quinta-feira, 24 de abril de 2014

Política Externa do Governo Dilma: Um Primeiro Olhar

Christiane Ramos
Acadêmica do 3° semestre do curso de Relações Internacionais da UNAMA
A política externa é um mecanismo de extrema importância para o desenvolvimento de uma nação. Através dela, o Estado agirá de forma a satisfazer os interesses nacionais e alcançar os objetivos do país. Pode ser definida, grosso modo, como práticas estratégicas utilizadas pelo corpo diplomático para o desenvolvimento das relações de um país em relação à comunidade internacional.
            Para o desenvolvimento de uma política externa convincente, é necessário levar em consideração os recursos de poder provenientes do país elaborador da política, a eficácia do corpo diplomático, e o empenho do líder político em fazer com que os esforços empregados tenham êxito. Apesar de não estar desvencilhada da política doméstica, a política externa ganha papel de relevância porque traduz a forma que um Estado agirá no sistema internacional.
            Na realidade, a política interna dos Estados tem papel de relevância na elaboração da política externa. Um exemplo disso é a mudança dos governos internos democráticos dos países. A mudança de governo pode modificar o trato da política externa e tem poder de desenvolver ou atrofiar a política externa de um Estado.
            É disso que trata a publicação do dia 12 de fevereiro do site da BBC Brasil. Nela é discutido o descompromisso do Governo Dilma no trato da política externa brasileira. Para ilustrar essa falta de preocupação, a publicação exemplifica esta característica de Dilma Rousseff por meio de dois exemplos: um, o declínio de um convite para participar da conferência de Genebra, que discutiu sobre a crise na Síria; e segundo, a Conferência de Segurança de Munique, que foi um fórum que reuniu representantes das principais potências mundiais para debates sobre política de segurança internacional.
            O Brasil é uma potencia regional, porém participa no arranjo do sistema internacional atual como uma nação emergente. Incapaz de influenciar em massa as negociações internacionais é inconcebível que se desvencilhe da participação das mesas de negociação internacionais.
           

A presidente Dilma Rousseff é vista como uma chefe de Estado burocrática, avessa à mídia e pouco carismática. Isto a contrapõe ao seu antecessor Luiz Inácio Lula da Silva, que ao invés de se intimidar e manter-se sob o abrigo da política doméstica, desenvolveu relações com Ásia e principalmente, a África. Além disso, ainda participou de uma negociação frustrada com o Irã sobre o enriquecimento de urânio. Apesar da frustração, Lula tratou de fazer com que o Brasil agisse como um verdadeiro ator internacional, ou seja, com papel de protagonista, e não somente como quem apenas aceita as imposições da comunidade internacional.
            Há que se reconhecer que existem ações de cooperação, em especial no sentido Sul-Sul, mas são tímidas. E mesmo estas não constituem em algo novo, pois são apenas continuidades do legado de Lula.
           

         Não é difícil de entender a preocupação do Governo Dilma com a política doméstica, afinal o Brasil ainda é um país com forte presença de cidadãos de baixa renda, e como tal, tem o dever de proporcionar bem-estar à sua população. Porém, o sistema internacional é um ambiente de cooperação. O Brasil não pode agir de forma tímida diante das possibilidades de ascensão de poder brando que o sistema internacional propõe.
A política externa brasileira pode ter sido afetada pela personalidade retraída de Dilma Rousseff, porém tem a possibilidade de se recompor e buscar ganhos absolutos multilaterais que proporcionem ao Brasil que só podem ser conseguidos por meio das negociações, conferências, reuniões internacionais, dentre outros. A partir de uma participação realmente ativa.
            Cabe continuar verificando se as ações realizadas no campo da diplomacia e política externa nestes últimos quatro anos posicionaram o Brasil nas arenas decisórias internacionais como sujeito relevante na condução de políticas globais ou se relegaram o país a elemento secundário no sistema internacional.
            
REFERÊNCIA:
COSTA, Camilla. Com Dilma, o Brasil perdeu força na política internacional? BBC Brasil. 2014.Disponívelemhttp://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/02/140210_politica_externa_dilma_cc.shtml. acesso às: 16:33.

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