Paulo Victor Silva
Rodrigues
Acadêmico do 7º
semestre de Relações Internacionais da UNAMA
A migração populacional faz parte da história
da humanidade. Ao longo de centenas de anos, registra-se um intenso fluxo de
pessoas deixando seus lugares de origem. Porém, ao migrar, o indivíduo leva
consigo fatores que compõem sua própria identidade, adquirida a partir do
convívio com outros sujeitos de sua comunidade, como por exemplo: a Língua,
hábitos culturais, religião.
Mais recentemente, o continente africano
sofreu com problemas causados por guerras civis (no processo de independência –
descolonização) que têm provocado um êxodo de seus cidadãos para outros países.
Grande parte deles dirigem-se para a Europa, em especial para o território
francês, levando uma pluralidade de identidades culturais para aquele país.
Durante o governo de Nicolas Sarkozy
(2007-2012), observou-se uma preocupação por buscar proteger a identidade
nacional francesa, através de políticas imigratórias rígidas. Em contrapartida,
a parcela da população imigrante africana ficava à margem da sociedade, o que
gerava protestos, principalmente nas ruas da capital, Paris. Havendo, assim, um
conflito entre a identidade nacional francesa – protegida e fomentada pelo
Estado – e as identidades dos imigrantes africanos – vista como uma ameaça à soberania
nacional.
A entrada de estrangeiros pode gerar fobias entre os nacionais, isto é,
receios de que estes que não falam seu idioma, que possuem outra religião e têm
uma cultura distinta, prejudiquem seu país. No choque cultural entre aqueles
que pertencem ao país e os imigrantes, discutisse a definição de ‘’bárbaro’’,
empregado de maneira pejorativa para definir o imigrante, ou seja,
ressaltando-se os contrastes de sua identidade cultural diferente da dos
nacionais.
O Estado é um importante mediador nessa
relação entre os nacionais e imigrantes. Antes de tudo, porque sem
consentimento do governo um estrangeiro não pode adentrar o país e nem fixar
residência legalmente. Também é dever do Estado regular a convivência dentro de
seu território, garantir segurança e bem estar social. Se o governo se mantiver
omisso, e não criar políticas públicas que atendam os imigrantes e os integrem,
haverá distúrbios na sociedade, pois a relação entre culturas diferentes nem
sempre é harmoniosa.
Para os amantes da sétima arte, o filme “Bem-Vindo’’
(2009) mostra a polêmica de um professor de natação que abriga e ajuda o
imigrante ilegal, Bilau, o qual vai parar em um campo de refugiados (para imigrantes).
Entretanto, na França abrigar e/ou ajudar um imigrante ilegal gera multa e mais
cinco anos de prisão.
O fluxo imigratório é difícil de ser contido
uma vez iniciado e influencia em diversas áreas do país, principalmente no
âmbito da identidade nacional, a qual não é imutável, assim, podendo sofrer
alterações deixando o Estado em uma situação delicada.
Portanto, levanta-se a seguinte questão: uma
atuação do Estado através de políticas rígidas de imigração fomenta um
sentimento nacionalista e xenófobo ou apenas a busca pela proteção da
identidade nacional?
Muita discussão é necessária para responder a
pergunta acima. Mas, o que se pode afirmar é: mais do que um imigrante, o
refugiado (ou a pessoa que precisas se deslocar de seu lugar de origem) deve
ser tratada como um ser humano, capaz de exercer deveres na medida em que seus
direitos são garantidos. Sendo assim, o homem deve ser visto como um cidadão do
mundo, sem, necessariamente estar alienado às amarras de fronteiras
artificiais.
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