Acadêmico
do 5º semestre de Relações Internacionais da Unama
A
partir desta notícia publicada no
Post-Western World[1],
percebe-se que o Brasil atualmente tem recuado no network diplomático, e com efeito, afetando o debate interno sobre
relações internacionais, e ainda gerando comparações com a política externa do
governo Lula.
Considerando
que o Brasil é uma potência no Cone Sul-americano, a medida da Presidente Dilma
é uma anomalia diante da força econômica e estratégica que o país tem.
Albuquerque (2010) diz que a “construção das estratégias geopolíticas externas
é que fizeram toda a diferença, influenciando na própria evolução econômica dos
dois países e na posição que ocupam no sistema internacional” (p.68).
Por
questão de honra, o Brasil procurou realizar dois eventos internacionais que
falassem sobre o desenvolvimento sustentável, que seriam o Rio-92 e o Rio+20.
Levando em conta seus resultados, pode-se dizer que esses eventos foram mais
“alguns dias de férias na Cidade Maravilhosa” do que de fato uma discussão que envolvesse
questões sociais, econômicas e ecológica (e por que não dizer espacial e
cultural também?).
Assim,
trabalha-se um conceito muito debatido e que dificilmente demonstra resultado
práticos: a questão de diminuir a vulnerabilidade externa diante da “Integração
Regional”, na defesa das fronteiras e no desenvolvimento econômico das cidades
fronteiriças. O termo Vulnerabilidade Externa pode ser entendido como “a
probabilidade de resistência à pressões, fatores desestabilizadores e choques
externos bem como o custo dessa resistência” (GONÇALVEZ APUD GONÇALVES 2003, p.
34). “Os custos dessa resistência” está atrelado ao fator territorial
amazônico, tida como uma zona com “limites geográficos indefinidos”.
O
teórico geopolítico Halford Mackinder acreditava que havia uma “nítida
interdependência nos acontecimentos físicos, econômicos e militares”, e que
esses acontecimentos repercutem tanto nos territórios vizinhos como no local de
origem (TOSTA 1984, p. 40).
A
questão é, onde começa e onde termina a Amazônia Brasileira?
Essa
vulnerabilidade externa, que também pode ser entendida como vulnerabilidade
fronteiriça, demonstra a dificuldade brasileira em garantir seus próprios
limites territoriais, que para outro teórico geopolítico, o alemão Karl
Haushofer, a fronteira nada mais seria que um “campo de batalha” (TOSTA 1984,
p. 71) ou um campo de guerrilha, observando as ações das forças militares brasileiras
diante das FARC[2].
A
defesa das fronteiras, hoje, é focada com grande destaque na Amazônia[3].
O discurso político dos “vazios demográficos”, que busca “preencher lacunas”
justificaria estratégias geopolíticas adotadas pelo Estado Brasileiro para o espaço
amazônico, segundo Albuquerque (p.76).
Porém,
o autor acredita que a hileia amazônica, junto ao projeto SIVAM (assim como
SIPAM, SIFRON, entre outros), possam garantir uma melhor manutenção do
território amazônico, mas as próprias táticas usadas rebaixam as forças armadas
a um papel de organização guerrilheira.
Entretanto,
o problema da vulnerabilidade estratégica da Amazônia também está no modo de
desenvolver economicamente a região. Estudos mostram que tentar equilibrar a
questão ambiental com a economia tem poucos resultados práticos, o que
precisaria não só de uma mudança nos modelos econômico e ambiental, como
cultural, político e social.
Os
mesmos “vazios demográficos” são responsáveis por uma metodologia
macroeconômica que ignora problemas estruturalmente sociais, como narcotráfico
e o mercado da prostituição, criando corredores para outros continentes. Isso
ainda indica que se o Brasil não tem controle sobre o seu território, ele não
aproveita os recursos disponíveis que o caracterizam como ator de peso no Sistema
Internacional (a economia), nem tem capacidade de garantir as seguranças
humana, militar e econômica regional.
Atualmente,
sem o peso da unidade estatal, na sua forma de projetos concretos, e sua função
sendo desconstruída pela influência cada vez maior de ONGs e Empresas, o Brasil
perde voz e vez, não só diante do cenário internacional, como também na ótica
da opinião pública. Enquanto isso, a Amazônia continua sangrando minério, em
nome da bandeira nacional. Mas se nos lembrarmos das cinco responsabilidades
básicas que um Estado deve manter, não há de se surpreender que daqui há um
tempo, a Amazônia receberá o resto do mundo de braços abertos: Seja para um
abraço caloroso ou para o golpe final.
[1] Is Brazil
abandoning its Global Ambitions?, disponível em
<http://www.postwesternworld.com/2014/02/15/brazil-abandoning-ambitions/> , acesso em
16 fev. 2014
[2] Rica, extensa e
vulnerável, Amazônia é preocupação número 1 do Exército, disponível em<http://g1.globo.com/brasil/noticia/2012/08/rica-extensa-e-vulneravel-amazonia-e-preocupacao-numero-1-do-exercito.html>, acesso em
16 fev. 2014.
[3] Sucateado,
Exército não teria como responder a guerra, dizem generais, disponível em<http://g1.globo.com/brasil/noticia/2012/08/sucateado-exercito-nao-teria-como-responder-guerra-dizem-generais.html>, acesso em
16 fev. 2014.
REFERÊNCIAS
GONÇALVEZ,
Reinaldo. Comércio e Investimento Externo. Aprofundando um Modelo Insustentável,
Rio de Janeiro: Fase, 2004. IN: GONÇALVEZ, Reinaldo. Poder potencial, vulnerabilidade externa e hiato de poder do Brasil.
Caderno de Estudos Estratégicos, vol. 1: Escola Superior de Guerra, 2005.
ALBUQUERQUE,
Edu Silvestre de. A Geopolítica da Dependência como estratégia brasileira na
inserção no Sistema Internacional. Rio de Janeiro: Oikos,2010.
TOSTA,
Octavio. Teorias Geopolíticas, Rio
de Janeiro: Biblioteca do Exército, 1984.
NOTÍCIAS
IsBrazilabandoning its Global
Ambitions?, disponível em <http://www.postwesternworld.com/2014/02/15/brazil-abandoning-ambitions/>
, acesso em 16 fev. 2014
Rica, extensa e vulnerável, Amazônia é
preocupação número 1 do Exército, disponível em<http://g1.globo.com/brasil/noticia/2012/08/rica-extensa-e-vulneravel-amazonia-e-preocupacao-numero-1-do-exercito.html>,
acesso em 16 fev. 2014.
Sucateado,
Exército não teria como responder a guerra, dizem generais, disponível em<http://g1.globo.com/brasil/noticia/2012/08/sucateado-exercito-nao-teria-como-responder-guerra-dizem-generais.html>,
acesso em 16 fev. 2014.
Nenhum comentário:
Postar um comentário