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segunda-feira, 6 de outubro de 2014

A Importância da ONU-HABITAT para o Sistema Internacional

Raylson Max


Acadêmico do 4ª semestre de Relações internacionais - UNAMA

"A falta de moradia, tanto nos países em desenvolvimento quanto nos desenvolvidos, é um dos sintomas mais visíveis e graves do não usufruto do direito à moradia adequada. As causas desse fenômeno multifacetado são muitas e incluem não apenas a pobreza extrema ou incapacitação, mas também a falta de moradias de interesse social, a especulação de habitações e de terras, a migração urbana forçada ou não planejada e a destruição ou deslocamentos causados por conflitos, desastres naturais ou projetos de desenvolvimento de grande porte."¹


As Nações Unidas não apresentava em sua pauta a atuação de questões relativas aos assentamentos humanos. No entanto, não se pode negar que a relevância dada aos direitos humanos observar atentamente a preocupação com a melhoria da qualidade de vida dos povos em qualquer tipo de assentamento. A efetivação do UN-HABITAT estendeu a atuação árdua da ONU aos conceitos de assentamentos humanos, refletindo os princípios contidos em sua carta de constituição.

"Sua sede é em Nairóbi, Quênia, e a organização é a encarregada de coordenar e cooperar sobre assuntos de assentamentos humanos dentro das Nações Unidas, facilitando o fluxo global de informação sobre moradia e desenvolvimento sustentável de assentamentos humanos, além de colaborar em países com políticas e assessoria técnica para enfrentar o número crescente de desafios enfrentados por cidades de todos os tamanhos".²

Uma série de programas é realizado desde sua institucionalização e a ONU-HABITAT para América Latina e o Caribe funciona no Rio de Janeiro desde 1996 e que ficou mais visível ainda, na Agenda do Milênio em 2000. Devido o mundo está sendo cada vez mais globalizado, a necessidade da Assembleia Geral das Nações Unidas encontrou nos Fóruns Urbanos Mundiais, o qual é a arena mais adequada para ter o diálogo entre lideranças políticas e a diversidade de mediadores sociais, protagonistas centrais dos desafios do desenvolvimento sustentável das cidades, incentivando e direcionando ações práticas de amenização dos grandes problemas de um mundo urbano e globalizado.

A ideia inicial da Conferência das Nações Unidas sobre Assentamentos Humanos refletia as diretrizes gerais da ONU. Destacam-se os conceitos político-filosóficos, assim como os debates que colocaram de imediato da sua constituição. Em seguida enfoca-se a evolução do programa ONU-HABITAT, que refletindo a crescente urbanização mundial, passa da organização das Grandes Conferências para a frequência maior e mais ágil dos Fóruns Urbanos Mundiais.
As recomendações feitas pela organização para o governo brasileiro foram petulantes ao ponto de defender em âmbito internacional, junto com os países em desenvolvimentos, a diminuição da pobreza, juntamente com as metas do milênio,  já citado, e incorporar programas de saneamento básico e habitação aos mais pobres.



Nota 1: pronunciamento da relatora especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Moradia Adequada, a brasileira Raquel Rolnik, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP), efetuado na 63ª sessão da Assembleia Geral da ONU.
Nota 2: Site UN-HABITAT.

REFERÊNCIAS:
http://www.onu.org.br/onu-no-brasil/onu-habitat/ visualizado às 15:35 do dia 4 de Outubro de 2014.

http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&view=article&id=1237:catid=28&Itemid=23 visualizado às 17:10 do dia 4 de Outubro de 2014.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

O Papel da Organização Mundial Meteorológica frente à Camada de Ozônio

Thainá Penha
Acadêmica do 4° semestre de Relações Internacionais da UNAMA



          Antes de esclarecer a relação entre a OMM (Organização Mundial Meteorológica) e a proteção da camada de ozônio, é importante saber no que tange a instituição.

A OMM é uma agência especializada da ONU desde 1951. É responsável por questões especificamente meteorológicas como clima, tempo, hidrologia operacional e ciências geofísicas. Dentre os seus objetivos, relatados no Tratado Constitutivo da instituição, estão pontos como investir em tecnologias disponíveis para que as trocas de informações meteorológicas sejam mais eficientes, além de usar dos artifícios para garantir a publicação de observações e estatísticas. Dentre os outros pontos, estes são os mais meritórios para entender a relação da instituição com a preservação da camada de ozônio.
Esta última, por sua vez, consiste em uma camada que circunda o Planeta Terra, formada, dentre outros componentes, pelo gás ozônio, responsável por proteger os seres vivos dos raios ultravioletas excessivos vindos do sol.
Por conta da poluição e da má ação do homem referente à natureza, surge um buraco nesta camada, o que a torna mais fina que o necessário, principalmente nos Polos.
Isto acontece devido a emissão de diversas substâncias químicas que acabam por contribuir para o aquecimento do planeta, o famoso efeito estufa. Entre os vilões encontram-se os óxidos nítricos e nitrosos lançados pelos exaustores dos automóveis e o famoso CO2, produzido pela queima de combustíveis fósseis como carvão e petróleo.


Neste contexto, a OMM tem o papel de estudar e ceder informações sobre a situação da camada de ozônio. Ela é o órgão mais próximo de assuntos como este, tendo em vista que a ONU carece de uma instituição responsável, estritamente, pelo meio ambiente – assunto que tem pouco espaço na organização, apesar de fazer parte de sua agenda e de possuir o PNUMA que infelizmente ainda não foi institucionalizado.
No último dia 10, a OMM em conjunto com o PNUMA – Programa da ONU para o Meio Ambiente – lançou um relatório que consta informações extremamente importantes. Neste, confirmaram que a camada de ozônio está em fase de recuperação e que estará significantemente recuperada até 2050.
O documento intitulado “Avaliação Científica da Diminuição da Camada de Ozônio 2014” contou com a contribuição 300 cientistas de 36 países. Mais animador do que isto é o fato desta recuperação ser atribuída a ação coletiva do Protocolo de Montreal, firmado em 1987, com o objetivo de incentivar os países no desenvolvimento de ações e políticas voltadas para a preservação, redução e eliminação do uso de elementos químicos que destroem a camada.

            O PNUMA e a OMM acreditam que a notícia veio para dar mais incentivo à luta pela preservação, por meio da cooperação entre os Estados firmada no Protocolo de Montreal. Existe, ainda, um protocolo a ser assinado no final de 2015 em que os países controlarão as emissões de gases de efeito estufa, segundo Bruno Calixto (2014), em publicação da Revista Época.
Diante disso, fica clara a importância que a Organização Mundial Meteorológica possui na política internacional. A interdependência complexa é notada também na questão do meio ambiente. Ações de um ator em uma parte do globo irão, de alguma forma, afetar outros atores em partes diferentes do mundo.
Sendo assim, fica clara a necessidade que os Estados e demais atores não estatais tem de cooperarem e contribuírem para a preservação da camada de ozônio, a qual beneficiará e trará ganhos a todos os envolvidos.



Referência:
http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/blog-do-planeta/noticia/2014/09/uma-boa-noticia-buraco-na-camada-de-ozonio-besta-diminuindob.html             
               
                
             
            

sábado, 7 de junho de 2014

Resenha: DO DIA SEGUINTE (1983) AO DIA DEPOIS DE AMANHÃ (2004)

Brenda de Castro
Internacionalista (UNAMA) e Mestranda em Ciência Política (PPGCP/UFPA)




Pouco mais de uma década separa dois filmes que, além do nome, não apresentam muitas semelhanças à primeira vista. Dirigido por Nicholas Meyer, O Dia Seguinte (The Day After no original) foi lançado no início da década de 1980 em plena Guerra Fria e se propõe a mostrar em duas horas de filme de modo cru um dos possíveis desdobramentos daquele período histórico.
Ainda que se tratasse de uma “paz improvável, guerra impossível”, o medo de uma guerra nuclear assolava a imaginação das pessoas. O filme tem um ritmo lento, principalmente na sua primeira parte onde nos apresenta o cotidiano da família Oakes que vive no estado de Kansas. Ao mesmo tempo acompanhamos os procedimentos militares de vigilância no tenso período, assim como o impacto no dia-a-dia da economia e outros setores da sociedade por conta da Guerra Fria.
A crise tem início no longa-metragem por conta de uma barreira de mísseis que os Estados Unidos pretendem instalar na Europa, enquanto os noticiários atualizam a situação, vemos as pessoas com seus problemas e rotinas pessoais, ora atentos à crise e em outros momentos apenas desligam o rádio ou a televisão.
Quando é decretada a ordem de evacuação da cidade de Moscou a rotina da população estadunidense começa a mudar e se questionarem a que ponto aquela crise chegará, ainda que temerosos, não acreditam ser possível que a situação leve a uma guerra nuclear. Quanto mais se torna real a ameaça, as pessoas começam a entrar em pânico e se preparam para o pior. Os Estados Unidos lançam seus mísseis e é dado início à guerra. Sabendo que a retaliação soviética não tardaria mais que trinta minutos as pessoas tentam se proteger a tempo.
O filme causou bastante impacto por ter demonstrado a partir de simulações científicas e com o uso dos efeitos especiais da época para tornar o mais real possível o que ocorreria numa situação de guerra nuclear. No primeiro momento, carros param de funcionar, relógios, toda a energia. Com a explosão, os efeitos – ainda que limitados – dão a ideia de várias pessoas sendo instantaneamente carbonizadas, a destruição de prédios e a devastação nuclear é descrita por quatro minutos. O suficiente para causar, até mesmo em nós atualmente, arrepios. A cena encontra-se exatamente na metade do filme, separando o antes, cotidiano dos simples cidadãos e o depois, da sobrevivência dos que se salvaram e das consequências. Os meses seguintes trazem os impactos à saúde das pessoas que se veem totalmente desamparadas e sem estrutura para recomeçar a vida.
O letreiro final traz uma mensagem de que aqueles eventos catastróficos eram apenas uma simulação que não chegava nem perto do que aconteceria na realidade se uma guerra nuclear tivesse início e que esperava inspirar os as nações, os seus líderes e suas populações a buscarem um meio de evitar este fatídico dia.
“O Dia Seguinte” foi um filme encomendado para televisão o que possibilitou que fosse visto por muitas pessoas, assim, impactando fortemente a opinião pública. Contudo, qual a relação deste filme contextualizado na Guerra Fria e que trata de uma guerra nuclear e suas consequências para o filme “O Dia Depois de Amanhã”?
O segundo filme, traz a discussão sobre as mudanças climáticas já no início do século XXI quando o tema começa a se concretizar cada vez mais na agenda internacional. 
O filme se passa em 2020 e mostra de forma extrema as consequências de uma elevação de sete metros no nível do mar por conta da exploração de petróleo no Polo Norte, causando assim uma tsunami que toma conta de todo o norte, no caso, os Estados Unidos, o que leva muitas pessoas a fugirem para o norte enquanto outras sofrem com o resfriamento abrupto, assim como o isolamento causado pelas temperaturas extremas e a destruição.
É interessante extrair deste filme alguns fatores: a impotência sentida pela hegemonia econômica e militar diante da catástrofe climática, a negação de dados previamente apresentados que alarmavam para a situação (assim como ocorre na atualidade) e, por fim, o irônico desfecho político em que para poupar a vida de seus cidadãos o presidente dos Estados Unidos precisa realizar um acordo com o México perdoando sua dívida para que a população atingida pela catástrofe possa fugir para o país vizinho.
Os dois filmes aqui tratados trazem, em contextos históricos distintos, as grandes preocupações de sua época. Da guerra nuclear às mudanças climáticas, tentam despertar a reflexão acerca de temas como a cooperação e o diálogo. Enfocam também nas consequências sociais e ambientais de decisões políticas desastrosas e da impotência diante de situações extremas.
O primeiro filme conseguiu impactar e causar medo por se tratar de um conflito que era possível que a qualquer instante evoluísse para uma catástrofe nuclear. O diferencial residia que para evitar bastava que uma decisão não fosse tomada. Já no caso das questões climáticas, o problema é muito mais complexo. A cooperação aqui necessitada vai além de um simples acordo de paz, é preciso que medidas sejam tomadas a curto e longo prazo, que sejam repensados valores, modelos econômicos e de exploração.
Fica a reflexão. E o dia seguinte? E o depois de amanhã? Estaremos aqui? Teremos feito algo para evitar catástrofes iminentes?




sexta-feira, 23 de maio de 2014

A Tragédia dos Comuns: A Importância do Protocolo de Kyoto para Preservação da Biodiversidade

Leon Cruz
Acadêmico do 7º semestre de Relações Internacionais da Unama


A questão ambiental tem ocupado um papel cada vez mais relevante nas relações internacionais contemporâneas, pois não há como dissociar a condição humana do contexto ambiental. O homem, como todos os demais seres vivos habitantes do planeta terra, mantém desde o início de sua existência, e manterá sempre, uma íntima relação com o meio em que vive condicionada pela necessidade de sobrevivência e permanência enquanto espécie.
Para conscientizar a população mundial para a importância da diversidade biológica, e para necessidade da proteção da biodiversidade em toda parte do planeta, foi criado pela ONU, em 1992, o Dia Internacional da Biodiversidade, comemorado no dia 22 de maio.
No entanto, a preservação da biodiversidade enfrenta múltiplos desafios, um deles, é a relação população- meio ambiente, haja vista, o aumento da população da terra que atingiu mais 7 bilhões de habitantes em 2011, e contribui para o aumento vertiginoso da pressão sobre meio ambiente, em consequência, perda da biodiversidade.
            A relação do homem com a biodiversidade foi inicialmente discutida em 1968, por Garrett Hardin (1915-2003), ao publicar um artigo sob o título de “A Tragédia dos Comuns”, que envolve um conflito entre interesses individuais e o bem comum no uso de recursos finitos. O texto faz uma criteriosa análise dos problemas que surgem sempre que usamos um bem comum. Ele declara "que o livre acesso e a demanda irrestrita de um recurso finito termina por condenar estruturalmente o recurso por conta de sua superexploração".
Sendo a biodiversidade um bem comum, cujos impactos extrapolam as fronteiras dos Estados Nacionais, a inserção da sociedade civil no debate do meio ambiente é fundamental para o aprofundamento da discussão no âmbito internacional. Assim, o tema surgiu com maior destaque e influenciou a politica internacional.
Com a interdependência complexa, provocada pela globalização, teorizada por Keohane e Nye (1998) a questão ambiental ganha cada vez mais importância na agenda internacional, com a negociação e implementação de tratados, acordos, convenções e a realização de reuniões internacionais com agendas amplas e complexas – como a RIO-92 – dão contornos a um sistema internacional multilateral, que tende a cooperação, por se tratar de um tema global.
Um dos mais importantes debates internacionais sobre o tema ocorreu, em 1992, a Conferência de Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas no Rio de Janeiro, a conhecida ECO 92, com o objetivo de discutir temas ambientais globais e sugerir soluções potenciais. Foi um inquestionável indutor para a abordagem ambiental no mundo. Além de tudo, a ECO 92 proporcionou um debate mais intenso sobre o Protocolo de Kyoto, que é a alternativa principal para conseguir o tão desejável equilíbrio entre os recursos naturais e a população.
O Protocolo de Kyoto é resultado de uma ampla negociação internacional, no qual os países identificados como os maiores responsáveis pelas emissões de gases poluentes deveriam reduzir suas emissões em 2000 ao nível que tinham em 1990. Contudo, para que o Protocolo efetivamente entrasse em vigor, era necessário atender a duas condições básicas. A primeira, que pelo menos 55 países o ratificassem e, a segunda, que as emissões desses países equivalessem a pelo menos 55% das emissões de gases de efeito estufa em 1990. O documento foi assinado e entrou em vigor em 16 de fevereiro de 2005, depois que a Rússia ratificou em novembro de 2004.
É válido destacar no Protocolo de Kyoto, a importância de cada país a se comprometer e refletir, global e localmente, sobre a forma pela qual governos, empresas, organizações não governamentais e todos os setores da sociedade poderiam cooperar no estudo de soluções para os problemas socioambientais, do mesmo modo que é necessário destacar a inserção da sociedade civil no debate.
Em “A Tragédia dos Comuns”, Garrett Hardin, já defendia que “os problemas ambientais não têm soluções técnicas. Eles exigem mudanças em atitudes e comportamentos humanos. Uma solução exige que as pessoas tomem uma decisão coletiva de mudar o comportamento de todas, incluindo a si mesmas”.
Há pouco tempo, pessimistas afirmavam que o Protocolo de Kyoto não entraria em vigor, que a ausência dos Estados Unidos inviabilizaria o processo. Mas o que se vê é o crescimento da consciência internacional da urgência da adoção de medidas.
Outro aspecto relevante do Protocolo de Kyoto diante dos diferentes processos e meios alternativos para a minimização da degradação ambiental e redução no uso dos recursos naturais é que ele se tornou a alternativa principal para a preservação da biodiversidade, pois diversos destes métodos estão previstos no Protocolo.
           

REFERÊNCIAS

Inter- relações entre biodiversidade e mudanças climáticas. Ministério do Meio Ambiente. Brasília, 2007.

Greenpeace. O Protocolo de Kyoto. Disponível em: http://www.greenpeace.org.br/clima/pdf/protocolo_kyoto.pdf. Visualizado em: 14/05/2014

Hardin, Garrett. A tragédia dos comuns. Disponível em: http://www.planetseed.com/pt-br/relatedarticle/tragedia-dos-comuns. Visualizado em 15/05/2014
Karina Pasquariello. Meio Ambiente e Relações Internacionais: Teoria e História. 1993. Disponível em: http://www.cedec.org.br/files_pdf/cadcedec/CAD26.pdf Visualizado em 14/05/1992.

LAGO, André Aranha Corrêa do. Conferências de Desenvolvimento Sustentável. Funag. Brasília, 2013.

Marco Gomes, 2005. Protocolo de Kyoto: Origem. http://www.pucminas.br/imagedb/conjuntura/CNO_ARQ_NOTIC20050829120850.pdfVisualizado em 15/05/2014

WWF. A Biodiversidade. Disponível:  http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/questoes_ambientais/biodiversidade/ Visualizado em: 14/05/2014


Para entender as relações internacionais: o Construtivismo. Disponível em: http://www.cedin.com.br/pt/2013/para-entender-relacoes-internacionais-construtivismo/ Visualizado em 15/05/2014. 

sábado, 12 de abril de 2014

Vulnerabilidade Estratégica da Amazônia Brasileira

Lucas Silva Almeida
Acadêmico do 5º semestre de Relações Internacionais da Unama

A partir desta notícia publicada no Post-Western World[1], percebe-se que o Brasil atualmente tem recuado no network diplomático, e com efeito, afetando o debate interno sobre relações internacionais, e ainda gerando comparações com a política externa do governo Lula.
Considerando que o Brasil é uma potência no Cone Sul-americano, a medida da Presidente Dilma é uma anomalia diante da força econômica e estratégica que o país tem. Albuquerque (2010) diz que a “construção das estratégias geopolíticas externas é que fizeram toda a diferença, influenciando na própria evolução econômica dos dois países e na posição que ocupam no sistema internacional” (p.68).
Por questão de honra, o Brasil procurou realizar dois eventos internacionais que falassem sobre o desenvolvimento sustentável, que seriam o Rio-92 e o Rio+20. Levando em conta seus resultados, pode-se dizer que esses eventos foram mais “alguns dias de férias na Cidade Maravilhosa” do que de fato uma discussão que envolvesse questões sociais, econômicas e ecológica (e por que não dizer espacial e cultural também?).
Assim, trabalha-se um conceito muito debatido e que dificilmente demonstra resultado práticos: a questão de diminuir a vulnerabilidade externa diante da “Integração Regional”, na defesa das fronteiras e no desenvolvimento econômico das cidades fronteiriças. O termo Vulnerabilidade Externa pode ser entendido como “a probabilidade de resistência à pressões, fatores desestabilizadores e choques externos bem como o custo dessa resistência” (GONÇALVEZ APUD GONÇALVES 2003, p. 34). “Os custos dessa resistência” está atrelado ao fator territorial amazônico, tida como uma zona com “limites geográficos indefinidos”.
O teórico geopolítico Halford Mackinder acreditava que havia uma “nítida interdependência nos acontecimentos físicos, econômicos e militares”, e que esses acontecimentos repercutem tanto nos territórios vizinhos como no local de origem (TOSTA 1984, p. 40).
A questão é, onde começa e onde termina a Amazônia Brasileira?
Essa vulnerabilidade externa, que também pode ser entendida como vulnerabilidade fronteiriça, demonstra a dificuldade brasileira em garantir seus próprios limites territoriais, que para outro teórico geopolítico, o alemão Karl Haushofer, a fronteira nada mais seria que um “campo de batalha” (TOSTA 1984, p. 71) ou um campo de guerrilha, observando as ações das forças militares brasileiras diante das FARC[2].
A defesa das fronteiras, hoje, é focada com grande destaque na Amazônia[3]. O discurso político dos “vazios demográficos”, que busca “preencher lacunas” justificaria estratégias geopolíticas adotadas pelo Estado Brasileiro para o espaço amazônico, segundo Albuquerque (p.76).
Porém, o autor acredita que a hileia amazônica, junto ao projeto SIVAM (assim como SIPAM, SIFRON, entre outros), possam garantir uma melhor manutenção do território amazônico, mas as próprias táticas usadas rebaixam as forças armadas a um papel de organização guerrilheira.
Entretanto, o problema da vulnerabilidade estratégica da Amazônia também está no modo de desenvolver economicamente a região. Estudos mostram que tentar equilibrar a questão ambiental com a economia tem poucos resultados práticos, o que precisaria não só de uma mudança nos modelos econômico e ambiental, como cultural, político e social.
Os mesmos “vazios demográficos” são responsáveis por uma metodologia macroeconômica que ignora problemas estruturalmente sociais, como narcotráfico e o mercado da prostituição, criando corredores para outros continentes. Isso ainda indica que se o Brasil não tem controle sobre o seu território, ele não aproveita os recursos disponíveis que o caracterizam como ator de peso no Sistema Internacional (a economia), nem tem capacidade de garantir as seguranças humana, militar e econômica regional.
Atualmente, sem o peso da unidade estatal, na sua forma de projetos concretos, e sua função sendo desconstruída pela influência cada vez maior de ONGs e Empresas, o Brasil perde voz e vez, não só diante do cenário internacional, como também na ótica da opinião pública. Enquanto isso, a Amazônia continua sangrando minério, em nome da bandeira nacional. Mas se nos lembrarmos das cinco responsabilidades básicas que um Estado deve manter, não há de se surpreender que daqui há um tempo, a Amazônia receberá o resto do mundo de braços abertos: Seja para um abraço caloroso ou para o golpe final.





[1]              Is Brazil abandoning its Global Ambitions?, disponível em  <http://www.postwesternworld.com/2014/02/15/brazil-abandoning-ambitions/> , acesso em 16 fev. 2014
[2]              Rica, extensa e vulnerável, Amazônia é preocupação número 1 do Exército, disponível em<http://g1.globo.com/brasil/noticia/2012/08/rica-extensa-e-vulneravel-amazonia-e-preocupacao-numero-1-do-exercito.html>, acesso em 16 fev. 2014.
[3]              Sucateado, Exército não teria como responder a guerra, dizem generais, disponível em<http://g1.globo.com/brasil/noticia/2012/08/sucateado-exercito-nao-teria-como-responder-guerra-dizem-generais.html>, acesso em 16 fev. 2014.


REFERÊNCIAS

GONÇALVEZ, Reinaldo. Comércio e Investimento Externo. Aprofundando um Modelo Insustentável, Rio de Janeiro: Fase, 2004. IN: GONÇALVEZ, Reinaldo. Poder potencial, vulnerabilidade externa e hiato de poder do Brasil. Caderno de Estudos Estratégicos, vol. 1: Escola Superior de Guerra, 2005.

ALBUQUERQUE, Edu Silvestre de. A Geopolítica da Dependência como estratégia brasileira na inserção no Sistema Internacional. Rio de Janeiro: Oikos,2010.

TOSTA, Octavio. Teorias Geopolíticas, Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 1984.

NOTÍCIAS

IsBrazilabandoning its Global Ambitions?, disponível em  <http://www.postwesternworld.com/2014/02/15/brazil-abandoning-ambitions/> , acesso em 16 fev. 2014

Rica, extensa e vulnerável, Amazônia é preocupação número 1 do Exército, disponível em<http://g1.globo.com/brasil/noticia/2012/08/rica-extensa-e-vulneravel-amazonia-e-preocupacao-numero-1-do-exercito.html>, acesso em 16 fev. 2014.


Sucateado, Exército não teria como responder a guerra, dizem generais, disponível em<http://g1.globo.com/brasil/noticia/2012/08/sucateado-exercito-nao-teria-como-responder-guerra-dizem-generais.html>, acesso em 16 fev. 2014.


sábado, 22 de março de 2014

A importância do dia mundial da água para a humanidade e o significado deste dia para a ONU

Deuzarina Dias
Acadêmica do 7º semestre de Relações Internacionais da UNAMA.

Se fossemos fazer uma pesquisa aprofundada em relação a água ficaríamos alarmados com os resultados complexos em relação as contradições de abundância e escassez.
Durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada em 1992, no Rio de Janeiro, também conhecida como Eco-92, a Organização das Nações Unidas (ONU) recomendou que o Dia Mundial da Água fosse celebrado em 22 de março, data que passou a valer a partir de 1993.
A cada ano, a ONU busca um tema diferente para que nações e países de todo o mundo reflitam sobre o assunto. Para 2013, foi definido o tema Cooperação pela Água, cuja proposta é a de criar um fórum de reflexão, conscientização e elaboração de medidas que levem em conta ações de cooperação em prol dos recursos hídricos.
Motivo é o que não falta para lembrar a importância do uso consciente da água do planeta. Segundo dados da ONU, atualmente, 783 milhões de pessoas não têm acesso à água potável, e quase 2,5 bilhões vivem sem saneamento adequado. Além disso, de seis a oito milhões de pessoas morrem anualmente devido a fatores provenientes de catástrofes e doenças relacionadas à água. De acordo com as projeções da organização, nos próximos 40 anos, a população global terá um crescimento de dois a três bilhões de pessoas, resultando em um aumento na demanda por alimentos de 70% até 2050. Diante desse cenário, a ONU lembra que o crescimento da produção agrícola aumentará substancialmente o consumo de água e energia.
No Brasil, a disponibilidade hídrica é de cerca de 170 metros cúbicos por segundo (m³/s) de volume de vazão de água que passa pelos rios brasileiros. Já a média de consumo dos recursos hídricos no país gira em torno de três mil m³/s.
O Dia Mundial da Água é celebrado anualmente no dia 22 de março. A data tem como objetivo principal criar um momento de reflexão, análise, conscientização e elaboração de medidas práticas para a conservação dos recursos hídricos.

Com a instituição, os países foram convidados a aderir às recomendações da ONU relativas aos recursos hídricos e a concretizar atividades apropriadas ao contexto de cada país. No Brasil, a adesão partiu do Congresso Nacional. A Lei nº 10.670, de 14 de maio de 2003, instituiu o Dia Nacional da Água, que também passou a ser comemorado no dia 22 de março de cada ano. Então, desde 1993, as celebrações ao redor do globo acontecem a partir de um tema anual, definido pela própria ONU, com o intuito de abordar os desafios relacionados aos recursos hídricos. Neste ano, o tema escolhido em 2014 foi “Água e Energia”.
Em anos anteriores, a Organização das Nações Unidas colocou em discussão temas, como “Água e Segurança Alimentar”, “Água para as cidades: respondendo ao desafio urbano”, “Saneamento” e “Cooperação pela Água”.
O Brasil, País que detém aproximadamente 12% da água doce do planeta, celebra este dia, com o desafio de pensar a gestão dos recursos hídricos em seus mais diversos usos, garantindo o acesso a água e promovendo seu uso sustentável para as atuais e futuras gerações. No ano em que as celebrações giram em torno do tema “Água e Energia”, conforme definição da Organização das Nações Unidas (ONU), a sociedade brasileira muito tem a refletir sobre os usos que têm sido feitos desse bem finito.
A escolha se deu, porque água e energia estão intimamente interligadas e são interdependentes, já que a geração hidrelétrica, nuclear e térmica precisam de recursos hídricos.
Outro dado da ONU aponta que cerca de 8% da energia gerada no planeta é utilizada para bombear, tratar e levar água para o consumo das pessoas. Além disso, os recursos hídricos são utilizados para a geração de energia geotérmica, que é uma alternativa para energia em países com escassez de água.  Não somente no Brasil, mas em todo o mundo a água é indispensável para as indústrias, agricultura e uso doméstico.





Podemos observar os gráficos em relação a necessidade e o consumo de água e como a vida humana será impossível sem ela.

segunda-feira, 10 de março de 2014

Entrevista: Programa de Iniciação Científica

Ana Carolinne Barata
Acadêmica do 6º semestre de Relações Internacionais da UNAMA

     
      1. Qual a importância da iniciação científica para um acadêmico?
Não só a iniciação científica, mas qualquer projeto dentro da Universidade é importante para que o acadêmico possa viver, de fato, o curso. A meu ver, a iniciação científica é uma oportunidade de você aplicar os conhecimentos já adquiridos no curso em um assunto de seu interesse, além de ser uma chance de viver de perto, um pouco daquilo que lhe chama a atenção.
No meu caso, eu já me interessava por Comércio Internacional e pelo Comércio Exterior, em especial a questão das empresas multinacionais. Agora eu poderei ver mais de perto (com a pesquisa de campo), além de analisar, um pouco, como isso funciona na região metropolitana de Belém. Ademais, a iniciação científica é um diferencial a parte no currículo de qualquer profissional, principalmente por estarmos na região amazônica que é tão carente de pesquisadores e, mais ainda, sendo da área de Relações Internacionais.

2. Como foi o processo de escolha do tema e de criação do teu projeto?
Como eu já disse, eu já me interessava pelo Comércio Internacional e pela questão das empresas no Sistema Internacional. Então desde o 2º semestre, eu já pensava em participar do PIC (Projeto de Iniciação Científica) com o assunto que me chamava a atenção, mas acabei deixando de lado. Passados alguns semestres e mais “madura” em relação ao curso e ao que eu queria (e com alguns “empurrõeszinhos”), finalmente procurei o professor Mário Tito, que aceitou ser meu orientador. E, em Outubro do ano passado começamos a dar corpo ao projeto.
Eu escolhi analisar as práticas sustentáveis das empresas exportadoras situadas na região metropolitana de Belém, pelo fato de a sustentabilidade ser um fator que passou a ser decisivo na internacionalização de uma empresa, mas que ao mesmo tempo, é contraditório, pois nem sempre essas práticas são, de fato, usadas, principalmente na região amazônica que é rica em recursos naturais e tem leis fortes relacionadas à preservação destes.
No entanto, a pouca fiscalização deixa estas leis, muitas vezes, só na teoria. Logo, as minhas pesquisas para a elaboração do projeto partiram daí e, depois de muito trabalho, eu entreguei o projeto para a participação do PIC.

3. Sabendo que tens um ano de pesquisa e trabalho pela frente, quais são as tuas expectativas quanto aos possíveis resultados da pesquisa?
Bom, o trabalho já começou (até porque não é pouco). E com isso, eu espero que as minhas pesquisas e o artigo final possam contribuir para a formação do conhecimento da comunidade acadêmica como um todo, pois o meu projeto abrange assuntos que podem ser vistos de vários aspectos e válidos de outras análises. Mas principalmente, eu gostaria de inspirar outras pessoas do próprio curso de Relações Internacionais a participarem do PIC, pois é uma experiência única na Universidade, principalmente para o nosso curso que nos dá base para analisar diversos assuntos e de maneiras diferentes, e assim, agregar conhecimento próprio e às outras pessoas, já que ao final do programa, a pesquisa fica disponível para todos.

4. Qual a relevância da tua pesquisa para o mercado de trabalho do internacionalista?

A pesquisa em si sobre a relação entre sustentabilidade e o comércio exterior envolve áreas relativamente diferentes, mas que se entrelaçam. Na região amazônica, um internacionalista que se envolve e se interessa por essas áreas, tem chances de fazer carreira nesses setores aqui mesmo na região metropolitana de Belém. Com isso, eu considero a minha pesquisa relevante, pois nas visitas a campo, eu estarei levando o “nome” do curso para dentro das empresas. Assim, ao mesmo tempo em que eu vou estar pesquisando assuntos relacionados às Relações Internacionais, eles também estarão conhecendo como pode ser o trabalho de um internacionalista, tanto em uma multinacional, quanto em relação ao meio ambiente. E isso, no futuro, pode trazer mais reconhecimento para o nosso curso que, aqui no Pará, ainda é pouco valorizado.