domingo, 7 de setembro de 2014

As Atuais Estratégias de Inserção do Brasil no Sistema Internacional

Neila Sousa
Acadêmica do 4º semestre de Relações Internacionais da Unama

As discussões a respeito do andamento da política externa brasileira se expandiram bastante nos últimos anos em diversas áreas do conhecimento. E, a partir disto, especialistas emitem opiniões a favor ou contra o atual governo. No que se refere ao progresso do grupo petista, o qual gerou grandes perspectivas em relação ao combate ao neoliberalismo, procurando se desvincular dos ideais deixados pelo governo anterior na tentativa de criar estratégias inovadoras.
As divergentes avaliações que surgem acerca da atual política externa brasileira, decorrem de três maneiras: A partir da visão dos opositores, dos defensores e dos observadores apartidários. As duas primeiras são sempre muito bem analisadas por meio das redes sociais e outros meios de comunicação, já a ultima é analisada de forma mais equilibrada entre erros e acertos da política externa atual com o intuito de orienta-la em seu prosseguimento.
Para que possamos compreender a postura do governo Lula e Dilma diante da política externa brasileira, é importante analisar também, os inúmeros discursos e publicações de artigos relacionados ao tema. Em seu primeiro discurso após ter sido eleito, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu dar mais atenção aos problemas sociais, enquanto na política externa, propôs a expansão do Brasil a partir da sua integração com os países vizinhos, através do MERCOSUL, principalmente.
O objetivo era intensificar a identidade histórica, social e cultural do continente latino americano, acreditando que estes pontos são essenciais para a sua normatização. E claro, potencializar a participação do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU), ressaltando a importância de defender os interesses nacionais do país, no Sistema Internacional por meio das relações multilaterais, o qual também seria um meio para o Estado se desenvolver, sem deixar de lado a importância de expandir suas ações diplomáticas com países desenvolvidos, inclusive com os EUA.
Porém, o que mais chama a atenção é o interesse em aumentar os laços diplomáticos com países que estão em desenvolvimento como é o caso da África, partindo do pressuposto de que suas afinidades culturais, históricas e geográficas são semelhantes.
E, a partir deste discurso, é possível combater as falhas existentes no Sistema Internacional entre Estados desenvolvidos e subdesenvolvidos. Sendo mais evidente quando se trata do Conselho de Segurança da ONU, onde os países representantes são apenas as grandes potências: Estados Unidos, França, Inglaterra, China e Rússia.
Estabelecer relações com os países em desenvolvimento, que tenham interesses em comum com o Brasil, é uma estratégia para que haja uma reforma no Conselho de Segurança da ONU. No seu objetivo geral citada na Carta de São Francisco, as Nações Unidas propõem a igualdade entre os Estados no cenário internacional, como citado abaixo:
Nós, os povos das Nações Unidas, decididos: ... a reafirmar a nossa fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor da pessoa humana, na igualdade de direitos dos homens e das mulheres, assim como das nações, grandes e pequenas...”
Mas pelo que se pode perceber, há uma grande disparidade neste propósito, onde as regras do jogo são definidas por um pequeno grupo que dominam a organização e, por tais motivos, fortalecer as relações Sul-Sul é relevante. Além disso, expandir o comércio exterior do país para Estados com economia semelhante a do Brasil, não passa de uma tática econômica que contribui para aumentar as eficiências de barganhas entre países do Sul no decorrer das negociações em organismos multilaterais, tendo como exemplo a luta contra os financiamentos agrícolas, na Organização Mundial do Comércio (OMC), por exemplo.
É notável que durante esta gestão, o Brasil ganhou mais visibilidade no Sistema Internacional através da criação da Comunidade Sul-Americana de Nações, no que por sua vez, houve a inclusão de países árabes e africanos, além de outros países em desenvolvimento, sem contar o fortalecimento do MERCOSUL.
Através da visão de Antônio Gramsci, teórico crítico de Relações Internacionais, pode-se perceber que a proposta de inserção internacional do PT, é contestar os mecanismos estruturais impostos pelas grandes hegemonias, na tentativa de remodelar a geografia econômica global e, uma das tentativas é através da relação Sul-Sul, que junto a OMC, tenta quebrar o protecionismo Europeu, sem cortar suas relações com os atores hegemônicos.
Diante disso, procura-se manter diálogos políticos por intermédio das estratégias institucionais internacionais como o IBAS, BRICS e BASIC e como se sabe o governo Dilma veio na tentativa de continuar a gestão do ex-presidente Lula, que tem se mantido firmemente e que inclusive está sendo possível aprofundar cada vez mais na continuação da gestão.


REFERÊNCIAS

Diplomacia brasileira sob Dilma e Patriota muda de estilo, mas mantém essência, Opera Mundi. Disponível em: http://operamundi.uol.com.br/conteudo/reportagens/26165/diplomacia+brasileira+sob+dilma+e+patriota+muda+de+estilo+mas+mantem+essencia.shtml%20 Acesso em 4 de setembro de 2014.

Carta de São Francisco, Gabinete de Documentação e Direito Comparado. Disponível em: http://www.gddc.pt/direitos-humanos/textos-internacionais-dh/tidhuniversais/onu-carta.html Acesso em 3 de Setembro de 2014.
Mapa, Dhiego de Moura. Inserção Internacional no Governo Lula:

interpretações divergentes, Uiversidade Estadual do Rio de Janeiro. Pag. 34 à 79. 

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