quarta-feira, 10 de setembro de 2014

A Participação Política como um Instrumento de Transformação da Realidade Social

Mathaus Viana
Acadêmico do 2° semestre de Relações Internacionais da UNAMA

A atual realidade política que o Brasil vive não favorece o desenvolvimento social do país. Um dos obstáculos que permite a estagnação é a falta de “consciência política” dos cidadãos. Há ainda indivíduos que não querem ou não se importam com a participação política. A verdade é que ela está inserida em todos os meandros do cotidiano humano.
Aristóteles pensava o Homem como um “animal político”. Distinguia, portanto, o conceito de Homem em sua finalidade biológica, natural (selvagem), e o ser humano dotado de capacidade e necessidade de viver em sociedade, de praticar a linguagem e contribuir para se chegar ao bem comum (metas). O Homem político é aquele que contribui em âmbito da Pólis (cidade), sociedade. Portanto, aquele que se dedica a exercer poder e participação social ativa.
Para AGAMBEN (p.10, 2007), “a política humana é distinguida daquela dos outros viventes porque é fundada através de um suplemento de politização que é a linguagem”. Segundo o filósofo italiano, influenciado por Foucault, o que faz o Homem capaz de se tornar um ser político é a aptidão discursiva, e a competência para transformar a fala e o discurso em ações concretas e sociais.
Assim, consciência política pode ser interpretada como a compreensão que se tem da própria existência e do papel que cada ser, capaz de produzir raciocínio, tem em relação às construções sociais. Pode ser considerada o primórdio da cidadania. Cada cidadão deve conhecer seus direitos civis e políticos para que sua participação cresça de maneira favorável ao país. Uma boa educação cidadã é essencial, porém, no Brasil, há debilidades educacionais que provocam falhas no trato à cidadania. Desenvolver uma visão crítica é de extrema importância na vida do indivíduo. Desta forma, ele adere os valores democráticos e à participação política, que estão diretamente interligados.
O Brasil vive em uma democracia indireta, ou seja, representantes são escolhidos por meio de voto para representar a vontade geral. No papel de eleitor, as pessoas têm a obrigação de fiscalizar as ações dos candidatos em que depositam seus votos. A votação não necessariamente significa que o “cidadão” está contribuindo de maneira efetiva para a sociedade, pois o voto é apenas o responsável pela escolha de quem a conduzirá. Por isso, Não pode ocorrer de maneira aleatória.
Cada eleitor deveria colocar no poder o candidato que representa a expressão das vontades da sociedade. Esta ideia é esclarecida pelo filósofo e teórico político Jean J. Rousseau em seu livro Do Contrato Social na seguinte frase: “Cada um de nós coloca em comum a sua pessoa e todo o seu poder sob a suprema direção da vontade geral”, ou seja, cada indivíduo abre mão de seus interesses individuais para um bem comum. Se o candidato e o eleitor não atenderem esses interesses, a ideia de harmonia social é enfraquecida.
No mês em que se comemora a Independência do Brasil – 7 de setembro – enquanto evidenciamos a nossa autonomia, deveríamos, ao mesmo tempo, parar para refletir se estamos contribuindo para construir uma nação melhor. É necessário que pensemos na importância da participação social consciente, pois esta é uma forma de cumprir com papel de cidadão. Isso significa que precisamos participar constantemente, isto é, acompanhar se os planos estão sendo alcançados, nos informar, debater e claro, compreender que dessa maneira, aos poucos, a realidade social muda.



REFERÊNCIAS:
AGAMBEN, Giorgio. Homo Sacer: o poder soberano e a vida nua I. Belo Horizonte: UFMG, 2007.
CHEVALLIER, Jean. As grandes obras políticas de Maquiavel a nossos dias. 6° edição. Rio de janeiro. Agir, 1993. P. 166.
GASPARETTO, Antonio. Consciência política. Disponível em: http://www.infoescola.com/educacao/consciencia-politica/. Acesso em 02 de setembro de 2014.
PEREIRA, Rafael. Consciência política. Disponível em: http://www.midiaindependente.org/pt/red/2006/07/358385.shtml. Acesso em: 01 de setembro de 2014.
RAFAEL, Carlos. Consciência política. Disponível em: http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/consciencia-politica-sera-que-as-pessoas-entendem-mesmo-o-que-isso-significa/65272/.Acesso em 01 de setembro de 2014.



2 comentários:

  1. Muito bom o texto explica tudo sobre a atual situação política do Brasil...

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  2. Concordo, muito bom.

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