Christiane Ramos
Acadêmica do 3°
semestre do curso de Relações Internacionais da UNAMA
A política externa é um mecanismo de
extrema importância para o desenvolvimento de uma nação. Através dela, o Estado
agirá de forma a satisfazer os interesses nacionais e alcançar os objetivos do
país. Pode ser definida, grosso modo, como práticas estratégicas utilizadas
pelo corpo diplomático para o desenvolvimento das relações de um país em
relação à comunidade internacional.
Para o desenvolvimento de uma
política externa convincente, é necessário levar em consideração os recursos de
poder provenientes do país elaborador da política, a eficácia do corpo
diplomático, e o empenho do líder político em fazer com que os esforços empregados
tenham êxito. Apesar de não estar desvencilhada da política doméstica, a política
externa ganha papel de relevância porque traduz a forma que um Estado agirá no
sistema internacional.
Na realidade, a política interna dos
Estados tem papel de relevância na elaboração da política externa. Um exemplo
disso é a mudança dos governos internos democráticos dos países. A mudança de
governo pode modificar o trato da política externa e tem poder de desenvolver
ou atrofiar a política externa de um Estado.
É disso que trata a publicação do
dia 12 de fevereiro do site da BBC Brasil. Nela é discutido o descompromisso do
Governo Dilma no trato da política externa brasileira. Para ilustrar essa falta
de preocupação, a publicação exemplifica esta característica de Dilma Rousseff
por meio de dois exemplos: um, o declínio de um convite para participar da
conferência de Genebra, que discutiu sobre a crise na Síria; e segundo, a
Conferência de Segurança de Munique, que foi um fórum que reuniu representantes
das principais potências mundiais para debates sobre política de segurança
internacional.
O Brasil é uma potencia regional,
porém participa no arranjo do sistema internacional atual como uma nação
emergente. Incapaz de influenciar em massa as negociações internacionais é
inconcebível que se desvencilhe da participação das mesas de negociação
internacionais.
A
presidente Dilma Rousseff é vista como uma chefe de Estado burocrática, avessa
à mídia e pouco carismática. Isto a contrapõe ao seu antecessor Luiz Inácio
Lula da Silva, que ao invés de se intimidar e manter-se sob o abrigo da
política doméstica, desenvolveu relações com Ásia e principalmente, a África.
Além disso, ainda participou de uma negociação frustrada com o Irã sobre o
enriquecimento de urânio. Apesar da frustração, Lula tratou de fazer com que o
Brasil agisse como um verdadeiro ator internacional, ou seja, com papel de
protagonista, e não somente como quem apenas aceita as imposições da comunidade
internacional.
Há que se reconhecer que existem
ações de cooperação, em especial no sentido Sul-Sul, mas são tímidas. E mesmo
estas não constituem em algo novo, pois são apenas continuidades do legado de
Lula.
Não
é difícil de entender a preocupação do Governo Dilma com a política doméstica,
afinal o Brasil ainda é um país com forte presença de cidadãos de baixa renda,
e como tal, tem o dever de proporcionar bem-estar à sua população. Porém, o
sistema internacional é um ambiente de cooperação. O Brasil não pode agir de
forma tímida diante das possibilidades de ascensão de poder brando que o
sistema internacional propõe.
A política externa brasileira pode ter
sido afetada pela personalidade retraída de Dilma Rousseff, porém tem a
possibilidade de se recompor e buscar ganhos absolutos multilaterais que
proporcionem ao Brasil que só podem ser conseguidos por meio
das negociações, conferências, reuniões internacionais, dentre outros. A partir
de uma participação realmente ativa.
Cabe continuar verificando se as
ações realizadas no campo da diplomacia e política externa nestes últimos
quatro anos posicionaram o Brasil nas arenas decisórias internacionais como
sujeito relevante na condução de políticas globais ou se relegaram o país a
elemento secundário no sistema internacional.
COSTA, Camilla. Com Dilma, o Brasil
perdeu força na política internacional? BBC Brasil. 2014.Disponívelemhttp://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/02/140210_politica_externa_dilma_cc.shtml.
acesso às: 16:33.
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