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segunda-feira, 3 de novembro de 2014

A Morte na Cultura dos Povos

Maria Eduarda Santana
Acadêmica do 3º semestre de Relações Internacionais - UNAMA


No dia 2 de novembro é comemorado o Dia de Finados. Este é um dia dedicado para que as famílias possam rezar para os seus entes queridos que já morreram. Essa tradição foi iniciada em 998, quando um abade   do mosteiro na França e pediu que os monges rezassem pelos mortos. A tradição  popularizou-se e, a partir do século Xlll, o Dia de Finados passou a ser comemorado em 2 de novembro, porque dia 1 de novembro é comemorado o Dia de Todos os Santos.

Em todo mundo esta data é comemorada  e cada país tem sua forma de comemorá-lo. Uma das comemorações mais populares é O “Día de Muertos” no México. Ao invés de melancolia, os mortos são lembrados com grandes festas; as pessoas decoram as casas e ruas, fazem oferendas com as comidas e bebidas preferidas dos mortos e há grandes desfiles de máscaras e alegorias que lotam as ruas de pessoas.


Assim como cada país tem sua forma de comemorar o Dia de Finados, cada cultura tem uma visão diferente da morte, de como viver o luto e de como vivenciar os rituais que representam o fim da vida de uma pessoa. Para os judeus, por exemplo, se uma criança com menos de 30 dias de vida morrer, nenhuma prática de luto pode ser realizada, pois para eles é visto como se a criança nunca tivesse vivido. Quando a criança tem mais de 30 dias de vida as mães não choram, pois esta atitude é vista como pena e pena é algo desprezível. Assim, as mulheres encaram esse momento com uma certa indiferença, pois essa é a atitude culturalmente correta.

Os budistas acreditam que com o treinamento da mente durante a vida, a pessoa estará tranquila e serena quando chegar a hora de morrer, o que garantirá um renascimento afortunado. Acreditam na reencarnação e comparam o processo de morrer e renascer com o de dormir, sonhar e acordar. Eles procuram manter o equilíbrio, evitando assim o choro e o desespero perto do corpo, porque a tristeza se torna um empecilho para o renascimento. Assim, a calma e aceitação são essenciais para o meio que envolve o morto, para que a mente dele permaneça positiva ajudando-o assim na travessia.

Portanto, os seres humanos passam por experiências diferentes e reagem a elas também de formas diferentes dependo da cultura na qual eles estão inseridos. No entanto, uma parte inevitável da vida de todos é a morte, pois, quanto melhor compreendermos e abordarmos esse fato, mais plenamente podemos viver até ele chegar. 

REFERÊNCIAS


segunda-feira, 6 de outubro de 2014

A Importância da ONU-HABITAT para o Sistema Internacional

Raylson Max


Acadêmico do 4ª semestre de Relações internacionais - UNAMA

"A falta de moradia, tanto nos países em desenvolvimento quanto nos desenvolvidos, é um dos sintomas mais visíveis e graves do não usufruto do direito à moradia adequada. As causas desse fenômeno multifacetado são muitas e incluem não apenas a pobreza extrema ou incapacitação, mas também a falta de moradias de interesse social, a especulação de habitações e de terras, a migração urbana forçada ou não planejada e a destruição ou deslocamentos causados por conflitos, desastres naturais ou projetos de desenvolvimento de grande porte."¹


As Nações Unidas não apresentava em sua pauta a atuação de questões relativas aos assentamentos humanos. No entanto, não se pode negar que a relevância dada aos direitos humanos observar atentamente a preocupação com a melhoria da qualidade de vida dos povos em qualquer tipo de assentamento. A efetivação do UN-HABITAT estendeu a atuação árdua da ONU aos conceitos de assentamentos humanos, refletindo os princípios contidos em sua carta de constituição.

"Sua sede é em Nairóbi, Quênia, e a organização é a encarregada de coordenar e cooperar sobre assuntos de assentamentos humanos dentro das Nações Unidas, facilitando o fluxo global de informação sobre moradia e desenvolvimento sustentável de assentamentos humanos, além de colaborar em países com políticas e assessoria técnica para enfrentar o número crescente de desafios enfrentados por cidades de todos os tamanhos".²

Uma série de programas é realizado desde sua institucionalização e a ONU-HABITAT para América Latina e o Caribe funciona no Rio de Janeiro desde 1996 e que ficou mais visível ainda, na Agenda do Milênio em 2000. Devido o mundo está sendo cada vez mais globalizado, a necessidade da Assembleia Geral das Nações Unidas encontrou nos Fóruns Urbanos Mundiais, o qual é a arena mais adequada para ter o diálogo entre lideranças políticas e a diversidade de mediadores sociais, protagonistas centrais dos desafios do desenvolvimento sustentável das cidades, incentivando e direcionando ações práticas de amenização dos grandes problemas de um mundo urbano e globalizado.

A ideia inicial da Conferência das Nações Unidas sobre Assentamentos Humanos refletia as diretrizes gerais da ONU. Destacam-se os conceitos político-filosóficos, assim como os debates que colocaram de imediato da sua constituição. Em seguida enfoca-se a evolução do programa ONU-HABITAT, que refletindo a crescente urbanização mundial, passa da organização das Grandes Conferências para a frequência maior e mais ágil dos Fóruns Urbanos Mundiais.
As recomendações feitas pela organização para o governo brasileiro foram petulantes ao ponto de defender em âmbito internacional, junto com os países em desenvolvimentos, a diminuição da pobreza, juntamente com as metas do milênio,  já citado, e incorporar programas de saneamento básico e habitação aos mais pobres.



Nota 1: pronunciamento da relatora especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Moradia Adequada, a brasileira Raquel Rolnik, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP), efetuado na 63ª sessão da Assembleia Geral da ONU.
Nota 2: Site UN-HABITAT.

REFERÊNCIAS:
http://www.onu.org.br/onu-no-brasil/onu-habitat/ visualizado às 15:35 do dia 4 de Outubro de 2014.

http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&view=article&id=1237:catid=28&Itemid=23 visualizado às 17:10 do dia 4 de Outubro de 2014.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Influências Marxistas no espaço sul-americano atual: um campo fértil para o desenvolvimento teórico contra-hegemônico

Adriano Bastos Rosas
Acadêmico do 7°   semestre de Relações Internacionais UNAMA


          Observar e analisar as Relações Internacionais somente a partir do debate central entre o conjunto teórico dos paradigmas realistas em contraste aos postulados liberais representa um desserviço ao rico corpo teórico que buscou abordagens diferenciadas daquelas com interesse unívoco e centralizador das forças estatais. É a partir desta ideia que Silva (2005) se propõe a discutir as influências do pensamento marxista nas Relações Internacionais. Um internacionalista conhecedor do padrão monista das teorias tradicionais veria surgir a seguinte pergunta: teriam os argumentos tradicionais alguma aplicabilidade no entendimento marxista? Poderiam conceitos de Estado, nação, sistema de Estados serem combinados ao arcabouço marxista?
            Os questionamentos acima surgem principalmente pelo fato de que nas obras de Marx e Engels não há clara referência aos interesses políticos como fonte de poder primário e de movimentação das forças sociais. De fato, Silva (2005), Sarfati (2005) e Vigevani et al. (2011) reconhecem que, para o marxismo daquele período (século XIX), à luz do pensamento de Marx, todas as relações estavam subordinadas à estrutura econômica e ao conflito de classes por ela estabelecidos.


            Vigevaniet al. (2011) são particularmente incisivos ao afirmar que é justamente o foco na análise economicista, divergências de classes e de dominação – mesmo que em um sentido limitado - a partir do materialismo histórico dialético, que tem permitido aos internacionalistas desenvolverem um olhar diferenciado, atento aos interesses de outros atores internacionais que não os poderosos Estados nacionais. Sarfati (2005) nos recorda que o internacionalismo desenvolvido por Marx como a percepção de uma condição de exploração dos operários a qual ultrapassa as barreiras estatais pode ser compreendida com elo significativo entre sua teoria e o campo das RI.
            Para compreendermos o espaço ocupado pelo marxismo nas Relações Internacionais, de forma didática, podemos ainda dividi-lo em duas modalidades: a tradicional (advinda do pensamento de Marx) e a crítica (baseada inicialmente nos pensamentos de Marx, contudo, abrangendo o campo de análise social). A primeira faz referência à produção realizada principalmente durante das décadas de 1960 e 1970, contexto no qual a abertura dos campos de discussões para o meio civil permitiram que uma grande explosão de teorias viesse a ocorrer. Já a modalidade crítica faz referência ao período a partir da década de 1980, com influências do pós-positivismo e do pós-estruturalismo.
            Sendo a primeira modalidade o foco deste texto, cabe elucidar que a abordagem tradicional diz respeito, em linhas gerais, à uma transposição da dogmática marxista do conflito de classes “doméstico”para as relações entre as Sociedades do Sistema Internacional.Desse modo, os autores que adotam esta linha tomam a estrutura do sistema capitalista e as dinâmicas por ela impostas como ferramentas basilares de análise das relações internacionais. Merecem destaque, dentro da modalidade tradicional duas grandes teorias, a do “Sistema-Mundo”, desenvolvida pelo americano Immanuel Wallerstein[1] e a Teoria da Dependência, desenvolvida por autores latino-americanos, como o ex-presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso.
            Vigevani et al. (2011) observam que, ainda que partilhem a identificação das relações internacionais – e do consequente posicionamento das sociedades no sistema – a partir do direcionamento dos fluxos de bens com baixo valor agregado para aqueles que os transformarão em bens de alto valor agregado, as divergências entre as teorias são importantes. Para Wallerstein, as mudanças que porventura venham a ocorrer no sistema podem muito bem inverter a situação dos países, ou seja, aqueles que em um momento se encontravam como subdesenvolvidos ou em desenvolvimento podem um dia ocupar a posição de desenvolvidos e vice – versa.
Quanto à teoria Dependentista, há um maior enrijecimento das posições dos países porque as sociedades dominantes se utilizam do sistema econômico, de práticas discursivas de “possível ascensão” e de seu poderio militar para assegurar a permanência da relação de dependência que as sociedades subdesenvolvidas se encontram em sua lógica de exportação barata, produção e consumo de bens com alto valor agregado dos primeiros.


            As influências da teoria da Dependência no pensamento político e nas políticas econômicas do Cone Sul se tem feito mais aparentes nas últimas décadas, seja por meio de discursos de identidade regional em oposição ao capitalismo das grandes potências, como tem demonstrado o governo venezuelano desde a década de 1990, quanto como uma fusão entre uma forma mais “branda” de oposição que busca na aplicação de propostas defendidas no Consenso de Washington, em 1989, uma forma de ascender economicamente a partir da identificação de potencialidades regionais, do tratamento cordial para com os vizinhos e o desenvolvimento de uma agenda internacional latino-americana. Este segundo modelo, desenvolvido no Brasil veio no início do século XXI a sofrer uma mutação, a qual Pecequilo (2008) viria a chamar durante os governos Lula e Dilmade “política externa em eixos combinados”, a qual prioriza as relações horizontais (com sociedades em desenvolvimento) sobre as relações verticais; numa dinâmica que ecoa o velho brado de “trabalhadores do mundo, uni-vos!”.
      Hodiernamente, esses dois modelos influenciados pela teoria da Dependênciatem convivido em maior harmonia, ainda mais depois da polêmica entrada da Venezuela no Mercosul. Se esta decisão implicará em uma aceleração do processo de desenvolvimento dos envolvidos – pouco provável – ou numa sabotagem ao modelo democrático brasileiro vigente, ou ainda outro cenário ainda nebuloso. Cabe aos internacionalistas reconhecer e considerar em suas predições a força política que esse paradigma teórico ainda hoje exerce sobre o cenário da região.


Notas:

[1] Aos que desejarem conhecer um pouco mais sobre a teoria do Sistema-Mundo e sobre o próprio Wallerstine, alguns de seus textos jornalísticos estão disponíveis no site: http://outraspalavras.net/.

Referências:
PECEQUILO, Cristina Soreanu. A política externa do Brasil no século XXI: os eixos combinados de cooperação horizontal e vertical. Rev. bras. polít. int.,  Brasília ,  v. 51, n. 2, dezembro            de 2008.             Disponível    em:                             http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292008000200009&lng=en&nrm=iso”. Acessoem 10 de junho de 2014.
SARFATI, Gilberto. Teorias das Relações Internacionais. São Paulo: Saraiva, 2005.
SILVA, Marco Antonio de Menezes. A Teoria Crítica em Relações Internacionais. CONTEXTO INTERNACIONAL. Rio de Janeiro, vol. 27, nº 2, julho/dezembro, 2005, pp.249 - 282.
VIGEVANI, Tullo et al. A contribuição marxista para o estudo das relações internacionais. Lua Nova, São Paulo, nº 83, 2011. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-64452011000200005&lng=en&nrm=iso. Acessoem13  deJunho de 2014. 





segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Um olhar internacionalista sobre a crise na Venezuela



Renato Macedo
Acadêmico do 7º Semestre do Curso de Relações Internacionais - UNAMA

Três mortos, setenta e seis feridos e cerca de duzentos detidos, esse foi o saldo da violência estatal nas ruas da Venezuela na quarta-feira (12) por conta dos protestos massivos contra o governo de Nicolás Maduro.
Falar sobre a instabilidade política na Venezuela é tarefa árdua, uma vez que são tantas narrativas em questão, tantos atores, em um período de tempo que se pode delimitar desde a posse de Hugo Chávez, em 1999, até os mais recentes atos do governo venezuelano, personalizado na figura de Nicolás Maduro, o atual presidente do país.
Três aspectos são importantes para se inteirar do que está acontecendo na Venezuela, e também na América Latina como um todo: um fraco desempenho econômico, por motivos tanto endógenos quanto exógenos, estruturais e conjunturais , os altos índices de violência e a consolidação política dos governos de esquerda há mais de dez anos no poder. Esses componentes reunidos são fatos observáveis e que contribuem para a insatisfação de uma parcela da sociedade, e que torna essa coletividade propensa a tomar as ruas em protestos.

Em uma perspectiva sobre o jogo de poder interno na Venezuela, não se pode assegurar uma visão clara acerca do discurso das massas em protesto, apenas a existência dessa soma de muitas insatisfações difusas com a realidade do país. O ponto de vista do governo já é mais factível, Maduro segue a linha e o método adotado por Hugo Chávez de manter a marcha da revolução bolivariana, almejando uma nova espécie de socialismo. A síntese deste processo merece ser observada com atenção no decorrer da história.
É importante notar neste panorama geral a espantosa capacidade do atual governo venezuelano de mobilizar as forças tangíveis do Estado para desencorajar a dissidência política e ideológica, como o uso da guarda nacional, o bloqueio das linhas de transporte nas áreas lideradas pela oposição, o fechamento do canal de notícias NTN24, e, de forma menos direta, os “coletivos”, como são chamadas as milícias informais de base chavista.
A visão das Relações Internacionais é mais dilemática, pois envolve dinâmicas menos claras para as populações de cada país latino. Os debates sobre o futuro da integração regional no Cone Sul e na região andina ainda não se espalharam devidamente para a sociedade em geral, um exemplo disso é a pouca divulgação do que é manifestado nas reuniões do Foro de São Paulo, entidade criada por Lula e Fidel Castro para discutir os rumos dos governos de esquerda na região.
Até agora, as reações dos países latinos foram as seguintes: Equador e Argentina manifestaram apoio irrestrito ao governo de Maduro, e o Panamá anunciou que acompanhará a questão venezuelana com cautela.
Os recentes acontecimentos na Venezuela são essenciais para compreender os próximos aspectos das políticas internas e externas dos países latino-americanos, assim como para possíveis outras análises acerca dos rumos da integração político-econômica regional. A história contemporânea da América Latina, e como esta será contada daqui a alguns anos, está sendo escrita nas ruas com sangue e protestos.