Bianca Macedo
Acadêmica do 4° semestre de Relações
Internacionais da UNAMA
Será realizada nesta
quarta-feira, dia 24, a 69º sessão da Assembleia Geral da Organização Nações
Unidas (ONU), a qual merece destaque por ser a única ocasião em que todos os 193
Estados-membros das Nações Unidas estarão presentes para discutir todas as
questões que interessam à comunidade internacional.
Primeiramente,
faz-se necessário compreender as competências atribuídas à Assembleia Geral,
que é considerada um verdadeiro “parlamento da humanidade”, sendo utilizada
como um fórum para a negociação multilateral.
Trata-se
também do principal órgão deliberativo das Nações Unidas, e ao qual todas as
outras agências estão relacionadas, sendo plenário, onde todos os seus
Estados-membros têm representação permanente e direito à um voto individual e
unitário, o que garante o princípio da igualdade soberana entre os Estados,
citada no Art.º 2 da Carta de S. Francisco.
É
legítimo que a Assembleia tenha o direito de opinar nos mais variados temas
pertinentes às relações internacionais, desde a promoção dos direitos humanos,
passando por questões administrativas e orçamentárias, à temas relacionados à
paz e segurança. Opinando, por meio de recomendações, estas normalmente de
caráter substantivos, e decisões que são relativas a procedimentos, como as
decisões quanto ao orçamento da ONU que criam a obrigatoriedade de cumprimento
dos Estados.
Para
o cumprimento de suas funções, a Assembleia divide sua agenda em seis comissões
principais. A I Comissão trata do desarmamento e da não proliferação de armas
atômicas – durante a Guerra Fria, em meio a ameaça constante de um confronto
nuclear, foi de fundamental importância. A II Comissão lida com temas
econômicos e financeiros, abordando também assuntos ambientais, sendo um
importante instrumento aos países menos desenvolvidos.
A III
Comissão trata de diretos humanos, questões humanitárias e culturais. A IV é a
comissão para política e descolonização, abrangendo outros temas, mas seu foco
principal é tratar das missões de paz, descolonização e conflitos no Oriente
Médio. A V é responsável pelas questões administrativas, orçamentárias e
financeiras da ONU, e a VI e última comissão é o órgão que trata de temas
jurídicos.
Assim,
todos os projetos a serem aprovados passam primeiramente pelas comissões,
depois seguem para serem votados pelo Plenário da Assembleia Geral.
Desde
a fundação das Nações Unidas, a cada ano, geralmente em setembro, acontece uma
nova sessão da Assembleia, com o intuito de permitir com que os Estados debatam
acerca dos temas das relações internacionais contemporâneas que estão contidos
na agenda da reunião.
É
a ocasião em que os Chefes de Estados ou o corpo diplomático o qual o
representa, irá discursar, anunciando as propostas acerca da política
internacional para o ano seguinte. Exemplo disto foi a 57ª debate geral da
Assembleia quando o presidente George Bush manifestou a intenção de invasão no
Iraque, o que veio a acontecer no ano seguinte.
Neste
ano ocorrerá a 69º sessão da Assembleia, e o tema a ser discutido será “Uma Agenda
pós-2015 Transformadora”. Segundo o novo presidente do órgão, Sam Kahamba Kutesa,
é necessário entregar e implementar uma nova agenda de desenvolvimento
pós-2015, que traga resultados relacionados à luta contra a fome e a pobreza, e
a promoção da melhoria de vida de todas as pessoas através do desenvolvimento
econômico sustentável.
A
nova agenda a ser discutida também inclui o desemprego persistente, os
conflitos armados e violentos, os sistemas de ensino inconstantes, a mudança
climática e o aumento do nível do mar. Além de outros assuntos que serão temas
de debates como o avanço dos direitos dos povos indígenas, igualdade do gênero,
a luta contra o Ebola e o reforço na cooperação entre a ONU e as organizações
regionais.
A
nova agenda a ser proposta na sessão vem em um momento decisivo. No próximo ano
expirará o prazo para o cumprimento dos Objetivos do Milênio, originados da
Declaração do Milênio, estipulados na sessão no ano de 2000, assim como
coincidirá com a comemoração dos 70 anos da organização.
Próximo
ao fim do prazo, os resultados dos objetivos do milênio mostraram-se
satisfatórios para a comunidade internacional, apesar de não ter alcançado sua
totalidade. A “Agenda pós-2015 Transformadora” mostra-se como a continuação
desse trabalho, com o intuito de maximizar os resultados dos oito objetivos do
milênio, que tem como proposta fundamental a promoção dos direitos básicos do
ser humano e melhor qualidade de vida, evidenciando o papel da Assembleia Geral
como berço das principais propostas que promovem o desenvolvimento social
mundial.
Referências:
SARDENBERG,
Ronaldo Mota. Brasil e as Nações Unidas. Brasília: FUNAG, 2013.
HOFFMANN,
Andrea Ribeiro; HERZ, Mônica. Organizações Internacionais. São Paulo: Campus
Elsevier, 2004.
ONU
BR. ‘Uma agenda pós-2015 transformadora’ é tema central nos debates da 69ª
sessão da Assembleia Geral. Disponível
em <http://www.onu.org.br/uma-agenda-pos-2015-transformadora-e-tema-central-nos-debates-da-69a-sessao-da-assembleia-geral/>
Acesso em 21 de setembro de 2014.
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