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quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Programa Globalizando "Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo e na A...

O Programa desta Semana é sobre "Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo e na Amazônia". O dia 16 de outubro é considerado o Dia Mundial da Alimentação. E temos como convidada a professora Lorena Falcão, especialista em nutrição clínica pela Universidade Federal do Pará - UFPA. Além de ser mestranda do Programa de Ensino em Saúde na Amazônia pela UEPA.

Programa Globalizando,uma produção de qualidade feita por acadêmicos de RI da Universidade da Amazônia (UNAMA).Não deixe de conferir! 


domingo, 12 de outubro de 2014

Círio e a Cultura Paraense

Jean Diego
Acadêmico do 3º semestre de Relações Internacionais da  Unama



Pará, um Estado com aproximadamente 1.250.000 km² cercados de uma imensa diversidade cultural. Sejam elas danças folclóricas, folguedos populares, lendas, mitos, pratos típicos, frutas regionais, cultura indígena, entre outros. Porém, a festa que move grande parte da população paraense, brasileira e mundial, realizada em Belém do Pará há mais de dois séculos, não pode ser esquecida. O Círio de Nazaré.
A festa é uma das maiores procissões católicas realizadas no Brasil e no mundo, a qual reúne por volta de 2 milhões de pessoas, denominadas de romeiros, que são grupos religiosos que peregrinam a uma determinada igreja ou local considerado santo, a fim de pagar promessas, agradecer, pedir graças ou por devoção.
Ou seja, mais de meio milhão de turistas de outros Estados e países se reúnem na capital paraense, uma vez que o Pará possui cerca de 1,4 milhão de habitantes. Os mesmos, na celebração da festa, caminham pelas ruas da capital do Estado em homenagem à Senhora de Nazaré, mãe de Jesus. Tal caminhada é denominada pelos católicos de “caminhada da fé”. Mas antes de qualquer afirmação, é importante relembrar a “lenda-história” do Círio de Nazaré.
Nos confins do ano 1700, Plácido José de Souza, que era um caboclo paraense, saiu pra caçar nos arredores do igarapé Murutucu e ao refrescar-se nas margens do igarapé, viu a imagem da Senhora de Nazaré entre as pedras, coberta por lodo.

Imediatamente o caboclo levou a mesma para sua casa e a pôs num altar para que pudesse venerá-la. No dia seguinte, no entanto, a imagem não se encontrava mais no local onde havia sido posta. Então, Plácido, sem saber o que estava acontecendo, procurou-a nas margens do igarapé e, para sua surpresa, lá estava ela, novamente entre as pedras.
O acontecimento ocorreu diversas outras vezes e com isso chegou ao conhecimento do governador da época, que decidiu pôr a imagem no palácio sob rígida vigilância. Entretanto, a mesma voltou a sumir e reaparecer às margens do Murutucu.
Os religiosos concluíram que a imagem queria ficar no igarapé, então, decidiram erguer ali a primeira capela. Foi assim, que nasceu e evoluiu o culto de adoração à Senhora de Nazaré.
Porém, há uma grande divergência entre os estudiosos da área.
Uns dizem que Plácido realmente existiu e foi o criador do culto em Belém, afirmam também que Plácido não era um caboclo humilde como relatado na lenda e sim um grande caçador e agricultor que possuía grandes pedaços de terra, como diz a escritora paraense Mízar Bonna: “Ele não era um simples caboclo como muitos dizem por aí. Plácido fazia parte de uma das primeiras famílias colonizadoras do Pará”.
A escritora afirma que Plácido nasceu no município de Vigia, era filho do português Manoel Ayres de Souza e sobrinho de um dos primeiros capitães-mores do Grão Pará, Ayres de Souza Chichorro. Sua esposa era uma paraense, chamada Ana Maria de Jesus, filha do português Fernão Pinto da Guia. Estrada do Maranhão, hoje bairro de Nazaré, era a região onde o casal morava, em terras que lhes foram doadas pelo tio, em 1673.
Em um artigo sobre a festa popular, publicado em uma edição do Diário do Pará, um engenheiro chamado Waldemir Jorge João relatou que a veneração à Senhora de Nazaré foi introduzida no Pará por padres jesuítas portugueses antes de Plácido ter achado a imagem às margens do igarapé Murutucu.
O autor também diz que Plácido viveu em Vigia, mas se mudou para Belém e que era um homem simples e religioso, que provavelmente conhecia os jesuítas portugueses. Tal ideia faz com que o engenheiro ache que a imagem não foi encontrada de forma tão casual como é descrita na lenda.
Outros dizem que o caboclo nunca existiu, como afirma o professor de História da Universidade Federal do Pará (UFPA), Geraldo Mártires Coelho, em um de seus discursos, definindo Plácido como “uma figura mitológica”.
O historiador diz que não existe nenhum documento que comprove a existência do “homem que encontrou a imagem”, como é conhecido o caboclo. “Ninguém sabe quem ele era. Não há prova, não há documento. O que existe é uma tradição”, declarou o professor.

De qualquer forma, é preciso reconhecer que o Círio, além de ser de grande importância para a cultura paraense, é, também, uma grande estratégia econômica, uma vez que a festa de 2013 injetou na economia paraense aproximadamente R$ 895 milhões, através do aumento dos serviços, comércio, agropecuária, industrias, os quais são os principais influenciados pela grande festa religiosa, e representam 25% de geração de empregos, mesmo que 95% das oportunidades sejam informais.
Para os paraenses e para os que vêm participar das celebrações, o Círio de Nazaré é uma grande representação cultural paraense. Uma cultura que é extremamente diversificada, rica em cores, gostos, aromas, beleza e, principalmente, personalidade.



REFERÊNCIAS
Prodepa. Cultura, fauna e flora. Disponível em: http://www.cdpara.pa.gov.br/index.php
Diretoria da Festa de Nazaré. Círio de Nazaré 2014. Disponível em: http://www.ciriodenazare.com.br/portal/
Diário do Pará. História: quem era o caboclo Plácido, afinal?. Disponível em: http://diariodopara.diarioonline.com.br/impressao.php?idnot=64098




quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Programa Globalizando “Dia Internacional dos Povos Indígenas”

Nesta semana o Programa Globalizando é em comemoração ao “Dia Internacional dos Povos Indígenas”. E como convidada, temos a Profª Sara Concepción Centurión, que é mestranda em Linguagens e Saberes na Amazônia pela UFPA e desenvolve pesquisas sobre línguas indígenas. Confira!



sexta-feira, 8 de agosto de 2014

O Dia Internacional dos Povos Indígenas: Questão Agrária e Conflitos

Bruna Ferreira Pinheiro
Acadêmica do 6º semestre de Relações Internacionais


Todos os anos, desde 1995, no dia 9 de agosto comemora-se o dia Internacional dos Povos Indígenas no calendário das Organizações das Nações Unidas. Há exatamente um ano, comemorei esta mesma data através do Blog Internacional da Amazônia abordando a gama de direitos existentes e renegados aos povos indígenas.
 Infelizmente, é necessário voltar a debater este tema sofrido pelas comunidades, mas desta vez com uma nova faceta, relatando de maneira mais profunda um de seus desafios, o desafio agrário e seus desdobramentos.
Partindo da adesão à Declaração das Nações Unidas dos Direitos dos Povos Indígenas notamos que ela é mais um dos marcos da política externa brasileira em se afirmar no Sistema Internacional e demonstrar a sua importância, especialmente no que se trata aos direitos dos índios, que tanto foi violado. Entretanto, é crescente o número de casos de conflitos – inclusive com mortes – agrários no interior da Amazônia envolvendo os povos indígenas.

A violência agrária é uma característica marcante na luta pela terra no contexto amazônico. Infelizmente, ela é ainda mais frequente quando de povos indígenas, visto que desde os primeiros contatos conflituosos dos índios com outros povos, na época do descobrimento do Brasil, ela já existia (ROWEDER, 2010).
De acordo com a FUNAI (2014), a subjugação dos povos tradicionais indígenas no Brasil – e, em especial na Amazônia – é histórica e alarmante, por ferir o chamado “Direito Originário”, direito que antecede o direito comum da população nacional (civil), por ele existir desde o surgimento deste povo nesta terra, dando a eles o poder sobre a terra em que vivem independentemente de titulação de posse, e deve ser garantido para o uso presente e futuro destes povos.
Estas ações violentas contra o indígena em relação a terra, intensificou-se, principalmente, no fim da década de 1960, quando o país demandava maior desenvolvimento para fazer frente junto ao cenário internacional, o qual demandava novos mercados consumidores e espaços para produção.
A Amazônia neste contexto transforma-se em abrigo para os grandes e novos conglomerados econômicos e suas gigantescas regalias cedidas pelo governo federal brasileiro (LOUREIRO; PINTO, 2005).
A vinda destas grandes empresas fez com que a região amazônica como um todo fosse repartida em vastos lotes de terras, negligenciando toda a população nativa tradicional. Centenas de tribos e famílias tradicionais foram remanejadas, ou até mesmo expulsas, com pouco ou nenhum auxílio por parte do governo para que isso ocorresse.
Começa neste momento a primeira violação moderna contra os índios locais, dando sequência, em seguida, a outras formas ainda piores de violências. Fenômenos como a pistolagem, dizimação de tribos, conflitos entre indígenas e agricultores só terão fim quando verdadeiramente forem combatidas as transgreções ao direito indígena.
Comemora-se o dia internacional dos povos indígenas ainda com muita dor por parte dos índios, com pouco a se celebrar, principalmente quando analisamos estatísticas e as notícias de jornais, mas, ao mesmo tempo, comemora-se este dia com o entusiasmo de um povo guerreiro que ano após ano tem conquistado seu espaço em territórios nacionais e no âmbito internacional, com destaque e reconhecimento garantidos para um futuro melhor, ainda que desafiador.

REFERÊNCIAS

ASSEMBLEIA GERAL DAS NAÇÕES UNIDAS, 61º Sessão. Declaração Universal dos Povos Indígenas (A/61/295).

FUNAI. Direito Originário. Acessado em: 22/06/2014. Disponível em: <http://www.funai.gov.br/index.php/2014-02-07-13-26-02>.

ROWEDER, Rainner Jerônimo. A proteção do direito dos povos indígenas no Brasil: Uma relação necessária com os direitos humanos internacionais. Belo Horizonte – MG: Revista CAAP, 2010.

LOUREIRO, Violeta Rafkalefsky; PINTO, Loureiro Jax N. A. A Questão Fundiária na Amazônia. Revista Estudos Avançados 19 (54), 2005. pg. 77

PINHEIRO, Bruna F. A Questão Agrária e Conflitos envolvendo Povos Indígenas: Governança Global e a Luta pelos direitos. 

sábado, 12 de abril de 2014

Vulnerabilidade Estratégica da Amazônia Brasileira

Lucas Silva Almeida
Acadêmico do 5º semestre de Relações Internacionais da Unama

A partir desta notícia publicada no Post-Western World[1], percebe-se que o Brasil atualmente tem recuado no network diplomático, e com efeito, afetando o debate interno sobre relações internacionais, e ainda gerando comparações com a política externa do governo Lula.
Considerando que o Brasil é uma potência no Cone Sul-americano, a medida da Presidente Dilma é uma anomalia diante da força econômica e estratégica que o país tem. Albuquerque (2010) diz que a “construção das estratégias geopolíticas externas é que fizeram toda a diferença, influenciando na própria evolução econômica dos dois países e na posição que ocupam no sistema internacional” (p.68).
Por questão de honra, o Brasil procurou realizar dois eventos internacionais que falassem sobre o desenvolvimento sustentável, que seriam o Rio-92 e o Rio+20. Levando em conta seus resultados, pode-se dizer que esses eventos foram mais “alguns dias de férias na Cidade Maravilhosa” do que de fato uma discussão que envolvesse questões sociais, econômicas e ecológica (e por que não dizer espacial e cultural também?).
Assim, trabalha-se um conceito muito debatido e que dificilmente demonstra resultado práticos: a questão de diminuir a vulnerabilidade externa diante da “Integração Regional”, na defesa das fronteiras e no desenvolvimento econômico das cidades fronteiriças. O termo Vulnerabilidade Externa pode ser entendido como “a probabilidade de resistência à pressões, fatores desestabilizadores e choques externos bem como o custo dessa resistência” (GONÇALVEZ APUD GONÇALVES 2003, p. 34). “Os custos dessa resistência” está atrelado ao fator territorial amazônico, tida como uma zona com “limites geográficos indefinidos”.
O teórico geopolítico Halford Mackinder acreditava que havia uma “nítida interdependência nos acontecimentos físicos, econômicos e militares”, e que esses acontecimentos repercutem tanto nos territórios vizinhos como no local de origem (TOSTA 1984, p. 40).
A questão é, onde começa e onde termina a Amazônia Brasileira?
Essa vulnerabilidade externa, que também pode ser entendida como vulnerabilidade fronteiriça, demonstra a dificuldade brasileira em garantir seus próprios limites territoriais, que para outro teórico geopolítico, o alemão Karl Haushofer, a fronteira nada mais seria que um “campo de batalha” (TOSTA 1984, p. 71) ou um campo de guerrilha, observando as ações das forças militares brasileiras diante das FARC[2].
A defesa das fronteiras, hoje, é focada com grande destaque na Amazônia[3]. O discurso político dos “vazios demográficos”, que busca “preencher lacunas” justificaria estratégias geopolíticas adotadas pelo Estado Brasileiro para o espaço amazônico, segundo Albuquerque (p.76).
Porém, o autor acredita que a hileia amazônica, junto ao projeto SIVAM (assim como SIPAM, SIFRON, entre outros), possam garantir uma melhor manutenção do território amazônico, mas as próprias táticas usadas rebaixam as forças armadas a um papel de organização guerrilheira.
Entretanto, o problema da vulnerabilidade estratégica da Amazônia também está no modo de desenvolver economicamente a região. Estudos mostram que tentar equilibrar a questão ambiental com a economia tem poucos resultados práticos, o que precisaria não só de uma mudança nos modelos econômico e ambiental, como cultural, político e social.
Os mesmos “vazios demográficos” são responsáveis por uma metodologia macroeconômica que ignora problemas estruturalmente sociais, como narcotráfico e o mercado da prostituição, criando corredores para outros continentes. Isso ainda indica que se o Brasil não tem controle sobre o seu território, ele não aproveita os recursos disponíveis que o caracterizam como ator de peso no Sistema Internacional (a economia), nem tem capacidade de garantir as seguranças humana, militar e econômica regional.
Atualmente, sem o peso da unidade estatal, na sua forma de projetos concretos, e sua função sendo desconstruída pela influência cada vez maior de ONGs e Empresas, o Brasil perde voz e vez, não só diante do cenário internacional, como também na ótica da opinião pública. Enquanto isso, a Amazônia continua sangrando minério, em nome da bandeira nacional. Mas se nos lembrarmos das cinco responsabilidades básicas que um Estado deve manter, não há de se surpreender que daqui há um tempo, a Amazônia receberá o resto do mundo de braços abertos: Seja para um abraço caloroso ou para o golpe final.





[1]              Is Brazil abandoning its Global Ambitions?, disponível em  <http://www.postwesternworld.com/2014/02/15/brazil-abandoning-ambitions/> , acesso em 16 fev. 2014
[2]              Rica, extensa e vulnerável, Amazônia é preocupação número 1 do Exército, disponível em<http://g1.globo.com/brasil/noticia/2012/08/rica-extensa-e-vulneravel-amazonia-e-preocupacao-numero-1-do-exercito.html>, acesso em 16 fev. 2014.
[3]              Sucateado, Exército não teria como responder a guerra, dizem generais, disponível em<http://g1.globo.com/brasil/noticia/2012/08/sucateado-exercito-nao-teria-como-responder-guerra-dizem-generais.html>, acesso em 16 fev. 2014.


REFERÊNCIAS

GONÇALVEZ, Reinaldo. Comércio e Investimento Externo. Aprofundando um Modelo Insustentável, Rio de Janeiro: Fase, 2004. IN: GONÇALVEZ, Reinaldo. Poder potencial, vulnerabilidade externa e hiato de poder do Brasil. Caderno de Estudos Estratégicos, vol. 1: Escola Superior de Guerra, 2005.

ALBUQUERQUE, Edu Silvestre de. A Geopolítica da Dependência como estratégia brasileira na inserção no Sistema Internacional. Rio de Janeiro: Oikos,2010.

TOSTA, Octavio. Teorias Geopolíticas, Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 1984.

NOTÍCIAS

IsBrazilabandoning its Global Ambitions?, disponível em  <http://www.postwesternworld.com/2014/02/15/brazil-abandoning-ambitions/> , acesso em 16 fev. 2014

Rica, extensa e vulnerável, Amazônia é preocupação número 1 do Exército, disponível em<http://g1.globo.com/brasil/noticia/2012/08/rica-extensa-e-vulneravel-amazonia-e-preocupacao-numero-1-do-exercito.html>, acesso em 16 fev. 2014.


Sucateado, Exército não teria como responder a guerra, dizem generais, disponível em<http://g1.globo.com/brasil/noticia/2012/08/sucateado-exercito-nao-teria-como-responder-guerra-dizem-generais.html>, acesso em 16 fev. 2014.


segunda-feira, 10 de março de 2014

Entrevista: Programa de Iniciação Científica

Ana Carolinne Barata
Acadêmica do 6º semestre de Relações Internacionais da UNAMA

     
      1. Qual a importância da iniciação científica para um acadêmico?
Não só a iniciação científica, mas qualquer projeto dentro da Universidade é importante para que o acadêmico possa viver, de fato, o curso. A meu ver, a iniciação científica é uma oportunidade de você aplicar os conhecimentos já adquiridos no curso em um assunto de seu interesse, além de ser uma chance de viver de perto, um pouco daquilo que lhe chama a atenção.
No meu caso, eu já me interessava por Comércio Internacional e pelo Comércio Exterior, em especial a questão das empresas multinacionais. Agora eu poderei ver mais de perto (com a pesquisa de campo), além de analisar, um pouco, como isso funciona na região metropolitana de Belém. Ademais, a iniciação científica é um diferencial a parte no currículo de qualquer profissional, principalmente por estarmos na região amazônica que é tão carente de pesquisadores e, mais ainda, sendo da área de Relações Internacionais.

2. Como foi o processo de escolha do tema e de criação do teu projeto?
Como eu já disse, eu já me interessava pelo Comércio Internacional e pela questão das empresas no Sistema Internacional. Então desde o 2º semestre, eu já pensava em participar do PIC (Projeto de Iniciação Científica) com o assunto que me chamava a atenção, mas acabei deixando de lado. Passados alguns semestres e mais “madura” em relação ao curso e ao que eu queria (e com alguns “empurrõeszinhos”), finalmente procurei o professor Mário Tito, que aceitou ser meu orientador. E, em Outubro do ano passado começamos a dar corpo ao projeto.
Eu escolhi analisar as práticas sustentáveis das empresas exportadoras situadas na região metropolitana de Belém, pelo fato de a sustentabilidade ser um fator que passou a ser decisivo na internacionalização de uma empresa, mas que ao mesmo tempo, é contraditório, pois nem sempre essas práticas são, de fato, usadas, principalmente na região amazônica que é rica em recursos naturais e tem leis fortes relacionadas à preservação destes.
No entanto, a pouca fiscalização deixa estas leis, muitas vezes, só na teoria. Logo, as minhas pesquisas para a elaboração do projeto partiram daí e, depois de muito trabalho, eu entreguei o projeto para a participação do PIC.

3. Sabendo que tens um ano de pesquisa e trabalho pela frente, quais são as tuas expectativas quanto aos possíveis resultados da pesquisa?
Bom, o trabalho já começou (até porque não é pouco). E com isso, eu espero que as minhas pesquisas e o artigo final possam contribuir para a formação do conhecimento da comunidade acadêmica como um todo, pois o meu projeto abrange assuntos que podem ser vistos de vários aspectos e válidos de outras análises. Mas principalmente, eu gostaria de inspirar outras pessoas do próprio curso de Relações Internacionais a participarem do PIC, pois é uma experiência única na Universidade, principalmente para o nosso curso que nos dá base para analisar diversos assuntos e de maneiras diferentes, e assim, agregar conhecimento próprio e às outras pessoas, já que ao final do programa, a pesquisa fica disponível para todos.

4. Qual a relevância da tua pesquisa para o mercado de trabalho do internacionalista?

A pesquisa em si sobre a relação entre sustentabilidade e o comércio exterior envolve áreas relativamente diferentes, mas que se entrelaçam. Na região amazônica, um internacionalista que se envolve e se interessa por essas áreas, tem chances de fazer carreira nesses setores aqui mesmo na região metropolitana de Belém. Com isso, eu considero a minha pesquisa relevante, pois nas visitas a campo, eu estarei levando o “nome” do curso para dentro das empresas. Assim, ao mesmo tempo em que eu vou estar pesquisando assuntos relacionados às Relações Internacionais, eles também estarão conhecendo como pode ser o trabalho de um internacionalista, tanto em uma multinacional, quanto em relação ao meio ambiente. E isso, no futuro, pode trazer mais reconhecimento para o nosso curso que, aqui no Pará, ainda é pouco valorizado.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Paradiplomacia de Entidades Não centrais: Experiência do Estado do Pará nas Relações Internacionais

Gabriel Bastos
Internacionalista pela Universidade da Amazônia

O sistema internacional atravessou constantes transformações ao longo dos séculos, em decorrência do processo de globalização. Com o fim da Guerra Fria que orientou as Relações Internacionais por quase meio século e, além disso, a multipolaridade como novo modelo configurado, abriu-se um espaço de oportunidades para a atuação de entidades federativas, estados e municípios, tanto nos países desenvolvidos quanto nos emergentes. Nesse contexto de transformações, surge a paradiplomacia enquanto fenômeno político-econômico-social sendo um tema em ascensão no âmbito acadêmico e perceptível o crescimento as relações entre os Estados e novos atores.
Na contemporaneidade não há como ignorar a aptidão das unidades federadas para se arquitetarem para além das fronteiras nacionais obtendo maior participação no cenário internacional exercendo suas atividades almejando alcançar seus próprios interesses. Essa capacidade atribuída aos novos atores, especificamente aos entes federativos, é explicada por Keohane e Nye (2001, p. 7) com a teoria da interdependência complexa elaborada na década de 70 argumentando que há dependência entre os atores que estão interconectados. A ansiedade dos governos federativos tem aumentado principalmente em razão dos novos temas inseridos na agenda internacional como educação, cultura, meio ambiente, integração econômica e etc.
A teoria do Jogo de Dois Níveis complementa com os argumentos acerca do entrelaçamento entre a política doméstica e a internacional atuando de forma conjunta dando destaque a participação das instituições políticas, Grupos de Interesses, sindicatos, eleitores nas decisões internacionais dos Estados. Assim, ambas as teorias visam justificar a atuação em conjunto das duas esferas políticas evidenciando os efeitos da paradiplomacia.
O Brasil em seu aspecto jurídico apresenta a impossibilidade de atuação de seus entes subnacionais, porém na prática não impede que os mesmos de agirem de acordo com seus interesses regionais ou locais. O ponto principal do trabalho envolve a região amazônica que advém de um dinamismo de uma região detentora de recursos naturais evidenciando os Grandes Projetos, mas que na atualidade sofre com escassez de infraestrutura e distanciamento em relação às outras regiões mais desenvolvidas.
Por meio da cooperação técnica internacional, o Estado do Pará estabeleceu um acordo com a Agência Internacional de Cooperação do Japão (JICA) em 2012, o objetivo do acordo está relacionado a busca por soluções ao problema relacionado ao setor de transporte da Região Metropolitana de Belém.
No âmbito global, a concretização deste acordo possibilitou ao estado do Pará maior ampliação da sua imagem na política internacional oportunizando também o intercâmbio comercial e principalmente o aumento de investimento estrangeiro direto.
À esquerda, o Governador do Estado do Pará, Simão Jatene, e à direita, o Vice Presidente Sênior da JICA, Hideaki Domichi.


segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

O Fundo Amazônia E As Relações De Poder Na Região


Marina Cunha de Araújo
Acadêmica do 8º Semestre de Relações Internacionais da UNAMA.




A partir da década de 60, o Brasil passou a se preocupar em reintegrar a Amazônia ao restante do país, baseando-se na lógica militar do “integrar para não entregar”. Desta forma, a região passou a adotar mais uma vez a responsabilidade de fornecedora de matérias-primas e consumidora de produtos industrializados, além de servir como alívio demográfico para as regiões Sul e Sudeste, uma vez que os grandes projetos que viriam a se instalar na região a partir daí demandavam extensa mão-de-obra. Na prática, a maior parte dos grandes projetos que se instalaram na região mobilizou uma quantidade significativa de mão-de-obra que não pode ser assimilada ao todo e que acabou por se tornar um peso demográfico que o governo não previa e não tinha condições e/ou intenções de amparar.
A posição desprivilegiada da Amazônia na periferia da Divisão Territorial do Trabalho, assim como da Divisão Internacional do Trabalho, não passava despercebida, mas era justificada pelo governo federal como uma medida necessária contra as ações comunistas que poderiam vir a se alastrar pela região, argumento esse reforçado pela guerrilha do Araguaia. Percebe-se então um dos primeiros indícios da implementação de uma relação de poder na região após a Segunda Guerra Mundial.
No caso da Amazônia, os grandes projetos implementados na região têm sido responsáveis por perpetuar as relações de poder, onde o governo se coloca como agente dominante e a população recebe o papel de agente dominado, uma vez que nenhum desses projetos ou as próprias políticas públicas para a região proporcionou os instrumentos necessários para que a população pudesse ter uma voz ativa no planejamento de seu desenvolvimento socioeconômico e cultural. 
 Neste contexto, surge o Fundo Amazônia, uma iniciativa brasileira de contribuição para a redução de emissões resultantes do desmatamento e da degradação das florestas, cujo objetivo principal é o combate ao desmatamento e a promoção da conservação e uso sustentável do bioma amazônico. O fundo trabalha através do financiamento de projetos voltados para o desenvolvimento econômico e a preservação ambiental na região amazônica e visa alcançar resultados dentro de sete grandes áreas: atividades econômicas de uso sustentável das florestas; gestão de florestas públicas e áreas protegidas; manejo florestal sustentável; controle, monitoramento e fiscalização ambiental; recuperação de áreas desmatadas; e zoneamento ecológico e econômico, ordenamento territorial e regularização fundiária. Estes resultados visam um futuro amazônico baseado no apoio a atividades econômicas sustentáveis, através da implementação de um novo modelo de desenvolvimento na região.

Entretanto, um dos condicionantes mínimos para a aprovação de projetos por parte do Fundo é que o mesmo contribua direta ou indiretamente ao REDD (Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal), mecanismo internacional através do qual se contabiliza a redução da emissão de carbono através da redução do desmatamento. O mecanismo, no entanto, preza pela manutenção da floresta em pé, pautando-se na perspectiva de que apenas através da diminuição do desmatamento como um todo e da compreensão da preservação ambiental como commodities não visíveis, mas reais, se poderá alcançar o verdadeiro desenvolvimento sustentável.
Apesar de possuir aspectos importantes para os debates sobre o desenvolvimento sustentável da região, as diretrizes do REDD não se adequam totalmente à realidade da região Amazônica, onde uma parcela significativa da população depende exclusivamente da utilização da floresta para sobreviver. Como se trata de um mecanismo internacional, é compreensível que o mesmo não tenha sido criado levando-se em consideração única e exclusivamente o bioma amazônico, mas, ao colocá-lo como um dos condicionantes mínimos para a aprovação dos projetos, o Fundo Amazônia impõe um modelo criado internacionalmente a uma população cuja realidade muitas vezes não o comporta.
Sob o prisma da teoria pós-moderna das relações internacionais, compreende-se que as relações de poder se dão entre o detentor do conhecimento e aquele que não o possui, de maneira que o detentor se utiliza do conhecimento para criar e/ou manter uma estrutura de dominação na qual o mesmo exerce o poder. Compreende-se também que toda verdade científica está invariavelmente associada a uma estrutura de poder, estabelecendo normas, regras de comportamento que são impostas aos agentes dominados. Neste sentido, não só o REDD, mas o Fundo Amazônia em si acabam por colaborar para a perpetuação das relações de poder na região. Da imposição de um modo de pensar e de agir, pautado em um conceito criado internacionalmente, que não se adequa completamente às necessidades da população.