Thiago Corrêa
Acadêmico
do 6º semestre de Relações Internacionais
O conceito de Terrorismo utilizado
pelas organizações internacionais é classificado por atos de violência física
ou psicológica os quais são guiados através de ataques a um governo ou à
população por este governada de modo a incutir medo/terror as suas vítimas.
Este tipo de violência pode ser praticado por uma enorme
gama de instituições dispostas a alcançarem seus objetivos, o que torna a
caracterização do terrorismo mais complexa. Isto é bem exemplificado pelo
historiador e cientista político Walter Laqueur em seu livro A
History of Terrorism na seguinte frase: “Nenhuma definição pode abarcar
todas as variedades do terrorismo que existiram ao longo da história”.
Atualmente, os casos mais famosos e perigosos dessa natureza
provêm de grupos os quais utilizam a violência por motivos étnicos e/ou
religiosos e muitas organizações com essas características já são consideradas
como grupos terroristas internacionais pela Organização das Nações Unidas (ONU), pela mídia ocidental e também
pelos meios de comunicação de sua área de origem. É o caso do Estado Islâmico
do Iraque e da Síria (EIIS - em inglês: Islamic State in Iraq and the Levant - ISIL), um grupo islâmico que alega possuir autoridade
religiosa sobre todos os Estados muçulmanos do mundo e que agora é conhecido
simplesmente como Estado Islâmico (EI),
além de tentar tomar o controle de várias áreas de maioria muçulmana dentre as
quais estão Israel, Palestina, Jordânia, Líbano e outros.
O EI é um grupo jihadista, ou seja, luta a favor de uma fé
perfeita segundo os conceitos de “empenho” e “esforço” que a palavra “jihad”
denota dentro da religião islâmica. Antes formado por vários grupos terroristas
insurgentes como o Al-Qaeda, o Estado Islâmico ganhou força com a criação de um
Califado – forma islâmica de governo que prega a união da liderança política do
mundo islâmico representada pelo seu chefe de estado, o Califa, um sucessor à
autoridade política de Maomé.
A força para a
criação deste Estado – proclamado separado da Síria e do Iraque em janeiro de
2014 – veio principalmente da participação deste grupo na guerra civil da Síria
e das denúncias de discriminação contra árabes sunitas desde a morte de Saddam
Hussein.
Atualmente, esse Califado governado por Abu Bakr Al-Baghdadi, tem obrigado as pessoas que
vivem nas áreas que controla a se converterem ao islamismo, sujeitando-as a
torturas, mutilações e à pena de morte caso se recusem a ceder.
O EI possui pelo menos quatro mil
combatentes no Iraque e já assumiu a autoria de ataques a alvos militares e do
governo, bem como a morte de milhares de civis, principalmente muçulmanos
xiitas, assírios e cristãos. O grupo é tão violento, que até mesmo o Al-Qaeda
cortou qualquer tipo de relação com este alegando intratabilidade, violência extrema
e brutalidade desnecessárias.
O que isso tudo tem causado no Sistema
Internacional? Em primeiro lugar, parte da responsabilidade recai sobre os
Estados Unidos, país que invadiu o Iraque em 2003 causando uma confusão cujas
escalas ainda não foram completamente mensuradas, como a insurreição ao regime
na Síria apoiada pelo governo de Obama mais recentemente, o que permitiu a
ascensão de grupos mais extremistas que acabaram por tomar o território. O
Secretário de Defesa norte-americano Chuck Hagel reconhece a força e motivação
política do EI, as quais são alimentadas por um fanatismo religioso sem limites
aliado a poderosas táticas e estratégias.
Como impedir um grupo que vem avançando
sobre cidades da Síria e do Iraque e tomando-as para si? Como assegurar a
integridade física de milhares de pessoas as quais têm sido subjugadas por este
que não seria um grupo terrorista segundo Hagel, mas um projeto de Estado com
armas sofisticadas, uma ideologia totalitária e recursos abundantes
provenientes de ajuda externa?
Já há apoio para uma intervenção militar
controlada na área e muitos indícios de que o mundo ocidental corre riscos,
tendo em vista que recentemente o Rei da Arábia Saudita alertou o mundo de que
se nenhuma atitude for tomada o ocidente será o próximo alvo do EI, pois o
terrorismo não possui fronteiras. Como
exemplo disso, um vídeo no qual um jornalista americano é executado foi
divulgado pelo EI há pouco tempo.
O primeiro-ministro David Cameron declarou
que o Estado Islâmico é a maior ameaça já enfrentada pelo Reino Unido e alegou
ser altamente provável que haja tentativas de atentados terroristas em
território britânico. Numa tentativa de aconselhar um fim à tamanha barbárie
sem incentivar ainda mais violência, o Papa Francisco declarou que “(...) é
lícito deter o agressor injusto. (...) Eu não estou dizendo que bombardeiem
ou façam a guerra, mas apenas detenham”, disse o papa defendendo que esta
decisão deveria ser feita pela comunidade internacional.
Essa parece mesmo ser a saída. Só nos resta
esperar que esta guerra não tome proporções mundiais.
REFERÊNCIAS
O ocidente é o próximo alvo
do estado islâmico, afirma rei saudita
http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticia/2014/08/ocidente-e-proximo-alvo-do-estado-islamico-afirma-rei-saudita-4587350.html acesso em 31 de Agosto de 2014
Choque das civilizações - O
Estado Islâmico
http://www.publico.pt/mundo/noticia/choque-das-civilizacoes-o-estado-islamico-1667888 acesso em 31 de Agosto de 2014.
Como estado islâmico se tornou
mais pergoso que Al-Qaed
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/08/140812_iraque_estado_islamico_dg.shtml acesso em 31 de Agosto de 2014.
Conflito envolvendo o estado
islâmico na síria e no Iraque
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/08/entenda-o-conflito-envolvendo-o-estado-islamico-na-siria-e-no-iraque.html acesso em 31 de Agosto de 2014.
Financiamento Estado do Islâmico
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/08/140825_financiamento_estado_islamico_lgb.shtml acesso em 31 de Agosto de 2014.
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