segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

O “fim” dos embargos econômicos sobre Cuba

João Neto Neves
Internacionalista formado pela UNAMA



        O embargo dos Estados Unidos em relação a Cuba começou a ser imposto em 1961, e consistia em uma interdição de cunho econômico, financeiro e comercial. Em 1999 o então presidente Bill Clinton, ampliou o embargo, proibindo as empresas estadunidenses de manterem filiais que comercializassem com Cuba, em valores maiores que 700 milhões dólares anuais.
       O que originou o embargo foi a relação estreita que Cuba mantinha com a extinta União Soviética. Depois do ápice da Guerra Fria, conhecido como a Crise dos Mísseis, Kennedy criou restrições para viagens de estadunidenses à ilha caribenha, em 1963. Em 79 essa suspensão das viagens para Cuba não foi renovada, ato que deveria ser feito de 6 em 6 meses, pelo presidente Jimmy Carter. Mas em 1982, Ronald Reagan reinstaurou a suspensão das viagens. 
        Apesar de Cuba sofrer por décadas com os embargos norte-americanos, o início do fim do embargo econômico dos EUA foi confirmado em 17 de Dezembro de 2014. A negociação para a reaproximação diplomática teve mediação do Canadá e do Papa Francisco, durante 18 meses. Depois de mais de cinco décadas de rompimento, Estados Unidos e Cuba procuram reatar relações diplomáticas. Os EUA já divulgaram que nos próximos meses reabrirão a embaixada estadunidense em Havana.
       
       Obama, em discurso, disse que o embargo foi um fracasso. A barreira que existia nas negociações entre as duas partes vem diminuindo, motivado pelo cenário que não colabora mais com a manutenção do embargo. Membros do alto escalão dos EUA, como John Kerry, provavelmente visitarão a ilha caribenha e o alto escalão cubano também farão visitas ao país da América do Norte. Em relação ao turismo, ele será facilitado pelo governo dos EUA, podendo ter o maior fluxo de estadunidenses por ano.
        Mas, o presidente norte-americano deixou bem claro que não tem poder para pôr fim ao embargo econômico. Para isso, necessita-se de votação no Congresso dos EUA. Lembrando que a partir de janeiro de 2015, o partido republicano terá maioria no Congresso e isso poderá dificultar o fim do embargo. Com isso, em curto prazo, não existe a perspectiva de um fim definitivo das sanções contra Cuba. Além dos republicanos, Obama terá que lidar com o “fogo amigo”, pois muitos democratas também são contra essa mudança nas relações com o Estado cubano. 
        Não se pode esquecer que não é a primeira vez que um governo dos Estados Unidos mantém relações com um governo ditatorial, como exemplos, temos: a Arábia Saudita, Egito e China. 
         Sendo assim, cabe esperar para conhecer o futuro das negociações atuais entre os EUA e Cuba. O certo é que as relações internacionais são dinâmicas e repletas de mudanças. Isso influencia as identidades dos agentes, tornando possível que uma dada realidade se transforme mais adiante. O tema dos embargos sobre Cuba (e o fim deles) é relevante, portanto, vale a pena acompanhar.


Um comentário: