segunda-feira, 1 de setembro de 2014

A repercussão do Grupo Estado Islâmico no Sistema Internacional

Thiago Corrêa
Acadêmico do 6º semestre de Relações Internacionais
O conceito de Terrorismo utilizado pelas organizações internacionais é classificado por atos de violência física ou psicológica os quais são guiados através de ataques a um governo ou à população por este governada de modo a incutir medo/terror as suas vítimas.
Este tipo de violência pode ser praticado por uma enorme gama de instituições dispostas a alcançarem seus objetivos, o que torna a caracterização do terrorismo mais complexa. Isto é bem exemplificado pelo historiador e cientista político Walter Laqueur em seu livro A History of Terrorism na seguinte frase: “Nenhuma definição pode abarcar todas as variedades do terrorismo que existiram ao longo da história”.
Atualmente, os casos mais famosos e perigosos dessa natureza provêm de grupos os quais utilizam a violência por motivos étnicos e/ou religiosos e muitas organizações com essas características já são consideradas como grupos terroristas internacionais pela Organização das Nações Unidas (ONU), pela mídia ocidental e também pelos meios de comunicação de sua área de origem. É o caso do Estado Islâmico do Iraque e da Síria (EIIS - em inglês: Islamic State in Iraq and the Levant - ISIL), um grupo islâmico que alega possuir autoridade religiosa sobre todos os Estados muçulmanos do mundo e que agora é conhecido simplesmente como Estado Islâmico (EI), além de tentar tomar o controle de várias áreas de maioria muçulmana dentre as quais estão Israel, Palestina, Jordânia, Líbano e outros.
O EI é um grupo jihadista, ou seja, luta a favor de uma fé perfeita segundo os conceitos de “empenho” e “esforço” que a palavra “jihad” denota dentro da religião islâmica. Antes formado por vários grupos terroristas insurgentes como o Al-Qaeda, o Estado Islâmico ganhou força com a criação de um Califado – forma islâmica de governo que prega a união da liderança política do mundo islâmico representada pelo seu chefe de estado, o Califa, um sucessor à autoridade política de Maomé.
 A força para a criação deste Estado – proclamado separado da Síria e do Iraque em janeiro de 2014 – veio principalmente da participação deste grupo na guerra civil da Síria e das denúncias de discriminação contra árabes sunitas desde a morte de Saddam Hussein.
Atualmente, esse Califado governado por Abu Bakr Al-Baghdadi, tem obrigado as pessoas que vivem nas áreas que controla a se converterem ao islamismo, sujeitando-as a torturas, mutilações e à pena de morte caso se recusem a ceder.
O EI possui pelo menos quatro mil combatentes no Iraque e já assumiu a autoria de ataques a alvos militares e do governo, bem como a morte de milhares de civis, principalmente muçulmanos xiitas, assírios e cristãos. O grupo é tão violento, que até mesmo o Al-Qaeda cortou qualquer tipo de relação com este alegando intratabilidade, violência extrema e brutalidade desnecessárias.
O que isso tudo tem causado no Sistema Internacional? Em primeiro lugar, parte da responsabilidade recai sobre os Estados Unidos, país que invadiu o Iraque em 2003 causando uma confusão cujas escalas ainda não foram completamente mensuradas, como a insurreição ao regime na Síria apoiada pelo governo de Obama mais recentemente, o que permitiu a ascensão de grupos mais extremistas que acabaram por tomar o território. O Secretário de Defesa norte-americano Chuck Hagel reconhece a força e motivação política do EI, as quais são alimentadas por um fanatismo religioso sem limites aliado a poderosas táticas e estratégias.
Como impedir um grupo que vem avançando sobre cidades da Síria e do Iraque e tomando-as para si? Como assegurar a integridade física de milhares de pessoas as quais têm sido subjugadas por este que não seria um grupo terrorista segundo Hagel, mas um projeto de Estado com armas sofisticadas, uma ideologia totalitária e recursos abundantes provenientes de ajuda externa?
Já há apoio para uma intervenção militar controlada na área e muitos indícios de que o mundo ocidental corre riscos, tendo em vista que recentemente o Rei da Arábia Saudita alertou o mundo de que se nenhuma atitude for tomada o ocidente será o próximo alvo do EI, pois o terrorismo não possui fronteiras.  Como exemplo disso, um vídeo no qual um jornalista americano é executado foi divulgado pelo EI há pouco tempo.
O primeiro-ministro David Cameron declarou que o Estado Islâmico é a maior ameaça já enfrentada pelo Reino Unido e alegou ser altamente provável que haja tentativas de atentados terroristas em território britânico. Numa tentativa de aconselhar um fim à tamanha barbárie sem incentivar ainda mais violência, o Papa Francisco declarou que “(...) é lícito deter o agressor injusto. (...) Eu não estou dizendo que bombardeiem ou façam a guerra, mas apenas detenham”, disse o papa defendendo que esta decisão deveria ser feita pela comunidade internacional.
Essa parece mesmo ser a saída. Só nos resta esperar que esta guerra não tome proporções mundiais.

REFERÊNCIAS 

O ocidente é o próximo alvo do estado islâmico, afirma rei saudita
Choque das civilizações - O Estado Islâmico
Como estado islâmico se tornou mais pergoso que Al-Qaed
Conflito envolvendo o estado islâmico na síria e no Iraque
Financiamento Estado do Islâmico

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