Bianka Neves
Acadêmica do 5º semestre de Relações Internacionais
Há exatos 70 anos, as tropas do 59º e 60º exércitos do 1º Front Ucraniano, sob o comando de marechal Konev, e do 38º exército do 4º Front Ucraniano, do coronel-general Petrov, libertaram os prisioneiros de Auschwitz. Este campo viu mais de 1,1 milhão de pessoas serem assassinadas, na maior parte judeus, mas também outros povos, como os ciganos, que também eram considerados indignos pelo nazi-fascismo.
Embora
existissem outros campos,
como Ravensbrück, Dachau, Buchenwald e Mauthausen, Auschwitz é o
mais lembrado, por conta do tempo, que em seu curto percurso,
conseguiu ser mais atroz em Birkenau do que nos outros lugares.
As
atrocidades eram desmedidas mesmo sem a execução, a exploração
total da mão-de-obra desses prisioneiros deixaria marcas profundas
e irreversíveis. Esses complexos eram feitos também para gerar o
máximo de lucro possível, até mesmo com os dentes de ouro, cabelos
e a própria pele humana. Tudo era transformado em dinheiro para o
financiamento daquela guerra. A prova disto é a própria estrutura
de Auschwitz, por exemplo.
Em
Auschwitz I, eram encarcerados apenas os presos políticos. Já em
Auschwitz II, encontravam-se as barracas dos prisioneiros “impuros”,
bem como,
as câmaras de gás e os crematórios. E em Auschwitz III
encontravam-se as indústrias, como a I.G Farben, a empresa que
produzia o gás Zylon-B,
que era usado nas câmaras de gás. Além dos próprios resquícios,
imortalizados até hoje no Museu, daquilo que retiravam dos judeus,
como seus sapatos e cabelos.
É
interessante ressaltar que mesmo após a libertação do campo, houve
relutância em se admitir que havia acontecido um genocídio naquele
lugar. Mesmo aqueles que moravam próximos à Oswiecim, nome original
polonês de Auschwitz, diziam jamais ter sentido cheiro algum incomum
e forte, bem como nenhum resquício de fumaças pretas no ar. Era
difícil
acreditar
onde a atrocidade humana havia chegado.
Então,
o Holocausto só foi verdadeiramente reconhecido quando os processos
de Auschwitz, realizados em Frankfurt entre 1963 e 1965 começaram.
E,
com isto, as reproduções do caos passaram a se tornar presentes, e
em certa medida, necessárias. Para que as gerações novas soubessem
o que havia ocorrido ali de forma brutal e como aquilo jamais deveria
ocorrer novamente, já que,
como
mencionado,
houve
um tempo em que se preferiu “esquecer”, ou ainda, “não
acreditar” no que havia se passado na Alemanha.
Portanto,
estes 70 anos marcam muito mais do
que
a libertação daqueles sobreviventes,
mas a memória viva de onde o ser humano pode chegar, e de que
tamanha barbárie deve ser evitada e combatida. Seja através de
programas de formação de policiais para identificar e combater
crimes de ódio, como atualmente são oferecidos em Oswiecin, bem
como eventos internacionais relembrando a data, como à ocorrida no
último dia 27 de janeiro deste ano, nas terras de Auschwitz II,
reunindo milhares de sobreviventes octogenários, líderes de Estado
e entre outras personalidades internacionais. Os discursos ali
proferidos foram marcados pelo apelo de que a nova geração jamais
se esqueça de Auschwitz e dos horrores da guerra.
Outro
ponto marcante do evento, e em certa medida contraditória, foi a
ausência do presidente russo Vladimir Putin, que embora tenha
enviado seu chefe de gabinete, Serguei Ivanov, causou certa tensão
entre os líderes de Estado, tendo em vista, as medidas políticas
que o país tem adotado e a própria guerra civil na Ucrânia, por
conta dos separatistas. Sua ausência,
então,
sucinta contraditoriamente a celebração da libertação do
extremismo do nazi-fascismo, e ainda vai além, pairando a dúvida de
quanto tênue seria a linha extremista que marca a guerra civil na
Ucrânia e o que o que estava sendo combatido naquele evento.
REFERÊNCIAS
BRASIL,
BBC. Infográfico
Interativo: a vida na cidade que abrigava Auschwitz.
Disponível em:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2015/01/150127_clicavel_auschwitz_lab.
Acesso em 07 de fevereiro de 2015.
HOFMANN,
Sarah. Auschwitz
sintetiza horror de Holocausto em uma palavra. Deustch
Welle. Disponível em:
http://www.dw.de/auschwitz-sintetiza-horror-do-holocausto-em-uma-palavra/a-18217169.
Acesso em: 07 de fevereiro de 2015.
KOROLKOV,
Aleksandr. Os
70 anos de libertação dos prisioneiros de Auschwitz.
Gazeta Russa. Disponível em:
http://br.rbth.com/arte/2015/01/27/auschwitz_o_dia_da_libertacao_29185.html.
Acesso em: 07 de fevereiro de 2015.
WELLE,
Deustch. Em
Auschwitz, apelos para que o Holocausto não seja esquecido.
Disponível em:
http://www.dw.de/em-auschwitz-apelos-para-que-o-holocausto-n%C3%A3o-seja-esquecido/a-18219944.
Acesso em: 08 de fevereiro de 2015.
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