domingo, 28 de setembro de 2014

RESENHA: 11 de setembro: 11 minutos, 9 segundos e 1 imagens (2002)

Brenda de Castro
Internacionalista e Mestranda em Ciência Política (PPGCP/UFPA)


             O filme é formado por 11 curtas de diretores do mundo inteiro, cada um trazendo uma perspectiva sobre o atentado de 11 de setembro. Os diretores são Samira Makhmalbaf do Irã, Claude Lelouch da França, Youssef Chahine do Egito, Ken Loach do Reino Unido, Alejandro Gonzáles Iñárritu do México, Amos Gitai de Israel, Mira Nair da Índia, Seann Penn dos Estados Unidos e Shohei Imamura do Japão. 
       Deste modo, os curtas com a mesma duração de 11 minutos mostra como o 11 de setembro não foi um evento apenas local dos Estados Unidos, mas impactou muitas vidas e muitos países. No primeiro curta, do Irã, é possível vislumbrar em um pequeno vilarejo no coração do Oriente Médio em meio a uma olaria onde trabalham crianças e adultos quando a professora, em uma escola com situações precárias tenta passar para os alunos a importância do dia que viviam.
           

      Para aquelas crianças, sem televisão, sem nem sequer cadeiras para assistir aula, os eventos importantes do dia diziam respeito a alguém que havia caído no poço, pequenos eventos locais. Mas a professora chama atenção para o atentado terrorista do 11 de setembro e tenta explicar a importância do fato para eles e como aquilo poderia afetar suas vidas, ainda que as crianças relutem em entender ou levar a sério. Ela consegue aproximar o fato de suas vidas apenas com a analogia de uma chaminé, ponto mais alto dali, com as torres.
       O curta traz a discussão de alguns efeitos da globalização. Da relação do local com o global e ainda as desigualdades entre as regiões.
      Os demais curtas também fogem do óbvio ao abordar muitas vezes o evento de um ponto de vista pessoal como de um casal surdo e a possibilidade de estar totalmente fora da realidade do que se passava no momento, estando totalmente imerso em seus próprios problemas.


Há ainda abordagens mais políticas como no curta de Ken Loach onde fala de outro 11 de setembro, o do golpe militar no Chile em 1973. O locutor tece crítica à participação dos Estados Unidos como apoiador do golpe, como se estivesse propondo uma visão além do país como vítima, imagem muito consagrada por conta do atentado terrorista às torres gêmeas.
       Suscita a reflexão do emaranhado que são as relações internacionais, sem vítimas, heróis ou vilões, tudo dependendo de um ponto de vista e de um contexto.
        Entre os outros curtas ainda existe o bem humorado que traz adolescentes de Burkina Fasso em busca de Osama bin Laden e sonhando com a recompensa que poderiam ganhar. Merece destaque também o curta do diretor Alejandro González Iñárritu com abordagem minimalista, porém extremamente profunda e inquisidora. Variando entre a ausência de imagens, apenas vozes e flashes de cenas do World Trade Center, o diretor consegue provocar e instigar.
     O filme é uma compilação que vale a pena ser vista e revista, possibilitando sempre uma nova visão e um debate entre diferentes pontos de vistas. Propicia reflexões sobre o evento e seus desdobramentos desde a política mundial até mesmo nas vidas dos indivíduos.

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