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quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

O Estado francês na relação conflituosa entre os nacionais e os imigrantes africanos

Paulo Victor Silva Rodrigues
Acadêmico do 7º semestre de Relações Internacionais da UNAMA

A migração populacional faz parte da história da humanidade. Ao longo de centenas de anos, registra-se um intenso fluxo de pessoas deixando seus lugares de origem. Porém, ao migrar, o indivíduo leva consigo fatores que compõem sua própria identidade, adquirida a partir do convívio com outros sujeitos de sua comunidade, como por exemplo: a Língua, hábitos culturais, religião.
Mais recentemente, o continente africano sofreu com problemas causados por guerras civis (no processo de independência – descolonização) que têm provocado um êxodo de seus cidadãos para outros países. Grande parte deles dirigem-se para a Europa, em especial para o território francês, levando uma pluralidade de identidades culturais para aquele país.
Durante o governo de Nicolas Sarkozy (2007-2012), observou-se uma preocupação por buscar proteger a identidade nacional francesa, através de políticas imigratórias rígidas. Em contrapartida, a parcela da população imigrante africana ficava à margem da sociedade, o que gerava protestos, principalmente nas ruas da capital, Paris. Havendo, assim, um conflito entre a identidade nacional francesa – protegida e fomentada pelo Estado – e as identidades dos imigrantes africanos – vista como uma ameaça à soberania nacional.
A entrada de estrangeiros pode gerar fobias entre os nacionais, isto é, receios de que estes que não falam seu idioma, que possuem outra religião e têm uma cultura distinta, prejudiquem seu país. No choque cultural entre aqueles que pertencem ao país e os imigrantes, discutisse a definição de ‘’bárbaro’’, empregado de maneira pejorativa para definir o imigrante, ou seja, ressaltando-se os contrastes de sua identidade cultural diferente da dos nacionais.
O Estado é um importante mediador nessa relação entre os nacionais e imigrantes. Antes de tudo, porque sem consentimento do governo um estrangeiro não pode adentrar o país e nem fixar residência legalmente. Também é dever do Estado regular a convivência dentro de seu território, garantir segurança e bem estar social. Se o governo se mantiver omisso, e não criar políticas públicas que atendam os imigrantes e os integrem, haverá distúrbios na sociedade, pois a relação entre culturas diferentes nem sempre é harmoniosa.
Para os amantes da sétima arte, o filme “Bem-Vindo’’ (2009) mostra a polêmica de um professor de natação que abriga e ajuda o imigrante ilegal, Bilau, o qual vai parar em um campo de refugiados (para imigrantes). Entretanto, na França abrigar e/ou ajudar um imigrante ilegal gera multa e mais cinco anos de prisão.
O fluxo imigratório é difícil de ser contido uma vez iniciado e influencia em diversas áreas do país, principalmente no âmbito da identidade nacional, a qual não é imutável, assim, podendo sofrer alterações deixando o Estado em uma situação delicada.
Portanto, levanta-se a seguinte questão: uma atuação do Estado através de políticas rígidas de imigração fomenta um sentimento nacionalista e xenófobo ou apenas a busca pela proteção da identidade nacional?
Muita discussão é necessária para responder a pergunta acima. Mas, o que se pode afirmar é: mais do que um imigrante, o refugiado (ou a pessoa que precisas se deslocar de seu lugar de origem) deve ser tratada como um ser humano, capaz de exercer deveres na medida em que seus direitos são garantidos. Sendo assim, o homem deve ser visto como um cidadão do mundo, sem, necessariamente estar alienado às amarras de fronteiras artificiais.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Violência Policial e Racismo nos EUA

Renato Cordeiro
Acadêmico do 4ª semestre de Relações Internacionais - UNAMA

Violência policial pode ser definida como qualquer tentativa, por parte da polícia ou de algum policial de forma individual, de reprimir algum direito de um cidadão através de coerção praticada de maneira ilegal. Caracteriza-se como violência policial não apenas a intimidação física, como muitos podem imaginar, mas também a intimidação psicológica (feita através de ameaças e agressões verbais), a discriminação racial, os abusos sexuais, a extorsão, o abuso de autoridade e até a corrupção.

Uma dessas características, a discriminação racial, é o pano de fundo de um caso de violência policial que vem chamando a atenção do mundo nos últimos dias: a morte do jovem negro Michael Brown, de 18 anos, em Ferguson, Missouri, EUA, resultante de uma fatídica abordagem policial.


Oficialmente, Michael foi parado pela polícia por ser suspeito de ter roubado uma loja e foram apresentados duas versões bem diferentes. Segundo a versão da polícia, Michael teria agredido e tentado roubar a arma de um dos policiais, e os tiros (seis, segundo um laudo da perícia) teriam sido disparados por proteção; já algumas testemunhas dizem que o jovem estava rendido e desarmado ao receber os disparos, o que configuraria um assassinato. Seja lá qual for a verdade, o resultado foram distúrbios que assolaram a cidade e geraram protestos por todo o país.

O racismo é um dos maiores problemas da sociedade americana e, embora a segregação por parte do estado não exista mais, na prática, os negros americanos ainda estão longe de alcançar o mesmo padrão de vida dos brancos: até hoje, os afro-americanos tem uma renda seis vezes menor que os brancos; são os que mais tendem a serem expulsos e suspensos das escolas; constituem 40% da população carcerária do país apesar de serem apenas 12% da população americana, além de receberem penas maiores pelo mesmo crime; e menos da metade possui casa própria.

(Martin Luther King) 
O problema é ainda maior nos estados onde o racismo está enraizado na cultura local, entre eles o próprio Missouri, onde  o preconceito é sentido diariamente. E a polícia teve papel fundamental na manutenção deste tipo de situação.

Historicamente, a polícia se utilizou da violência para obter um maior controle da sociedade, e isso incluia, em muitos casos, repressão política e perseguição de minorias. Nos Estados Unidos, não foi diferente: a polícia sempre tratava negros de forma diferenciada dos demais cidadãos (70% dos afro-americanos acreditam que isso ainda ocorre), além de deixar abusos deste tipo impune. Prova disso é que esta não é a primeira vez que um episódio de violência policial gera distúrbios nos EUA: em 1992, a absolvição de um policial que teria espancado um negro até  o óbito provocou dias de protestos violentos em Los Angeles; antes disso, em 1967, uma abordagem policial violenta em Detroit causou vários conflitos entre a polícia e a comunidade negra da cidade.

Apesar de tudo, a violência policial continua sendo comum, o que levanta a questão: por quê? Alguns dos principais culpados apontados seriam a impunidade, a corrupção, a cultura enraizada de repressão violenta, a militarização das forças de segurança pública e o fato de que muitos dos crimes cometidos pela polícia são julgados por policiais, o que estimula o coleguismo.
E isso não se refere apenas ao Brasil, mas ao mundo como um todo, inclusive nos Estados Unidos, onde todos esses fatores acontecem; inclusive a militarização, pois apesar de não haver polícia militar por lá, muitos policiais americanos são ou foram militares. Portanto, o que resta ao cidadão comum é fiscalizar a polícia e denunciar os abusos, e que outros casos como o de Michael Brown não ocorram novamente.




REFERÊNCIAS:


Diário do centro do mundo.O caso do jovem negro morto em Ferguson reflete o drama da desigualdade racial nos EUA. Disponível em:http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-caso-do-jovem-negro-morto-em-ferguson-reflete-o-drama-da-desigualdade-racial-nos-eua/
Diário do centro do mundo:Cinco números pra entender a desigualdade racial nos EUADisponível em:http://www.http://www.diariodocentrodomundo.com.br/cinco-numeros-para-entender-a-desigualdade-racial-nos-eua/
Zero Hora. O que motiva as manifestações após a morte de jovem negro nos EUA. Disponível em:http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2014/08/o-que-motiva-as-manifestacoes-apos-a-morte-de-jovem-negro-nos-eua-4577977.html
G1.Policiais se unem a protestos contra o preconceito racial nos EUA. Disponível em:http://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/08/policiais-se-unem-protestos-contra-o-preconceito-racial-nos-eua.html
Wikipedia. Violência policial. Disponível em:pt.wikipedia.org/wiki/Violência_policia

quarta-feira, 5 de março de 2014

Black or White?

Gabriel Bastos
 Internacionalista pela Universidade da Amazônia

É muito triste que em pleno século XXI ainda existam atitudes em referência ao racismo. O racismo é qualquer tipo de pensamento ou atitude que separam as raças humanas por considerarem algumas superiores a outras. Quando se fala em racismo, o primeiro pensamento que surge na mente das pessoas é contra negro, porém ele é baseado contra qualquer tipo de raças, ou seja, negros, asiáticos, índios e até mesmo brancos.

Infelizmente é algo que ainda persiste na sociedade atualmente. Não importa como o racismo cresceu na mente das pessoas, mas vale ressaltar que tal atitude que se é provada, é um crime inafiançável, com pena de até 3 anos de prisão de acordo com o artigo 5; XLII da Constituição Federal - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei.
Algumas pessoas valorizam tanto superioridade de raças que acreditam na purificação delas, onde dominaram o meio em que vivem. Tal justificativa apareceu na escravidão em que negros trabalhavam em condições precárias e eram vendidos como objetos. No nazismo o foco eram os judeus, mas eram também perseguidos os negros, homossexuais e outros que eram executados nos campos de concentração.
No caso mais recente de racismo foi em um jogo de futebol entre Cruzeiro e Real Gagliasso realizado no Peru onde torcedores tinham atitudes racistas fazendo imitações de macacos contra o jogador Tinga do Cruzeiro. Outras situações como no caso do jogador italiano Balotelli que por ser negro abandonou o campo em uma partida de amistoso entre seu time o Milan contra um time do interior, pois a torcida o xingava por causa de sua cor.
Numa entrevista sobre o dia da consciência negra, o repórter fez uma pergunta a Morgan Freeman: E como vamos nos livrar do racismo? E ele responde: Parando de falar nele. É importante lembrar a música Black or White de Michael Jackson que num trecho diz “Causing grief in human relations” causando aflição nas relações humanas e outro trecho “It don’t matter if you’re black or White” não importa se você é branco ou preto, ou qualquer etnia.

Termino este artigo com o trecho da música Racismo é Burrice de Gabriel o Pensador:
Salve, meus irmãos africanos e lusitanos
            Do outro lado do oceano
          "O Atlântico é pequeno pra nos separar
           Porque o sangue é mais forte que a água do mar".


Referências
BRASIL. Constituição Federal de 1988. Disponível em:            <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>

Entrevista de Morgan Freeman. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=ZiPMdgCuxbw>.