Brenda
de Castro
Internacionalista
formada pela UNAMA e Mestranda em Ciência Política (PPGCP/UFPA)
Machete
(Danny Trejo) é um ex-agente federal mexicano contratado por um homem
misterioso (Jeff Fahey) para assassinar um importante político americano. Mas
ele também se tornou alvo de outro matador e agora o que parecia ser uma
simples e rentável missão, transformou-se numa sanguinária trama de conspiração
contra o povo mexicano (Fonte: AdoroCinema).
Seria um filme comum de ação, se não
fosse dirigido por Robert Rodriguéz (dos
filmes Um Drink no Inferno, Sin City e Planeta Terror). Machete teve origem num trailer de filme fictício
em Planeta Terror e com o sucesso acabou virando longa. O filme conta com um
elenco forte formado por Robert De Niro,
Steven Seagal, Cheech Marín, Jessica Alba, Michelle Rodríguez e até mesmo com uma participação especial de Lindsay Lohan.
O longa traz a
temática da imigração ilegal e a realidade da fronteira entre Estados Unidos e
México de modo trash, com direito a
muito sangue, mulheres seminuas, humor negro e abusando de personagens muitas
vezes caricatos. Tudo isso não faz do filme menos verdade no tema que discute.
Quando mostra o grupo de vigilantes que assassinam imigrantes que atravessam a
fronteira, mais trash que a cena de
um deles atirando em uma grávida, é saber que os fatos foram baseados em fatos
reais.
Em 2000, a Revista Time reportou o
caso de mortes de imigrantes ilegais na fronteira por vigilantes[i]
e em 2007 quatro homens foram acusados de atirar contra um caminhão com
imigrantes ocasionando a morte de dois homens e uma jovem de 15 anos.
O filme conta ainda com Robert De
Niro como o Senador McLaughlin que tem como plataforma política expulsar os
mexicanos dos Estados Unidos e criar uma cerca elétrica para mantê-los
afastados. Na propaganda associa os imigrantes até mesmo com parasitas e
baratas que devem ser aniquiladas. Pode parecer extremo ou exagerado, mas
apesar do humor negro contido na crítica, faz referência a muitos
posicionamentos políticos reais do país contra a imigração. E apesar de não
existir uma cerca elétrica, já há um muro de segurança na fronteira dos países
entre Tijuana e San Diego.
A trama vai além e trata da manobra
política do Senador McLaughlin em
contratar Machete por meio do empresário Michael Booth para assassiná-lo, mas o
mexicano é enganado e antes mesmo de efetuar o disparo é culpado como tentativa
de assassinato do senador, o que é utilizado para promover o posicionamento
anti-imigração do político e convencer a população.
Assim, Machete, ainda um pouco
relutante, começa a ser visto como um herói do povo mexicano e se juntam a ele
a Organização liderada por She,
outra heroína misteriosa, e a agente do Departamento de Imigração (Jessica
Alba) que desconfia da ligação do político com o cartel mexicano de Torres (Steven Seagal).
Talvez o mais o chocante no filme –
além da cena em que um intestino é usado para rapel – seja a realidade na qual
ele foi embasado. Desde os vigilantes da fronteira e a visão xenofóbica
extremista que leva a mortes, assim como a própria lacuna dessa ideologia que
muitas vezes se vê atrelada a muitos negócios ilegais com o próprio cartel
mexicano.
Aos cinéfilos que não tem aversão a
sangue e apreciam o estilo de Tarantino, o filme é uma boa pedida, seja pela
crítica política ou pelas ótimas e inesquecíveis atuações e bordões do filme.
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