João Neto
Internacionalista formado pela Universidade da Amazônia –
UNAMA
O presente texto será baseado no Soft Power, termo cunhado
pelo célebre pensador e teórico, Joseph Nye, da Universidade de Harvard,
argumentando que há um padrão ou mesmo teoria nítida no campo das relações internacionais.
Atesta que existe um “poder suave”, caracterizado por elementos como cultura e
mídia. Um dos mecanismos para a prática do Soft Power é o esporte, que possui uma
capacidade imensa de poder atrativo.
Segundo Nye (p. 76, 2010), “em determinadas situações na
política mundial, é tão importante estabelecer a pauta e atrair os outros, como
forçá-los a mudar”. Assim, o significado de poder é, de certa forma, deslocado
daquela definição usual feita pelos realistas, e abrange não só aspectos
bélico-militares, mas também questões culturais. Neste sentido, é pertinente
“seduzir” os atores, e não necessariamente obrigá-los a agirem de modo que se
queira que ajam.
Nos últimos anos temos acompanhado
um período conturbado entre os Estados Unidos e o Irã, tendo como motivo a
pesquisa nuclear iraniana, que preocupa a sociedade internacional. As
negociações vêm acontecendo, depois que Hassan Rouhani foi eleito no Irã. Contudo,
extremistas dos dois países criam obstáculos que dificultam um possível consenso
nas relações entre os Estados.
Nesse momento aparece o esporte, mais especificamente o
vôlei, como Soft Power. Em preparação para o Campeonato Mundial Masculino, que
será realizado na Polônia, a seleção iraniana esteve nos Estados Unidos para
quatro amistosos. Parece pouco, mas para países que vivem constantemente em
conflito diplomático, é um passo importante para o apaziguamento das relações.
Esses
jogos amistosos foram programados pelas duas federações. O Departamento de
Estado dos EUA auxiliou na organização das partidas no âmbito da política de
“diplomacia esportiva”. Esses pequenos atos acabam sendo uma grande
oportunidade para promover o intercâmbio entre os dois povos, e faz parte do
esforço das duas partes para a troca entre as sociedades civis no âmbito das
artes, cultura, educação e esportes.
Essas
partidas podem contribuir para difundir a comunicação e troca de informações
entre as partes. Desta forma, estadunidenses e iranianos começariam a perceber que
nem todos os iranianos são fanáticos obcecados em destruir os Estados Unidos e
nem todos os norte-americanos são enviados pelo Grande Satã. A ligação entre as
sociedades, que hoje inexiste fora da grande diáspora iraniana para os EUA,
pode servir, assim, para conter o ímpeto sabotador dos setores extremistas nos
dois países.
Essa tentativa de estreitar a
relação entre os dois Estados, por meio do Soft Power, ainda é bastante tímida,
mas já é um alento para quem há pouco tempo vivia na expectativa de um conflito
bélico. Cabe agora esperar e verificar o quanto a interdependência complexa e a
anarquia do sistema internacional influenciarão as ações de cada ator. É
necessário que saibam lidar com esses aspectos sistêmicos e agirem de modo a
maximizar seus ganhos absolutos, sem que haja a necessidade de conflito.
Referência:
NYE,
Joseph S. Jr. Cooperação e Conflito nas
Relações Internacionais: uma leitura
essencial para entender as principais questões da política mundial. Rio de
Janeiro: Gente, 2010.
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