Amazônia, temos que ter em vista, que
a questão ambiental tem ocupado um papel de importância cada vez maior nas Relações
Internacionais. A partir da Eco-92, governos do mundo inteiro e segmentos da
sociedade civil estiveram unidos em prol do estabelecimento de ações comuns
para proteção do meio ambiente. Metas foram estabelecidas, sendo o principal
resultado a criação da Agenda 21 e do
PPG7, um programa piloto de proteção das florestas tropicais como a Amazônia,
que contava com o auxílio do G7. Essa conferência, entretanto, foi um resultado
de iniciativas anteriores, como o Relatório Brundtland, ou também denominado
"Nosso Futuro Comum", um marco que trouxe para a ONU uma discussão
presente das relações antrópica com o meio ambiente e suas consequências e se
formulou o conceito mais aceito de desenvolvimento sustentável, sendo o
Processo que "satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer as
necessidades das gerações futuras". Em outras palavras, usufruir, sem
destruir ou comprometer.
No foco da discussão, a Amazônia é a maior floresta
tropical do mundo, abrigando a maior biodiversidade existente no planeta e com
áreas ainda totalmente inexploradas. É fato de que, cada vez mais se torna
essencial pesquisar a fauna e a flora, que potencialmente contém substâncias de
alto valor para a medicina, moda, cosméticos. Porém, a Amazônia e o seu papel
ecológico é muito mais complexa que isso, sendo uma verdadeira reserva de
recursos essenciais para a sobrevivência da humanidade. As suas belezas
naturais servem de inspiração à qualquer arte antrópica. Outro fator a ser
levado em consideração, são as populações nativas, que enfrentam muitas vezes o
isolamento e os problemas que dele advém.
A Amazônia apresenta um sério problema de segurança,
devido a sua imensidão de áreas fronteiriças, que contém baixos níveis
populacionais, facilitando a entrada de produtos piratas, narcotraficantes e
imigrantes ilegais. Em consequência disso, a Política de Defesa Nacional do
Brasil, a caracteriza como área prioritária de proteção, devido a seu potencial
em riquezas minerais e biodiversidade. Nesse sentido, a carreira mais
tradicional que um internacionalista pode escolher, sonho de muitos que
ingressam no curso, é a do Diplomata, que tem como atribuição mais básica, a
defesa dos interesses nacionais. O profissional, de origem amazona, conhecedor
da realidade de nossa região, tem a aptidão para, acima de tudo, zelar pela
proteção e aproveitamento científico de seus recursos, a partir de acordos de
colaboração científica, centros de estudo e pesquisa, entre outras alternativas
que gerem práticas de desenvolvimento sustentáveis.
Em relação a carreira na iniciativa privada, ela é muito
mais influenciada pela Amazônia do que comumente se imagina. Quando buscamos um
mercado internacional, a região se apresenta como nossa marca mais valiosa,
nossa associação e identidade, que gera no mínimo curiosidade e muitas vezes, a
empatia do mercado externo. Duro de admitir, muitos profissionais ainda
apresentam resistência e mesmo buscam esconder as raízes e origens regionais em
sua imagem empresarial, um erro tremendo. Por conta disso, deixamos de lado o
que temos de melhor, nosso diferencial.
Em sua inserção no mercado de trabalho, o
internacionalista tem uma grande vantagem em relação as demais profissões, a
partir da dimensão de seu amplo campo de estudo, que o prepara para assumir
cargos de gerência e liderança em empresas, tendo conhecimentos político,
econômico e administrativo reunidos. As multinacionais adoram esse perfil, não
a toa, existem vários processos de Trainee oferecidos aos recém formados na
área. Eu mesmo escolhi essa área, ou melhor, ela me escolheu, quando tive a oportunidade
de ingressar em um estágio na área de mercado do SEBRAE/PA, ainda cursando o
terceiro semestre de graduação, o que me permitiu ter contato com empresas e
participar de capacitações, o que gerou visibilidade de meu trabalho e o
networking necessário para ser contratado como Gerente Comercial em uma empresa
(ou melhor, conjunto de empresas) que engatinhava rumo à exportação.
O desafio de assumir - sozinho - a área de vendas
internacionais de uma empresa de pequeno porte em nossa região, não é coisa
pouca. Inúmeras decisões dependem do Gerente, desde a estratégia de inserção da
empresa no mercado internacional, da conscientização do preparo e refinamento
do produto para o mercado desejado, da logística utilizada, até a efetivação
das negociações e vendas. Tudo envolve riscos, e podem estar
certos que haverão erros e acertos. Mas o resultado inevitável é o
amadurecimento profissional e pessoal.
Em uma de nossas
primeiras missões para fora do país, representando a empresa em uma feira
setorial internacional em Paris/FR, cometemos o erro de optar por um visual
limpo de stand, buscando o profissionalismo e o destaque para as peças que
levávamos por si só. Acontece que, ao associar a marca à região de maneira mais
forte, uma empresa de Manaus que também esteve presente quase ao nosso lado,
atraia muito mais atenção, ao passo que a tornou diferente de tudo e de todas
as outras presentes na feira. As lições aprendidas a partir do erro são duras,
e aprendemos de modo a não repeti-lo.
O Internacionalista
seguidor da carreira acadêmica, levará o arcabouço do conhecimento da Amazônia
aos seus artigos, monografias e teses, disseminando informações que deverão
cada vez mais conscientizar a respeito da realidade de nossa região, trocando
experiências com alunos, estudiosos e interessados de outras localidades,
muitas vezes alheios ao que acontece nos limites austrais do país. Seus
trabalhos trarão a um produto que não se encontra a venda diretamente, mas que
deve ser depreendido, o esclarecimento e a informação criada a partir de um
pensamento acadêmico que atende a nossas perspectivas e visões.
Dentro desse
contexto, o internacionalista, detentor da gama de conhecimentos, independente
do caminho profissional que escolher, levará como missão a defesa desse bem
fundamental, sempre tendo em vista que o dinamismo da profissão requer a
constante atualização, a partir de um exercício diário e infalível. A Amazônia
será sempre um tema que nos acompanhará independente dos caminhos e objetivos
individuais, entretanto, sempre existirá a necessidade de procurar conhecê-la e
compreendê-la mais a fundo.
quarta-feira, 25 de setembro de 2013
Entrevista: Recursos Hídricos (Prof. Dr. Milton Matta).
Os
recursos hídricos representam um tema de extrema importância para o Sistema
Internacional, já que em várias localidades do planeta pessoas vivem com escassez
desse elemento chave para a vida humana, e estudos indicam que a tendência é
piorar, e o Brasil – com destaque para a região amazônica – é um ponto crucial quando
se debate os recursos hídricos. Por isso trazemos aos nossos leitores uma
entrevista com o Professor Dr. Milton Matta¹, abordando esse tema.
¹ Possui graduação em
Geologia pela Universidade Federal do Pará (1977), mestrado em Geologia e
Geoquímica pela Universidade Federal do Pará (1982) e doutorado em Geologia e
Geoquímica pela Universidade Federal do Pará (2002). Atualmente é professor
associado I da Universidade Federal do Pará. Foi membro fundador da Associação
Brasileira de Águas Subterrâneas, Núcleo Pará e é conselheiro do CREA-PA com
atuação destacada na Comissão de Recursos Hídricos e Meio Ambiente.
1.
Professor existe de fato conflito mundial ou
possibilidade de conflito mundial sobre a Água?
Existe. O que a gente nota hoje é que tem cerca de 300
conflitos potencias no mundo por causa da água.
2.
Na verdade, esses conflitos são movidos pelo quê? Pela
ausência de água no mundo?
Não, porque não existe hoje ausência de
água no mundo, o que existe é uma falha na distribuição dessa água. Então, tem
alguns países que tem água em excesso, como é o caso do Brasil, e tem países
que tem falta desse recurso hídrico. Então isso cria problema, porque quem tem
muito não quer dar para quem tem pouco, etc. Isso vai gerar o conflito.
3.
Do ponto de vista dos recursos no Brasil, como a gente
pode falar dessa disponibilidade de água?
O Brasil tem cerca de 12 % da água do
mundo, alguns autores falam em 13%, já ouvi falar até 15%, mas é algo entre 12%
e 15% de toda água no planeta.
4.
Essa disponibilidade de água pode ser trabalhada do ponto
de vista da gestão de quê forma?
Eu costumo dizer que não existe a crise
da água. O Brasil tem cerca de 30% da sua quantidade de água disputada por 93%
da sua população. Hoje nós temos cerca de 7% na Amazônia – da população do
Brasil – e nós temos 70% dos recursos hídricos. Temos que levar isso em
consideração, ver essa distribuição e estabelecer critérios para uso e gestão
dessa água.
5.
Os atores internos, os grupos de interesse internos tem
conseguido levar em consideração a gestão desse aquífero aqui na Amazônia?
Não, porque eles não conhecem o
aquífero, a SAGA (Sistema Aquífero Grande Amazônia). Isso a gente está divulgando
desde o ano passado, é uma coisa nova, não se conhecia a potencialidade desse
sistema aquífero, e agora nosso órgão de gestão parece estar querendo fazer
licitação internacional para gestão desse aquífero.
Nós temos capacidade, nós temos amazônidas
disponíveis para trabalhar com isso aí, com competência, todos com doutorado e
infelizmente, parece que a gestão vai ter que ser internacional.
6.
O ‘SAGA’ na verdade está totalmente dentro do território
brasileiro?
Está dentro do território brasileiro, ele
está sob os Estados do Pará, Amazonas e uma parte de Amapá. Então, ele está
embaixo da Amazônia brasileira e não é transfronteiriço, quer dizer, ele não é
passado para outros países.
Já o aquífero Guarani tem um complicado
arranjo de gestão com cinco países, é um aquífero transfronteiriço que
realmente cria problema para você fazer a gestão.
7.
MT- Professor, quais são os principais desafios para a
academia no que diz respeito dessa gestão da água?
É de criar mecanismos suficientes, de criar
expertise suficiente para que se entenda como é que funciona essa relação entre
a água superficial e a água subterrânea – nós temos as duas coisas – e conseguir passar isso aí para gerações
futuras.
terça-feira, 24 de setembro de 2013
A OTCA e Pan-Amazônia
O
TCA (O Tratado de Cooperação Amazônica) assinado por Brasil, Bolívia, Brasil,
Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela, no ano de 1978, tem como
principal objetivo a preservação da Amazônia junto com o desenvolvimento
sustentável, entendendo que o desenvolvimento harmônico nessa região só pode
existir com o desenvolvimento equitativo entre os países que assinaram o
tratado. Em 1999 foi aprovado o protocolo de emenda do TCA, instituindo a OTCA
(Organização do Tratado de Cooperação da Amazônica), com a implementação da
Secretaria Permanente e adquirindo vida jurídica.
“CÔNSCIAS de que tanto o desenvolvimento
sócio-econômico como a preservação do meio ambiente são responsabilidades
inerentes à soberania de cada Estado e que a cooperação entre as Partes
Contratantes servirá para facilitar o cumprimento destas responsabilidades, continuando
e ampliando os esforços conjuntos que vêm realizando em matéria de conservação
ecológica da Amazônia.”
O
Tratado de Cooperação Amazônica (TCA).
segunda-feira, 23 de setembro de 2013
Relações Internacionais na Unama
Arantxa Santos
Acadêmica
do 8º Semestre
Esta semana será de grande importância para o
curso de Relações Internacionais da Universidade da Amazônia.
No dia 26 de setembro é celebrado o Dia do
Internacionalista, profissional formado em Relações Internacionais, preparado
para analisar os fatos do mundo contemporâneo do ponto de vista político,
social e econômico. E para comemorar, os acadêmicos do curso de Relações
Internacionais da Universidade da Amazônia vão realizar a Festa Pan-Amazônica.
O tema da festa foi inspirado na Organização
do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), e os acadêmicos vão representar os
países membros da organização, Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana,
Peru, Suriname e Venezuela.
Além de apresentações culturais, comidas
típicas e decorações temáticas, os acadêmicos vão expor informações relevantes
sobre a organização e seus países membros, assim como os pontos de vista
destes, sobre a Amazônia.
O objetivo da festa é incentivar a interação
social dos discentes do Campus BR e sociedade em geral para tornar o curso de
Relações Internacionais cada vez mais conhecido, em especial no que se refere à
produção de conhecimento dos acadêmicos da UNAMA, voltado para a região
amazônica.
A comemoração vai ocorrer no dia 26 de
setembro de 2013 a partir das 19:30h no Campus BR da Universidade da Amazônia.
Vídeo de divulgação da Festa Pan-Amazônica: http://www.youtube.com/watch?v=JqnXGh3gDeg
Além disso, nos dias 25, 26 e 27 acontecerá o
I Fórum Amazônico de Relações Internacionais (FARI) com o tema é O Brasil
emergente e o interculturalismo nas Relações Internacionais.
O propósito do FARI é estabelecer maior
diálogo, aprimorando o networking entre os cursos, estudantes e profissionais
de Relações Internacionais presentes na Região Norte, além de difundir e de
obter conhecimentos gerados na região e em outras partes do Brasil.
O evento está sob a organização do Centro
Acadêmico de Relações Internacionais da Universidade da Amazônia CARI-UNAMA,
com apoio da Coordenação do Curso, é terá a presença de estudantes e
profissionais da área de Relações Internacionais das universidades da Região
Norte do Brasil, UNAMA – Universidade da Amazônia (PA), UFRR – Universidade
Federal de Roraima (RR), UNIFAP – Universidade Federal do Amapá (AP), Uninorte
– Centro Universitário do Norte (AM) e UniLasalle – Faculdade La Salle (AM).
Compareça na Universidade da Amazônia para
conhecer um pouco mais sobre o curso de Relações Internacionais!
sábado, 21 de setembro de 2013
Pensamentos Internacionalistas: O Marxismo e as Relações Internacionais
Karl
Marx (1818 – 1883) filósofo e economista alemão, junto com Friedrich Engels são
responsáveis pelo Manifesto do Partido Comunista e por uma das críticas
fundamentais contra o liberalismo econômico. Para as Relações Internacionais, é
importante analisar o posicionamento de Marx sobre os Estados e as Organizações
Internacionais, já que esses refletem o modelo dominante de produção e de
relacionamento social. Considerando que o Estado é um ator, mas não um agente, já
que esse por meio da superestrutura, têm apenas o papel de reproduzir o modelo
de dominação vigente.
“A história de toda sociedade até hoje é
a história de lutas de classes”
The Communist Manifesto. Karl Marx.
Pensamentos Internacionalistas: Realismo e o Desafio do Capitalismo Global
Robert Gilpin (1930)
teórico realista. Em 1981, publicou seu livro intitulado: “War and Change in
World Politics”, onde ele
ressalta como a natureza do Sistema Internacional afeta o comportamento dos
Estados, defendendo que é o lado econômico que pode explicar a hegemonia de um
país. Outro livro muito conhecido do autor é “The
Challenge of Global Capitalism” onde
ele analisa os aspectos da economia política que capitalismo apresenta no mundo
contemporâneo.
"Quando
se fala de globalização corporativa, são poucos os países efetivamente
envolvidos”
The Challenge of Global Capitalism.
Robert
Gilpin.
sexta-feira, 20 de setembro de 2013
Resenha: O Espião Que Sabia Demais.
Danilo
Ebúrneo
Acadêmico
do 5º Semestre.
Estrearemos
agora uma nova coluna no blog, que abordará as Relações Internacionais e a política
pela ótica de filmes, séries e, se possível, outros tipos de mídias que possam
contribuir para o nosso crescimento profissional, e porque não, nos dar uma
nova visão do que estudamos todos os dias.
O
foco aqui não será apenas analisar a história de um filme (Sempre sem
revelações do enredo), mas sim analisar
por uma ótica cinematográfica mais técnica, permitindo assim um maior proveito
da experiência.
Sendo
assim, vamos ao nosso primeiro filme.
Nome original: Tinker, Taylor, Soldier, Spy
Sinopse: Passado em 1973, em
plena Guerra Fria, o longa gira em torno de George Smiley
(Gary Oldman), um veterano da divisão de elite do serviço secreto inglês
conhecida como Circus. Após a morte de seu ex-chefe e de alguns fracassos em
missões internacionais, ele é chamado para desvendar um mistério sobre a
identidade do agente duplo que, durante anos, trabalhou também para os
soviéticos.
Baseado
no livro de John le Carré, O Espião que sabia demais (Tinker, Taylor, Soldier, Spy)
se passa em 1973, onde a Guerra Fria estava no seu ápice, focando nos membros
da agencia de espionagem inglesa que tem o codinome de Circus. A agência é dirigida por Control (John Hurt) que suspeita através de possíveis rumores que
um de seus membros principais é um agente duplo que está vazando informações
para a União Soviética. Com esses acontecimentos, é requisitada a volta de George Smiley (Gary Oldman) um veterano
da Circus, para investigar o caso.
Esse
filme é um interessante exercício cinematográfico, trabalhando a política e as
Relações Internacionais de maneira diferente de como filmes de espionagem em
geral abordam. A primeira coisa a se notar aqui é como os personagens são
mostrados. O publico em geral está acostumado a ver espiões como James Bond
(Charmosos e indestrutíveis), mas o retrato aqui são de homens velhos, já
cansados de uma vida cheia de guerras e tensões, onde sempre observam com olhos
desconfiados tudo ao seu redor.
Sabiamente,
o diretor de fotografia Hoyte Van
Hoytema deixa claro em cada cena a tensão vivida por eles, pois os lugares
onde convivem todos os dias ou são escuros e esfumaçados (Imagem 1) ou são
melancólicos e monocromáticos (Imagem
2), mostrando aos espectadores o desespero e o cansaço constante vivido pelos
espiões.
Imagem 1 |
Imagem 2 |
O
diretor Tomas Alfredson e os
roteiristas Peter Straughan e Bridget O´Connor são hábeis em fazer
diversas referencias e insinuações interessantíssimas sobre a Guerra Fria e
sobre o que era o sistema internacional da época. Constantemente as tensões
internas e externas (com uma de suas facetas já mostradas acima) sempre são
mostradas de maneiras sutis, mas poderosas. Não é difícil o diretor focar no
relógio em cima da mesa do Circus, mostrando como o mundo estava em alerta, e
que a qualquer momento uma Terceira Guerra poderia acontecer (Note que na
medida em que o filme avança, a velocidade do relógio aumenta).
A
visão sobre a rivalidade entre o Capitalismo e o Socialismo é representada na
duvida sobre o lado em que os agentes estão lutando, apesar de suas
nacionalidades, a fé no sistema pregado é constantemente posta em questão. Em uma cena,
Smiley pergunta para Control se os rumores são genuínos; então Control responde
‘’Nada mais é genuíno’’, mostrando a constante luta interna dos personagens
sobre o que é a verdade, e sobre o que estão lutando;
É
interessante ainda ver como o filme trata acontecimentos da Guerra Fria. Na
primeira parte do filme um dos agentes da Circus (Inglês) vai se encontrar com
um contato Húngaro, o que representa claramente a diferença de pensamento com a
União Soviética, o que nos remete a Primavera
de Praga. Outro ponto a se notar é
que o filme trabalha na perspectiva Realista
(naturalmente, pois estavam em guerra) mas ele possui personagens com
pensamentos Idealistas, e ainda
assim podemos colocar a perspectiva Construtivista
em pauta.
No
filme há um agente secreto que não mostra seu rosto e ninguém sabe seu nome,
ele é apenas conhecido como Karla. Ele
é um agente que provavelmente está acima das decisões de espionagem da
Inglaterra, União Soviética e EUA. É impressionante o quanto as decisões de
Karla pesam no decorrer do filme, pois mesmo não sabendo quem ele realmente é,
os personagens sentem o seu poder. Em um período em que as Relações Internacionais estavam totalmente instáveis e
os níveis de conflito faziam com que o mundo estivesse a beira de uma
Guerra armada (Nível 6) a espionagem era uma ferramenta essencial para saber
para onde aquele sistema bipolarizado iria. Karla, assim como todos os outros
eram os responsáveis por aquele minúsculo equilíbrio interno, e qualquer erro
poderia desencadear a nova guerra.
Os
roteiristas sabem disso e foram inteligentes ao colocar em uma das reuniões da
Circus a seguinte frase dita por um deles:
‘’Não se trata mais de soldados em
trincheiras,
nós estamos na linha de frente agora’’
Mostrando
assim, que o mundo era um imenso tabuleiro de Xadrez, e cada movimento iria
afetar todo o Sistema Internacional,
inclusive vazamentos e conspirações de espionagem.
Eu
poderia falar sobre este filme por mais 20 páginas, pois a sua competência em
abordar a política interna e o sistema internacional não é comum. E claro, por
contar com um ótimo elenco (Gary Oldman fantástico no papel) e direção
extremamente competente, o filme é totalmente recomendado a todos os
internacionalistas e aos fãs de cinema. Tenho certeza que se tiverem um tempo
livre do trabalho e dos estudos, certamente irão apreciar essa belíssima obra.
Até a próxima!
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