Breno
Damasceno
Acadêmico
do 3° semestre de Relações Internacionais da UNAMA
A questão da espionagem comercial e de
líderes globais colocou em cheque os motes de política externa dos EUA e como o
mesmo pode ou não atuar nesse sentido. Sabe-se que esse tipo de tática para
coletar informações importantes de países e empresas não é nova, porém ganhou
grande repercussão por envolver nomes importantes como a chanceler alemã Angela
Merkel e a empresa Petrobras, aqui no Brasil. Partiremos então para o
comportamento dos EUA em relação ao vazamento de informações por conta dessa estratégia
diplomática e a análise dos interesses desse agente.
A análise construtivista merece algumas
ressalvas. Para entender como funciona o comportamento dos agentes, merece
primeiro entender os interesses dos mesmos. Um dos pressupostos do
construtivismo é ressaltar que os agentes demonstram seus interesses por conta
da busca de uma identidade, a qual, depois de estabelecida acaba gerando novos interesses.
Sendo assim esses agentes revogam constroem uma nova estrutura, colocando nas
palavras de Emmanuel Adler, nesse sentido, temos que “o construtivismo mostra
que mesmo as nossas instituições mais duradouras (Estados) são baseadas em
entendimentos coletivos” essas instituições irão buscar o que os
construtivistas chamam de “identidade relacional”.
Tendo em vista esses preceitos, podemos
relacioná-los aos acontecimentos dos Estados Unidos na questão da espionagem. Uma
das atuações que mais chamou atenção nesse sentido foi a espionagem telefônica
de cidadãos americanos e do mundo todo pela Agência de Segurança Nacional (NSA,
na sigla em inglês) e até mesmo de líderes internacionais, essa coleta de dados
mostrou um lado até então, visto por muitos, como negativo do governo Obama, o
qual propôs o fim dessa coleta de dados telefônicos pela NSA.
A nova proposta prevê que dados sejam
armazenados, mas pelas próprias companhias telefônicas e pelo período de 18 meses
¹. A NSA poderia, então, solicitar as
informações de que necessita com uma autorização judicial. Esse exemplo
ressalta a questão do Realismo Construtivista, que não nega a importância do
estado e suas ações, mas que para a busca de interesses ele dependerá de forças
internas, nesse caso a uma instituição.
Sabe-se que depois dos atentados de 11 de
setembro essas questões de se resguardar quanto aos ataques terroristas ficou
mais forte. Logo um dos interesses citados por Barack Obama, no seu discurso na
Assembleia Geral da ONU no ano passado, foi que “os EUA são excepcionais, em
parte porque demonstramos o desejo, através do sacrifício de sangue e riqueza,
de defender não apenas nosso interesse próprio, mas os interesses de todos", ou seja, o presidente tentou salientar que as estratégias
feitas foram para beneficiar também aos seus aliados, e admite que erro maior
seria deixar os mesmos a mercê de riscos iminentes².
Cabe colocar nessa questão também um dos
principais pontos do Construtivismo, o papel do Líder, que deve tomar decisões
que ora concordem com seus aliados, ora os desagradem. Tais decisões devem ser
feitas com cuidado para que a imagem do mesmo não seja defasada ou até
denegrida na estrutura internacional, saber moldar essas disposições é
essencial para manter-se no poder.
Em linhas gerais, as premissas do
construtivismo realçam os fundamentos transformadores de ideias e de mútuas
relações de construção e co-construção tendo como base os meios usados para tal
fim. Nesse contexto podemos dizer que o construtivismo explica o quanto as
relações entre EUA e a estrutura internacional mudam diante de um caso que
afeta vários agentes, segundo Wendt, “o melhor de dois mundos”
acaba sendo visto como uma relação que ao mesmo tempo prejudica negociações e
fortalece outras, bastando apenas caber a cada agente saber o que procura e
juntamente a isso notar se tal decisão afetará a outros.
Referência
BUENO, Adriana Mesquita Corrêa. Perspectivas contemporâneas sobre regimes internacionais: a abordagem
construtivista. Rio de Janeiro Campus
(PUC-Rio), Rio de Janeiro, Brasil, jul 22, 2009.
CASTRO, Thales. Do
construtivismo e seus postulados – o terceiro grande debate das Relações
Internacionais. In.: _____ Teoria das Relações Internacionais. Brasília,
Funag. 2012. p. 385-389.
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