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segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Segurança Coletiva: das ameaças de atores não convencionais à capacidade de reação da Sociedade Internacional

Christiane Ramos
Acadêmica do 4° semestre de Relações Internacionais da UNAMA

“Sabe-se que guerras sempre existiram, assim como outros modos de violência nas civilizações, porém hoje a rapidez da comunicação traz a violência para dentro de nossas casas todo o tempo. Temos como questão contemporânea a violência globalizada e também banalizada” (2011, p. 09). ¹

É notável a repercussão que o grupo Estado Islâmico tem tomado no cenário Internacional. Suas práticas, abalizadas pelo fundamentalismo religioso, acometem civis e depositam receios à sociedade internacional. Diante deste fato, a questão que vem à tona é: não seria este o momento de interromper o avanço deste grupo, já que ele representa uma ameaça à ordem internacional, aos direitos humanos, ao direito internacional, e à sobrevivência dos Estados Westfalianos? O presente artigo tem como objetivo discutir este assunto, à luz da ideia de segurança coletiva. 


O conceito de segurança coletiva fundamenta-se no imaginário de que qualquer ameaça à segurança e à paz internacional será combatida coletivamente, formando-se um sistema universal de ação conjunta entre os Estados. Justamente por ser considerada universal e comum, o uso da violência em âmbito internacional, nestes casos, é legitimada.
De acordo com HERZ (2004, p. 83), “o sistema é baseado na ideia da criação de um mecanismo internacional que conjuga compromissos de Estados nacionais para evitar, ou até suprimir a agressão de um Estado contra outro”. Desta forma, se reconhece que o ideal de segurança coletiva está baseado na paz internacional como sinônimo de sobrevivência e não agressão entre Estados legitimados.

Contudo, com o final da Guerra Fria, que pôs fim às amarras da bipolaridade, e mais tarde, quando o mundo testemunhou os ataques ao World Trade Center – agressões estas reivindicadas pelo grupo terrorista Al-Qaeda – o sistema internacional passou a perceber que nem só de Estados se faziam as Relações Internacionais e que atores não estatais possuem tanto poder de influência quanto os Estados. E mais, o empoderamento de não-estados capacitou-os de forma a serem vistos como uma possível ameaça internacional.
É neste contexto que se encaixa o grupo Estado Islâmico. Esta organização utiliza da violência não institucionalizada para guiar suas ações no cenário mundial. Cometem violência sexual contra mulheres, decapitações de prisioneiros como um “espetáculo” para chocar o mundo e fazem uso do fundamentalismo islâmico como um modo de atrair e alienar combatentes para morrerem por sua causa.
Diante destes atos, os Estados Unidos propuseram, em 05 de setembro de 2014, durante a Conferência da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), realizada no País de Gales, uma coalizão internacional para combater o Estado Islâmico.
Desta iniciativa dos Estados Unidos podem ser feitos comentários importantes. Inicialmente, Monica Herz interessa-se em deixar evidente que “o sistema de segurança coletiva também se baseia no pressuposto de que é possível mudar o cálculo racional dos Estados. Dessa forma, o sistema funciona associado a arranjos para facilitar a resolução de disputas” (HERZ, 2004, p. 83).
A OTAN surgiu no período da Guerra Fria para combater o avanço do Comunismo. Portanto, despontou com o objetivo de combater um inimigo específico. Com a derrocada da URSS, a organização tem traçado outros objetivos para manter suas ações no sistema internacional. Contudo, ainda assim, é uma organização de defesa, e não exatamente de segurança. Nesse contexto, surge a ONU como agente capaz de transformar as preferências dos demais atores internacionais, com ênfase na segurança internacional e manutenção da paz.
Herz também estabelece as diferenças e implicações dos modos de combater as ameaças internacionais. Diferencia, portanto, alianças militares de segurança coletiva. Para a autora, a aliança militar está relacionada às questões materiais e formas palpáveis de defesa, sendo que ela surge para o combate de um inimigo específico. A segurança coletiva, por outro lado, baseia-se na ideia de construção da paz, na qual, este árduo percurso, poderá ser perturbado por algum inimigo que talvez possa surgir. Portanto, não se tem certeza de quando a ameaça surgirá. Não há um inimigo específico.
E mais importante ainda: todos os meios pacíficos devem ser empregados antes que se tome a decisão do uso da força. Assim, entram em cena a arbitragem, a negociação, a cooperação, as sanções, e outros.  Mas, o caso do grupo Estado Islâmico é peculiar. As considerações sobre segurança coletiva relacionam-se basicamente à Estados legítimos.
A imagem do Estado como um ator importante no sistema internacional ainda é expressa pelos atores internacionais, mesmos que estes se encaixem na perspectiva de atores não estatais. O EI é uma amostra expressa desta ideia. O grupo se autointitulou “Estado” e passou a agir no sistema internacional de modo a se fazer legitimar como tal, claro, utilizando os meios específicos para isso.
BACCARINI (2009), considera que “não há uma conceitualização exata do que se pode denominar segurança coletiva acordada entre os diversos teóricos de RI”. Portanto, é um campo ainda a ser explorado pelos analistas e estudiosos de Relações Internacionais. Para HERZ, o fato de o conceito de segurança coletiva estar centrado na sobrevivência dos Estados e neles como ameaça, não limita o poder de ação da sociedade internacional, quando à ameaça diz respeito à atores não estatais. Para ela, “uma ameaça à paz não envolve, necessariamente, o uso da violência armada, nem se limita aos conflitos entre Estados” (2004, p. 105).
O surgimento de grupos e organizações como o Estado Islâmico no sistema internacional é uma fonte que necessita ainda de muitas reflexões. O conceito e abrangência da ideia de segurança coletiva está ainda sendo desenvolvida pelos estudiosos de política internacional. Alguns ainda questionam a capacidade das organizações internacionais de mudar as preferências dos atores internacionais, assim, pondo em risco a segurança coletiva institucionalizada.
Os risco que uma interferência pode causar aos países que estão sofrendo intervenções deve ser vigiado. Inclusive, o caso da Síria é bastante interessante, podendo ser um tema para outro artigo mais adiante.
Os combates ao EI já iniciaram. Cabe agora esperar para observar se os ideais de segurança coletiva e da “responsabilidade de e ao proteger” serão firmados.
Fiquemos atentos ao que acontece no cenário internacional!!

NOTA:
¹KIRILLOS, Fuad Neto; MOREIRA, Jacqueline de Oliveira; ROSÁRIO, Ângela Buciano do. As faces da violência na contemporaneidade: sociedade e clínica. Barbacena, MG: EdUEMG, 2011. 

REFERÊNCIAS

BACCARINI, Mariana Pimenta Oliveira. Segurança Coletiva e Regimes de Segurança. Relações Internacionais no Mundo Atual, Curitiba, n. 10, p. 107-124, 2009-2.

BERCITO, Diogo. O que é o Estado Islâmico? Disponível em:< http://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2014/09/03/o-que-e-o-estado-islamico/>. Acesso em: 27/09/2014.

CHECCHIA, V. J. P. CEIRE Newspaper. As alianças contra o Estado Islâmico. < Http://www.jornal.ceiri.com.br/as-aliancas-contra-o-estado-islamico/>. Acesso em: 27/09/2014. Visualizado às: 17:26.

G1. Obama define esta semana plano de ofensiva contra Estado Islâmico: Presidente falará na quarta para 'descrever plano'. Discurso será um dia antes do aniversário dos ataques de 11 de setembro. <Http://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/09/obama-define-esta-semana-plano-de-ofensiva-contra-estado-islamico-20140907111004551611.html>. Acesso em: 08.09.14. Visualizado às: 22:24.

GERCHMANN, Léo. Zero Hora. As origens e a brutalidade do grupo Terrorista Estado Islâmico. http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2014/08/as-origens-e-a-brutalidade-do-grupo-terrorista-estado-islamico-4587195.html. Acesso em: 08.09.2014. Visualizado às: 21:52.

HERZ, Mônica; HOFFMANN, Andrea Ribeiro. Segurança Coletiva. In: ______. Organizações Internacionais: história e práticas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. p. 82-131.


KIRILLOS, Fuad Neto; MOREIRA, Jacqueline de Oliveira; ROSÁRIO, Ângela Buciano do. As faces da violência na contemporaneidade: sociedade e clínica. Barbacena, MG: EdUEMG, 2011.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

A repercussão do Grupo Estado Islâmico no Sistema Internacional

Thiago Corrêa
Acadêmico do 6º semestre de Relações Internacionais
O conceito de Terrorismo utilizado pelas organizações internacionais é classificado por atos de violência física ou psicológica os quais são guiados através de ataques a um governo ou à população por este governada de modo a incutir medo/terror as suas vítimas.
Este tipo de violência pode ser praticado por uma enorme gama de instituições dispostas a alcançarem seus objetivos, o que torna a caracterização do terrorismo mais complexa. Isto é bem exemplificado pelo historiador e cientista político Walter Laqueur em seu livro A History of Terrorism na seguinte frase: “Nenhuma definição pode abarcar todas as variedades do terrorismo que existiram ao longo da história”.
Atualmente, os casos mais famosos e perigosos dessa natureza provêm de grupos os quais utilizam a violência por motivos étnicos e/ou religiosos e muitas organizações com essas características já são consideradas como grupos terroristas internacionais pela Organização das Nações Unidas (ONU), pela mídia ocidental e também pelos meios de comunicação de sua área de origem. É o caso do Estado Islâmico do Iraque e da Síria (EIIS - em inglês: Islamic State in Iraq and the Levant - ISIL), um grupo islâmico que alega possuir autoridade religiosa sobre todos os Estados muçulmanos do mundo e que agora é conhecido simplesmente como Estado Islâmico (EI), além de tentar tomar o controle de várias áreas de maioria muçulmana dentre as quais estão Israel, Palestina, Jordânia, Líbano e outros.
O EI é um grupo jihadista, ou seja, luta a favor de uma fé perfeita segundo os conceitos de “empenho” e “esforço” que a palavra “jihad” denota dentro da religião islâmica. Antes formado por vários grupos terroristas insurgentes como o Al-Qaeda, o Estado Islâmico ganhou força com a criação de um Califado – forma islâmica de governo que prega a união da liderança política do mundo islâmico representada pelo seu chefe de estado, o Califa, um sucessor à autoridade política de Maomé.
 A força para a criação deste Estado – proclamado separado da Síria e do Iraque em janeiro de 2014 – veio principalmente da participação deste grupo na guerra civil da Síria e das denúncias de discriminação contra árabes sunitas desde a morte de Saddam Hussein.
Atualmente, esse Califado governado por Abu Bakr Al-Baghdadi, tem obrigado as pessoas que vivem nas áreas que controla a se converterem ao islamismo, sujeitando-as a torturas, mutilações e à pena de morte caso se recusem a ceder.
O EI possui pelo menos quatro mil combatentes no Iraque e já assumiu a autoria de ataques a alvos militares e do governo, bem como a morte de milhares de civis, principalmente muçulmanos xiitas, assírios e cristãos. O grupo é tão violento, que até mesmo o Al-Qaeda cortou qualquer tipo de relação com este alegando intratabilidade, violência extrema e brutalidade desnecessárias.
O que isso tudo tem causado no Sistema Internacional? Em primeiro lugar, parte da responsabilidade recai sobre os Estados Unidos, país que invadiu o Iraque em 2003 causando uma confusão cujas escalas ainda não foram completamente mensuradas, como a insurreição ao regime na Síria apoiada pelo governo de Obama mais recentemente, o que permitiu a ascensão de grupos mais extremistas que acabaram por tomar o território. O Secretário de Defesa norte-americano Chuck Hagel reconhece a força e motivação política do EI, as quais são alimentadas por um fanatismo religioso sem limites aliado a poderosas táticas e estratégias.
Como impedir um grupo que vem avançando sobre cidades da Síria e do Iraque e tomando-as para si? Como assegurar a integridade física de milhares de pessoas as quais têm sido subjugadas por este que não seria um grupo terrorista segundo Hagel, mas um projeto de Estado com armas sofisticadas, uma ideologia totalitária e recursos abundantes provenientes de ajuda externa?
Já há apoio para uma intervenção militar controlada na área e muitos indícios de que o mundo ocidental corre riscos, tendo em vista que recentemente o Rei da Arábia Saudita alertou o mundo de que se nenhuma atitude for tomada o ocidente será o próximo alvo do EI, pois o terrorismo não possui fronteiras.  Como exemplo disso, um vídeo no qual um jornalista americano é executado foi divulgado pelo EI há pouco tempo.
O primeiro-ministro David Cameron declarou que o Estado Islâmico é a maior ameaça já enfrentada pelo Reino Unido e alegou ser altamente provável que haja tentativas de atentados terroristas em território britânico. Numa tentativa de aconselhar um fim à tamanha barbárie sem incentivar ainda mais violência, o Papa Francisco declarou que “(...) é lícito deter o agressor injusto. (...) Eu não estou dizendo que bombardeiem ou façam a guerra, mas apenas detenham”, disse o papa defendendo que esta decisão deveria ser feita pela comunidade internacional.
Essa parece mesmo ser a saída. Só nos resta esperar que esta guerra não tome proporções mundiais.

REFERÊNCIAS 

O ocidente é o próximo alvo do estado islâmico, afirma rei saudita
Choque das civilizações - O Estado Islâmico
Como estado islâmico se tornou mais pergoso que Al-Qaed
Conflito envolvendo o estado islâmico na síria e no Iraque
Financiamento Estado do Islâmico

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Apelo da ONU para a Síria

Evelin Oliveira
Acadêmica do 3° semestre de Relações Internacionais da UNAMA



Qual o significado da vida humana? Atualmente, se analisarmos a questão frente às interações entre os agentes da política internacional, a resposta infelizmente será negativa e indignante. Nos últimos quatro anos, mais de cento e trinta mil pessoas morreram na Síria no conflito entre insurgentes e forças do governo do presidente Bashar al-Assad. 
O conflito devastou comunidades inteiras e forçou mais de nove milhões de pessoas a abandonarem suas residências. Segundo a BCC Brasil, 1 milhão de sírios estão refugiados no Líbano, os quais  já são quase 1/4 da população. Além disso, mais de 11 mil crianças morreram ainda nos primeiros três anos de guerra civil na Síria, a qual, agora em 2014 entra no seu quarto ano e estes números só tendem a aumentar, porém, devido a intolerância à imprensa no país, eles podem ser ainda mais alarmantes.
 O que os sírios almejam é um país mais democrático, onde a população seja ouvida. Segundo a publicação da BBC Brasil do dia 14 de março de 2014, esse cenário de conflito teve início bem antes, na chamada Primavera Árabe, quando um jovem na Tunísia, ateou fogo ao próprio corpo como manifestação contra as condições de vida no país. Ele não sabia, mas o ato desesperado, que terminou com a própria morte, seria o pontapé inicial para a deflagração de manifestações internas nos países árabes.  
Em seguida, o ideal revolucionário democrático se acendeu em outros países, como: Líbia, Egito, Argélia, Bahrein, Marrocos, Iêmen, Jordânia, Omã. Na Síria a luta é pela deposição do ditador Bashar al-Assad, cuja família se encontra no poder há 46 anos. O governo de Assad é repressor e violento e não zela pela qualidade de vida da população.
A guerra civil na Síria começou em março 2011, impulsionada pelos ideais de busca pela democracia que pode apenas consistir numa ideologia imposta pelo Ocidente, o qual acredita veementemente que esta é uma saída para um mundo mais digno e harmônico. O conflito interno do país é causado pelos diferentes interesses dos agentes atuantes que não permitem que o país seja homogêneo, pelo menos nessas questões. 
Nestes conflitos prevalece à utilização da violência para satisfazer os objetivos tanto do governo quanto dos rebeldes. Entre esses interesses divergentes está uma população amedrontada e devastada por atos desumanos utilizados pelas duas partes. Na Declaração conjunta dos chefes das Agências Humanitárias da ONU sobre a Síria, está explicito o apelo urgente em nome dos milhões de pessoas que tem suas vidas afetadas por causa da guerra.
De acordo com a Declaração, “parece que dias piores ainda estão por vir”, isso devido à existência de uma indefinição internacional, na qual não há um posicionamento que realmente dê assistência necessária à população, além de o acesso humanitário ser negado  tanto pelo governo quanto pelos rebeldes. 
O destino da Síria cada vez mais se torna obscuro e desolador, onde o povo sírio luta desesperadamente pela vida e mantém acesa a esperança de que um dia essa realidade mude. Para que isso um dia venha a acontecer, a comunidade internacional precisa urgentemente fazer mais por esse povo que vem sofrendo há quatro anos, porque pessoas inocentes não podem ainda continuar perdendo suas vidas em meio a atitudes irresponsáveis e impiedosas pela busca do poder.


REFERÊNCIAS:
BBCBrasil. Em três anos, conflito na Síria matou mais de 100 mil; entenda http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/03/140314_siria_3anos_entenda_dg.shtml, acesso em 01 de abril de 2014.
______. Com 1 milhão de sírios, refugiados no Líbano já são quase 1/4 da população http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/04/140403_libano_refugiados_siria_fn.shtml, Atualizado em  3 de abril, 2014 - 14:17 (Brasília) 17:17 GMT, acesso em 03 de maio de 2014.
______. Crianças na Síria são vítimas de atiradores e tortura, diz relatório  http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/11/131124_siria_criancas_mortes_conflito_rw.shtml, acesso em 29 de abril de 2014.
ESTADÃO. Um ano de Primavera Árabe, a primavera inacabada http://topicos.estadao.com.br/primavera-arabe, acesso em 31 de abril de 2014.
UNICEF. Declaração conjunta dos chefes das agências humanitárias da ONU sobre a Síria https://www.unicef.pt/18/site_declaracao_agencias_humanitarias_da_onu_sobre_a_siria_2014_04_23.pdf, acesso em 30 de abril de 2014.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

A importância dos Direitos Humanos no Sistema Internacional



Renato Macedo
Acadêmico do 6º semestre de Relações Internacionais da UNAMA.



A temática dos Direitos Humanos nas relações internacionais está inserida principalmente no processo de fortalecimento do papel da Organização das Nações Unidas em resguardar as normas do direito internacional, assim como no convite à sociedade civil organizada em todo o mundo a participar dos debates e também na proteção desses direitos.


Immanuel Kant
      A fonte da visão atual sobre os direitos humanos vem do jusnaturalismo, corrente filosófica do direito que defende a existência de um conjunto de direitos inerentes à condição humana. A universalidade de direitos inalienáveis, como o direito à vida, à liberdade e à igualdade, é a viga mestra da tese da paz perpétua, proposta por Immanuel Kant.

           Um marco internacional em matéria de direitos humanos, além da Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, foi a Convenção de Viena de 1993, a mais abrangente sobre a matéria. Nesta convenção participaram cerca de 1.200 Organizações Não Governamentais, demonstrando a tendência cada vez maior da participação de atores não estatais nas agendas internacionais e a capacidade destes em influenciar na decisão dos governos.


            Uma noção prática da magnitude da problemática dos direitos humanos atualmente é a catástrofe humanitária que é a Guerra Civil na Síria, que ao ter sido observada pela Anistia Internacional, foi reportada como fomentadora de “graves violações dos Direitos Humanos em uma escala massiva”. O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) estima que “6,8 milhões de pessoas necessitem de assistência humanitária urgente – incluindo 3,1 milhões de crianças. Desse total, 4,25 milhões são deslocados internos”.

Crianças sírias refugiadas no Líbano.


O que se observa a partir do andamento da Guerra Civil na Síria e das tentativas de soluções diplomáticas para sanar o conflito, é o impasse da diplomacia tradicional face aos interesses geopolíticos diversos entre os Estados, entretanto, a voz dos cidadãos que sofrem as consequências diretas e indiretas do conflito é que deveria soar mais alta. Neste sentido, a devida proteção aos direitos humanos e uma real chance de reconstrução da sociedade síria deixam abertas as portas da “Diplomacia Cidadã”, estratégia na qual o maior número de envolvidos na questão teria espaço na resolução pacífica do problema.


Referência Bibliográfica:
·         http://www.onu.org.br/siria/
·        http://en.wikipedia.org/wiki/Human_rights_violations_during_the_Syrian_Civil_War

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Conflito sírio: brincadeira de criança?

Ana Raquel Cordeiro
Acadêmica do 6º semestre de Relações Internacionais da UNAMA.

            Imagine viver em meio a um conflito civil. Agora imagine crianças que presenciam esse conflito e que todos os dias perdem pelo menos um componente de sua família, se vendo obrigadas a viver sozinhas, passando por todo tipo de perigo e risco de vida, buscando alcançar algo que nem de longe se parece com brincadeiras... Até ontem, brincar, se divertir e estudar eram as coisas mais importantes para elas, mas hoje, sobreviver passou a ser prioridade para os pequenos da Síria.
            Segundo dados analisados pela ONU em 20 de setembro deste ano, o número de refugiados da Síria cresceu para 1 milhão, sendo que 4 mil são crianças, que sem a companhia dos pais ou um adulto responsável, fogem para os países mais próximos. Entre eles foram identificadas e registradas pelo menos 1.698 no Líbano e 1.170 na Jordânia. Contudo, ainda há outros países que as acolhem como a Turquia, Iraque e Egito.

            Infelizmente, fugir de uma onda de conflitos não quer dizer que essas crianças estão finalmente seguras e invulneráveis, já que a maior parte delas acaba ficando pelo caminho (sendo pegas e sacrificadas), além de serem exploradas e escravizadas para serviços altamente pesados, como por exemplo no Líbano. Nesse país a exploração infantil agrícola é muito comum na área do Vale de Beka’a. 

Em uma coletiva em Genebra o representante adjunto da UNICEF, Michele Servadei, disse: “Nas comunidades receptoras, elas estão muito mais expostas ao trabalho infantil, ao casamento precoce e à exploração em geral”. E para complementar, a ONU ainda ratificou o fato de que as crianças também possuem transtorno mental e principalmente o trauma de terem presenciado ou serem vítimas de violência, sejam elas domésticas ou não.
Revoltante! Este é o sentimento que muitos possuem ao saber que 10 anos significa o fim da infância, como é o caso de Issa, um menino que ainda nem chegou na adolescência mais que já trabalha 10 horas por dia e 6 dias por semana, folgando apenas na sexta-feira para realização de cultos e orações da religião mulçumana. 
Issa ajuda seu pai em uma fábrica de armas para rebeldes, seu serviço é pesado, operando máquinas de morteiros.

Será que é natural uma criança passar por momentos terríveis onde esteja exposta a qualquer nível de crueldade só porque vive em um país em guerra? É lamentável perceber a indiferença com que casos como esse são tratados por países mais desenvolvidos. O interesse de cada um e questões que envolvem política e economia, ainda são mais importantes que “ensinar a criança no caminho em que deve andar”, dando a ela a oportunidade de se tornar um cidadão diferente, gerando um mundo diferente.

Mesmo assim, ainda existem atitudes dignas de serem destacadas.
 
Uma delas é a ação em que a UNICEF se empenha em identificar as crianças e verificar se elas estão sendo protegidas, bem como para fornecer apoio médico, psicossocial e educacional.

            A porta-voz da agência da ONU contou a história de uma menina chamada Aya, de apenas 11 anos. Ela vivia com seu tio em um assentamento em um pomar de amêndoa, cuidando de seus irmãos mais novos. “Ela começou a ir para as atividades recreativas apoiadas pelo UNICEF e, na quinta-feira passada, pela primeira vez, ela falou sobre ter visto seu pai cortado em pedaços na frente dela”, disse Mercado.

            
Mesmo que uma entidade organizacional se comprometa em ajudar essas crianças, o nível de conflito continua a aumentar e com ele a vulnerabilidade desses pequenos. Por isso, toda ajuda se faz necessária. E, para contar com apoio de milhares, um apelo conjunto por uma solução política urgente nos conflitos prolongados na Síria, foi divulgado na imprensa norte americana, onde chefes de cinco agências das Nações Unidas pediram aos líderes políticos que assumam as suas responsabilidades com o povo sírio e com o futuro da região.

            E para que crianças como Issa e Aya tenham a chance de VIVER ao invés de SOBREVIVER, foi criado pela UNICEF uma campanha em que qualquer pessoa ao redor do mundo poderá ajudar essas crianças. Caso tenha se interessado, não deixe de acessar o link abaixo. Não importa o quanto, o importante é saber que os recursos disponíveis pelas organizações já estão acabando, e fazer a nossa parte seria como mais um sorriso em meio a tantos conflitos. Iaí, vamos ajudar?  


Veja:http://www.youtube.com/watch?v=RqeRMdKXh0A


segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Síria e o Desarmamento Químico

Amanda Elgrably
Acadêmica do 5º Semestre



Aos olhos da grande maioria, a atual cooperação da Síria quanto a destruição de seus armamentos químicos é motivo de comemoração apenas. No entanto, esquecem-se que as preocupações devem permanecer. A questão é o porquê. Por que motivo Damasco estaria entregando todos seus pontos de produção e armas químicas para a destruição?
Com certeza não por sua boa vontade, mas sim pela pressão sofrida e os impactos já causados e os que ainda estariam por vir com mais embargos, sanções e outros. As Relações Internacionais têm diversas áreas de estudos e Segurança Internacional com certeza é uma delas. Neste caso da Síria não se pode “afrouxar as rédeas” apenas por ter se vencido uma “batalha”, mas sim estar com os olhos bem atentos ao resto da problemática. A comunidade internacional deverá ficar com o pé atrás, pois em um país como a Síria, onde o regime adotado não é o democrático, como acreditar que estão sendo mesmo entregues todos os pontos de maior poder do governo Assad?

Não há mesmo como. Nestes casos as aplicações das mais variadas Teorias de RI nos farão pensar nas possibilidades, como em uma Teoria dos Jogos quase infinita. Cabe a cada governo uma postura que desencadeia outras sobre a questão, a Síria já esta movimentando sua peça no tabuleiro, assim como outros, estratégias são formadas, passos dados, mas ao se olhar pra trás, o pé de apoio com certeza vai estar lá, independente da Teoria adotada.



sábado, 14 de setembro de 2013

Ação estadunidense: por quê?

Thainá Penha Baima Viana Nunes
Acadêmica do 2º semestre.
            Desde 2011, o ditador Bashar Al-Assad, que comanda o país desde 2000,não está agradando o povo sírio. Este último iniciou uma série de protestos pacíficos que em menos de dois meses depois de seu começo passou a ser uma revolta violenta e, logo, dramática. Por isso, cerca de seis milhões de pessoas saíram de suas casas e destes, mais de dois milhões se refugiaram em países como Jordânia, Iraque, Líbano e Turquia.
            Há alguns dias, a situação se agravou devido a afirmação por parte dos Estados Unidos e da França de que o Estado sírio utilizou armas químicas em Damasco, proibidas pelo Conselho de Segurança da ONU, contra os civis. Por isso, o Reino Unido entrou com um projeto de resolução para usar a força contra a Síria, mas este foi vetado por China e Rússia, as quais defendem que não foram utilizadas armas químicas.
            Acontece que, por mais que o conselho de segurança da ONU tenha vetado tal intervenção, os EUA ainda assim insistem em atacar o território sírio, pois mesmo que a ONU não tenha dado resposta sobre a utilização de tais armas devido a dependência de testes de laboratório, os próprios inspetores americanos já afirmaram a utilização destas e, inclusive, no último dia 4, o senado americano autorizou os EUA a utilizarem a força contra a Síria, com dez votos a favor e sete contra, última barreira encontrada pelos EUA para poderem atacar.
            Nota-se certa convergência com a invasão do Iraque em 2003, pois os EUA agiram com a desculpa da existência de armas químicas e, utilizando os ideais realistas, quando um Estado se arma sem uma necessidade aparente, os outros sentem-se pressionados a fazer o mesmo por questão de segurança. Podendo somar-se a isso, ainda existe a proibição do uso de armas químicas pelo conselho de segurança da ONU, como foi citado acima. Porém, sabe-se que a história dos EUA foi apenas uma desculpa para entrar no território iraquiano, ao passo que seu verdadeiro interesse era o petróleo, o qual não foi encontrado até hoje. A divergência da invasão iraquiana com a possível invasão da Síria está no fato de anteriormente não haver um país como a Rússia para intervir como esta intervém agora, chegando até a fazer ameaças de atacar a Arábia Saudita caso os EUA ataquem a Síria.
            É nessa hora que paramos para pensar: será que os EUA estão indo para uma ação humanitária em favor dos civis sírios ou há algum outro interesse ainda oculto? Há os que argumentam que esses estariam entrando nesta missão para agradar a “gregos e troianos”, ou seja, pessoas de partidos divergentes do governo americano, fazendo assim que os Democratas ganhem força para ganhar as próximas eleições; ou será que este seria econômico devido ao futuro alcance do teto da dívida, já que assim, a guerra seria justificada pelo pedido de crédito suplementar?   

Infelizmente, ainda não temos como afirmar o real interesse estadunidense, porém, considerando que os Estados interventores visam sempre algum benefício, ainda há muito a ser desvendado.


Referências: