Renato Macedo
Acadêmico do 7º Semestre do Curso de Relações
Internacionais - UNAMA
Três
mortos, setenta e seis feridos e cerca de duzentos detidos, esse foi o saldo da
violência estatal nas ruas da Venezuela na quarta-feira (12) por conta dos
protestos massivos contra o governo de Nicolás Maduro.
Falar
sobre a instabilidade política na Venezuela é tarefa árdua, uma vez que são
tantas narrativas em questão, tantos atores, em um período de tempo que se pode
delimitar desde a posse de Hugo Chávez, em 1999, até os mais recentes atos do
governo venezuelano, personalizado na figura de Nicolás Maduro, o atual
presidente do país.
Três
aspectos são importantes para se inteirar do que está acontecendo na Venezuela,
e também na América Latina como um todo: um fraco desempenho econômico, por
motivos tanto endógenos quanto exógenos, estruturais e conjunturais , os altos
índices de violência e a consolidação política dos governos de esquerda há mais
de dez anos no poder. Esses componentes reunidos são fatos observáveis e que
contribuem para a insatisfação de uma parcela da sociedade, e que torna essa
coletividade propensa a tomar as ruas em protestos.
Em
uma perspectiva sobre o jogo de poder interno na Venezuela, não se pode
assegurar uma visão clara acerca do discurso das massas em protesto, apenas a
existência dessa soma de muitas insatisfações difusas com a realidade do país. O
ponto de vista do governo já é mais factível, Maduro segue a linha e o método
adotado por Hugo Chávez de manter a marcha da revolução bolivariana, almejando
uma nova espécie de socialismo. A síntese deste processo merece ser observada
com atenção no decorrer da história.
É
importante notar neste panorama geral a espantosa capacidade do atual governo
venezuelano de mobilizar as forças tangíveis do Estado para desencorajar a
dissidência política e ideológica, como o uso da guarda nacional, o bloqueio
das linhas de transporte nas áreas lideradas pela oposição, o fechamento do
canal de notícias NTN24, e, de forma menos direta, os “coletivos”, como são chamadas
as milícias informais de base chavista.
A
visão das Relações Internacionais é mais dilemática, pois envolve dinâmicas
menos claras para as populações de cada país latino. Os debates sobre o futuro
da integração regional no Cone Sul e na região andina ainda não se espalharam
devidamente para a sociedade em geral, um exemplo disso é a pouca divulgação do
que é manifestado nas reuniões do Foro de São Paulo, entidade criada por Lula e
Fidel Castro para discutir os rumos dos governos de esquerda na região.
Até
agora, as reações dos países latinos foram as seguintes: Equador e Argentina
manifestaram apoio irrestrito ao governo de Maduro, e o Panamá anunciou que
acompanhará a questão venezuelana com cautela.
Os
recentes acontecimentos na Venezuela são essenciais para compreender os
próximos aspectos das políticas internas e externas dos países
latino-americanos, assim como para possíveis outras análises acerca dos rumos
da integração político-econômica regional. A história contemporânea da América
Latina, e como esta será contada daqui a alguns anos, está sendo escrita nas
ruas com sangue e protestos.
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