sábado, 26 de abril de 2014

City in Cloud

Fernando Moreira
Acadêmico do 5º semestre de Relações Internacionais da Unama

 O desenvolvimento do processo tecnológico encontra-se em Lyotard que diz "parece que a incidência destas informações tecnológicas sobre o saber deva ser considerável. Ele é ou será afetado em suas principais funções: a pesquisa é ou será afetada em duas principais funções: a pesquisa e a transmissão de conhecimentos."

Estamos vivendo a maior onda dos últimos séculos, a computação em nuvem. Ela se espalha por todos os lados. Isso se dá pela sua forma de se fazer e pensar, que é evolutiva. E cresceu tanto que se tornou um mercado. Em 2011 gerou 40 bilhões de dólares e a estimativa é que em 2020 movimente cerca de 241 bilhões de dólares.
Cerca de 74% das empresas no mundo utilizam algum serviço em nuvem, o Cloud computing. Este é o armazenamento de dados compartilhados na rede, ou seja, servidores nas nuvens. Um termo chave para ele é o de "armazenamento de dados", que se refere a informações, as quais podemos distinguir em informações públicas e privadas.
Como afirma Toffler (1998), “o conhecimento e a informação são geradores de riqueza na nova conjuntura da tecnologia”. Podemos defini-la com base em lucros através da produção e também como forma de poder, onde se pode ver as informações confidenciais de um civil também como uma forma de expressar o poder.
Uma das funcionalidades da nuvem é o armazenamento de dados que encontramos em estrutura, a Iaas (Infrascture as a Service). Ela refere-se a uma parte do parque estrutural da nuvem, que tem três funcionalidades: o processamento e armazenamento de dados; a comunicação de outros serviços de computação; e também o volume.
Essa estrutura pode ser voltada para diferentes tipos de nuvens: A privada, exclusiva de uma única organização, onde somente pessoas especificas tem acesso livre. A comunitária, que se refere aos usuários que têm afinidade por determinado tipo de informações. As públicas, onde a infraestrutura da nuvem é de uso aberto ao publico. E, por fim a nuvem hibrida, que é mista. Ela é privada e pública ao mesmo tempo. Esta possui um controlador de acesso ao catalogo de informações armazenadas a fim de promover a preservação das identidades que ali estão confidenciadas. Podemos perceber muitos benefícios desta tecnologia: otimização de custos, segurança, integração tanto em uma escala micro, entre os cidadãos quanto macro, nas atividades do Estado.
Segundo Themoteo, "a Web exerceu influência sobre vários aspectos da atividade humana, modificando uns hábitos e criando outros tantos, criando novas profissões e extinguindo outras, influenciando também a política."
Assim chegamos ao objetivo que foi proposto este texto, as cidades digitais. Apesar de parecer ser uma realidade um tanto distante, cidades mundo a fora estão literalmente nas nuvens. Governos têm fomentado esforços na área de (TI) Tecnologia da Informação. E a área de (RI) Relações Internacionais visa promover a análise e as perspectivas desta interação do mundo da tecnologia nas relações internacionais, debaixo de uma ótica de que este desenvolvimento interno promove o desenvolvimento técnico na sociedade, passa a se organizar.
O mercado e a demanda mudam fazendo com que os serviços sejam mais qualificados, causando um efeito de dentro para fora, uma estrutura técnica, que bem fundamentada alcança novos horizontes além de suas fronteiras, isto é, o Spill-over (espalhar e transbordar), que produz a necessidade de criar novas demandas, tanto nos mesmos setores quanto em novos, gerando reações e respostas aos processos.  
E assim chegamos a Santander, na Espanha, considerada como uma cidade inteligente. O aplicativo SmartSantander promove aos cidadãos desta cidade qualidade de vida que vem das nuvens, como saber a localização do seu ônibus, a poluição do ar, o próximo taxi que irá passar a porta, dentre muitos outros serviços. Isto é fruto dos esforços do governo local em instalar mais de 12 mil sensores que captam as mais diversas informações.
O cadastro dos cidadãos nos serviços públicos são todos armazenados na nuvem, através de servidores. Os cofres públicos agradeceram, e o bolso dos cidadãos também, pois a disponibilidade de informações gerou mais economia na destinação de investimentos de ambos. A mobilidade urbana melhorou de forma significativa, e até mesmo interferiu em questões de desenvolvimento sustentável, pois a economia de água e melhor utilização de energia também melhoraram. A mesma passou a economizar em 25% o consumo de energia elétrica. E também os cidadãos passaram a ter mais poder de decisão política nos projetos do governo. Ou seja, a vida desta população foi transformada.
E ao falar de informações, falamos também de segurança, pois como já vimos, informações, nos dias de hoje, também são uma representação de poder. Por isso, Santander se destaca na criação de nuvem híbrida. As informações de seus cidadãos são sigilosas, estão ligadas intrinsecamente à identidade do individuo, ou seja, o governo de Santander tem total responsabilidade quanto a segurança das informações obtidas por seus cidadãos, vemos então a necessidade de um ator entre esses dois mundos, o virtual e o físico, ser o tutor dos parâmetros dessa realidade. A política também é um elemento preponderante para que o desenvolvimento ocorra.
Contudo, estar na nuvem não é mais um termo distante ou hilário, mas sim real e promissor, como diz WERTHEIM “Em contraste com nossos antepassados medievais, nós, ocidentais modernos, nos definimos por nossas formidáveis realizações materiais - nossos arranha céus, freeways e usinas elétricas - nossos automóveis, aviões e sondas interplanetárias. Nesta era fisicalista, navegamos o globo, pusemos homens na Lua, erradicamos a varíola, deciframos a estrutura do DNA, descobrimos partículas subatômicas, subjugamos a eletricidade e inventamos o microship. Todas estas são realizações extraordinárias, de que sem duvida podemos nos orgulhar.”
A conjuntura da humanidade passa por suas transformações antes em ótica transcendental espiritual, em função do meio, depois o meio pelo meio, e agora nos encontramos novamente no transcendentalismo, porém do ciberespaço. 

REFERÊNCIAS
TOFFLER, Alvin. Powershift: as mudanças do poder. Tradução: Luís Carlos do Nascimento Silva. 5ed. Rio de Janeiro: Recor, 1998.
LYOTARD, Jean-François. A condição pós-moderna. Tradução: Ricardo Corrêa Barbosa. 7 ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2002.
WERTHEIM, Margaret. Uma história do espaço de Dante à Internet; tradução Maria Luiza. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
THEMOTEO, Reinaldo J.Apresentação. Democracia Virtual. Rio de Janeiro: Fundação Konrad Adenauer, 2013. P. 7-10
National Institute of Standards and Technology. Cloud Computing. Disponível em: http://www.nist.gov/itl/cloud/index.cfm. Acessado em 21 abr. 2014
The City Fix Brasil. Conheça Santander a Cidade Inteligente. Disponível em: http://thecityfixbrasil.com/2013/07/11/conheca-santander-a-cidade-inteligente/. Acessado em 24 abr. 2014.
Exame. Com 12 mil sensores, cidade de Santander ganha inteligência. Disponível em: http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/com-12-mil-sensores-cidade-de-santander-ganha-inteligencia?page=2.  Acessado em 24 abr. 2014

Endeavour Brasil. Cloud Computing e Software as a Service. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=b7hjYnWGurg. Acessado em 24 abr. 2014.

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