sexta-feira, 23 de maio de 2014

A Tragédia dos Comuns: A Importância do Protocolo de Kyoto para Preservação da Biodiversidade

Leon Cruz
Acadêmico do 7º semestre de Relações Internacionais da Unama


A questão ambiental tem ocupado um papel cada vez mais relevante nas relações internacionais contemporâneas, pois não há como dissociar a condição humana do contexto ambiental. O homem, como todos os demais seres vivos habitantes do planeta terra, mantém desde o início de sua existência, e manterá sempre, uma íntima relação com o meio em que vive condicionada pela necessidade de sobrevivência e permanência enquanto espécie.
Para conscientizar a população mundial para a importância da diversidade biológica, e para necessidade da proteção da biodiversidade em toda parte do planeta, foi criado pela ONU, em 1992, o Dia Internacional da Biodiversidade, comemorado no dia 22 de maio.
No entanto, a preservação da biodiversidade enfrenta múltiplos desafios, um deles, é a relação população- meio ambiente, haja vista, o aumento da população da terra que atingiu mais 7 bilhões de habitantes em 2011, e contribui para o aumento vertiginoso da pressão sobre meio ambiente, em consequência, perda da biodiversidade.
            A relação do homem com a biodiversidade foi inicialmente discutida em 1968, por Garrett Hardin (1915-2003), ao publicar um artigo sob o título de “A Tragédia dos Comuns”, que envolve um conflito entre interesses individuais e o bem comum no uso de recursos finitos. O texto faz uma criteriosa análise dos problemas que surgem sempre que usamos um bem comum. Ele declara "que o livre acesso e a demanda irrestrita de um recurso finito termina por condenar estruturalmente o recurso por conta de sua superexploração".
Sendo a biodiversidade um bem comum, cujos impactos extrapolam as fronteiras dos Estados Nacionais, a inserção da sociedade civil no debate do meio ambiente é fundamental para o aprofundamento da discussão no âmbito internacional. Assim, o tema surgiu com maior destaque e influenciou a politica internacional.
Com a interdependência complexa, provocada pela globalização, teorizada por Keohane e Nye (1998) a questão ambiental ganha cada vez mais importância na agenda internacional, com a negociação e implementação de tratados, acordos, convenções e a realização de reuniões internacionais com agendas amplas e complexas – como a RIO-92 – dão contornos a um sistema internacional multilateral, que tende a cooperação, por se tratar de um tema global.
Um dos mais importantes debates internacionais sobre o tema ocorreu, em 1992, a Conferência de Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas no Rio de Janeiro, a conhecida ECO 92, com o objetivo de discutir temas ambientais globais e sugerir soluções potenciais. Foi um inquestionável indutor para a abordagem ambiental no mundo. Além de tudo, a ECO 92 proporcionou um debate mais intenso sobre o Protocolo de Kyoto, que é a alternativa principal para conseguir o tão desejável equilíbrio entre os recursos naturais e a população.
O Protocolo de Kyoto é resultado de uma ampla negociação internacional, no qual os países identificados como os maiores responsáveis pelas emissões de gases poluentes deveriam reduzir suas emissões em 2000 ao nível que tinham em 1990. Contudo, para que o Protocolo efetivamente entrasse em vigor, era necessário atender a duas condições básicas. A primeira, que pelo menos 55 países o ratificassem e, a segunda, que as emissões desses países equivalessem a pelo menos 55% das emissões de gases de efeito estufa em 1990. O documento foi assinado e entrou em vigor em 16 de fevereiro de 2005, depois que a Rússia ratificou em novembro de 2004.
É válido destacar no Protocolo de Kyoto, a importância de cada país a se comprometer e refletir, global e localmente, sobre a forma pela qual governos, empresas, organizações não governamentais e todos os setores da sociedade poderiam cooperar no estudo de soluções para os problemas socioambientais, do mesmo modo que é necessário destacar a inserção da sociedade civil no debate.
Em “A Tragédia dos Comuns”, Garrett Hardin, já defendia que “os problemas ambientais não têm soluções técnicas. Eles exigem mudanças em atitudes e comportamentos humanos. Uma solução exige que as pessoas tomem uma decisão coletiva de mudar o comportamento de todas, incluindo a si mesmas”.
Há pouco tempo, pessimistas afirmavam que o Protocolo de Kyoto não entraria em vigor, que a ausência dos Estados Unidos inviabilizaria o processo. Mas o que se vê é o crescimento da consciência internacional da urgência da adoção de medidas.
Outro aspecto relevante do Protocolo de Kyoto diante dos diferentes processos e meios alternativos para a minimização da degradação ambiental e redução no uso dos recursos naturais é que ele se tornou a alternativa principal para a preservação da biodiversidade, pois diversos destes métodos estão previstos no Protocolo.
           

REFERÊNCIAS

Inter- relações entre biodiversidade e mudanças climáticas. Ministério do Meio Ambiente. Brasília, 2007.

Greenpeace. O Protocolo de Kyoto. Disponível em: http://www.greenpeace.org.br/clima/pdf/protocolo_kyoto.pdf. Visualizado em: 14/05/2014

Hardin, Garrett. A tragédia dos comuns. Disponível em: http://www.planetseed.com/pt-br/relatedarticle/tragedia-dos-comuns. Visualizado em 15/05/2014
Karina Pasquariello. Meio Ambiente e Relações Internacionais: Teoria e História. 1993. Disponível em: http://www.cedec.org.br/files_pdf/cadcedec/CAD26.pdf Visualizado em 14/05/1992.

LAGO, André Aranha Corrêa do. Conferências de Desenvolvimento Sustentável. Funag. Brasília, 2013.

Marco Gomes, 2005. Protocolo de Kyoto: Origem. http://www.pucminas.br/imagedb/conjuntura/CNO_ARQ_NOTIC20050829120850.pdfVisualizado em 15/05/2014

WWF. A Biodiversidade. Disponível:  http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/questoes_ambientais/biodiversidade/ Visualizado em: 14/05/2014


Para entender as relações internacionais: o Construtivismo. Disponível em: http://www.cedin.com.br/pt/2013/para-entender-relacoes-internacionais-construtivismo/ Visualizado em 15/05/2014. 

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